domingo, 23 de setembro de 2007

O CHAMADO DO VELHO CHICO


De tanto ouvir a música Petrolina, Juazeiro, popularizada por Gonzagão, Alceu Valença, Dominguinhos e outros sanfoneiros e cantores populares nordestinos, não deu mais para resistir ao chamado do Velho Chico. Estava na hora de conhecer Petrolina, em Pernambuco e Juazeiro, na Bahia. Ver as águas azul-esverdeadas do rio São Francisco, a gigantesca barragem de Sobradinho em pleno sertão, as plantações
de frutas em áreas irrigadas a poucos quilômetros de terras tão áridas que só os bodes resistem foi uma valiosa descoberta do interior deste nordeste conhecido pelos brasileiros das outras regiões apenas por reportagens sobre secas, miséria ou festas populares.
* viagem feita em julho de 2000












No percurso entre o aeroporto e o hotel, Maria do Socorro, a taxista, forneceu as primeiras informações sobre a história, a economia e a realidade da região. Portos fluviais importantes desde o período colonial, quando o rio São Francisco era praticamente a única ligação entre as cidades ribeirinhas de Minas Gerais com as do Nordeste, Juazeiro e Petrolina sofreram com a concorrência das rodovias e ferrovias abertas no século 20. As represas construídas ao longo do rio foram outro duro golpe contra o transporte fluvial, reduzido a alguns trechos ainda navegáveis.


A inauguração da hidrelétrica de Sobradinho, em 1977, deu vida nova à economia regional. Foram construídos dutos de irrigação de até 15 quilômetros das margens do rio, abaixo da represa. Pela força da gravidade, a água canalizada passou a molhar a terra gretada. Os projetos agrícolas se multiplicaram. Agrônomos israelenses e espanhóis especializados no aproveitamento de terras desérticas foram contratados pelos empresários nordestinos, paulistas e gaúchos, e onde só havia cactos e arbustos resistentes a meses e meses sem chuva surgiram parreirais e plantações de frutas como o melão e a melancia, além de flores ornamentais. Colonos japoneses, italianos e até indonésios se juntaram aos sertanejos no trabalho das plantações. A exportação de boa parte da produção para os Estados Unidos e Europa exigiu a construção de um aeroporto capaz de receber aviões de grande porte em Petrolina. Vinícolas gaúchas como a Miolo passaram a produzir no Vale do São Francisco vinhos de excelente qualidade, como o espumante Terra Nova, colhendo de três a quatro safras de uva por ano.


Hoje Petrolina e Juazeiro são cidades com excelente infraestrutura, limpas e organizadas. Não falta trabalho, e a riqueza vinda da agricultura permitiu uma melhora visível na qualidade de vida da população. Nem parece estarem no meio do sertão nordestino, a 717 km de Recife e 520 de Salvador. Há uma intensa programação artística, com apresentações de grupos de forró vindos de toda região, e restaurantes de boa qualidade onde pratos típicos com carne de bode e de peixe surubim são apreciadíssimos. As ilhas e praias do rio completam as opções de lazer dos turistas e moradores .


PETROLINA, JUAZEIRO

Na margem do São Francisco
nasceu a beleza
e a natureza ela conservou
Jesus abençoou com sua mão divina
pra não morrer de saudade 
vou voltar pra Petrolina.

Do outro lado do rio
tem uma cidade
que na minha mocidade
eu visitava todo dia
atravessava a ponte, ai que alegria
chegava em Juazeiro,
Juazeiro na Bahia

Hoje eu me lembro 
que no tempo de criança
esquisito era a carranca
e o apito do trem
mas achava lindo
quando a ponte levantava
e o vapor passava
num gostoso vai e vem.

Petrolina, Juazeiro
Juazeiro, Petrolina,
todas duas eu acho uma coisa linda
eu gosto de Juazeiro
e adoro Petrolina.

Forró de Jorge de Altinho


PRA LÁ E PRA CÁ


Barcos de passageiros ligam Petrolina e Juazeiro.


PAISAGEM SERTANEJA







Nesta região, a poucos quilômetros de Juazeiro, foram gravadas novelas e filmes, como Eu, Tu, Eles. No cenário típico do agreste, os bodes estão em toda parte.













BARRAGEM DE SOBRADINHO












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