domingo, 25 de dezembro de 2011

EL CHACAL DE LA CABAÑA






Antiga fortaleza situada na entrada do porto de Havana, La Cabaña ficou conhecida como um local de torturas e fuzilamentos de opositores da revolução cubana, muitos deles ordenados por Che Guevara.


Um dos líderes da revolução cubana que começou na Sierra Maestra e na virada de 1958 para 1959 derrubou Fulgêncio Batista e sua ditadura servil aos Estados Unidos, Ernesto "Che" Guevara preferiu não se acomodar a um cargo no governo comandado por Fidel Castro e em 1965 seguiu para novas rebeliões, no Congo e na Bolívia. Acabou morto a tiros pelo exército boliviano em 1967, fiel à causa dos fracos e dos oprimidos, em todo o mundo.  Um herói, com sua boina adornada de uma estrela vermelha. O rebelde dos sonhos de todo jovem, década após década, mesmo que o regime cubano já esteja nos seus estertores.
Mas esta condição de ídolo intocável não é unânime. 
O  músico e compositor José Cónde, filho de um exilado cubano, nasceu e cresceu em Miami, onde absorveu não só a riquíssima música da ilha caribenha como todos os ritmos do caldeirão latinoamericano que convivem naquela região, afora o soul, o rythm and blues, o jazz e todos os estilos contemporâneos. Já gravou três discos com a sua banda, Ola Fresca, e um dos seus maiores sucessos é El Chacal, uma melodia baseada no clássico de Carlos Puebla "Hasta Siempre Comandante", homenagem a Che Guevara cantado como um hino entre os seus amiradores.
Só que a letra de Cónde revela uma faceta pouco conhecida do comandante: a de um chacal, animal carnívoro da família dos canídeos que durante o dia se esconde em cavernas ou na vegetação espessa e à noite sai em busca de animais mortos, base de sua alimentação.  Guevara é o chacal de La Cabaña,  a fortaleza de Havana para onde eram levados os prisioneiros do novo regime, muitos deles torturados até a morte ou fuzilados. "Como é que alguém que defendia a violência como forma de mudanças sociais pode ser idolatrado?", questiona ele.
Ouçam:



A letra de El Chacal de la Cabaña:

"Obligaron a ponerte
En historica altura
promovieron tu bravura
al mundo entero con tu muerte

Aqui se quedo tu cara
en camisetas y postales
no dicen todas las verdades
del Chacal de la Cabaña

Tu mano apreto tan furte
que sobre la historia dispara
un imagen desde Santa Clara
donde el poder te sedujo

Aristidio te siguio
hasta el dia que se cansó
Cuando te dijo que se iba
con una 32  usted lo silenció

Aqui de moda sigue tu cara
y aunque limpies la camisa hasta la entraña
no lava la sangre en las manos
del Chacal de la Cabaña

De La Cabaña fuistes el gerente
condenastes a miles al matadero
Mas te gustaba jugar guerrero
dispidiendo tu mismo los inocentes
Ahora a'y de moda está tu cara
a las mujeres que dejaste viudas le extraña
como puede estar en todos lados
el Chacal de la Cabaña

Fuistes heroe pa unos, y otros criminal
muchos conocen tu cara y causa ideal
pero por el sendero de la violencia nunca se podrá llegar
Tu passion te consumió y te covertistes en chacal

Aqui de moda está tu cara
en camisetas y postales
Y la gente no sabe las verdades
del Chacal de la Cabaña

Ya la historia ha comprovado
Que nos e gana paz con balas
En cualquier tiempo o situación
Lo que hace falta es compassión."


Os músicos estiveram entre as maiores vítimas da Cuba pós-revolucionária. Muitos dos que não conseguiram ou não puderam fugir do país ficaram desempregados e tiveram que mudar de profissão, já que os cabarés, restaurantes e bares onde trabalhavam,  frequentados por turistas estrangeiros, tiveram que fechar. Estes artistas, apesar de sua excelente qualidade profissional, também sofreram discriminação.  Na ânsia de extirpar todas as marcas do regime de Batista, até instrumentos musicais, como o saxofone, e ritmos, como o son cubano, foram proibidos no período pós-revolucionário. 
Alguns sobreviventes daquela época, como Eliades Ochoa, Compay Segundo, Ruben Gonzales e Ibrahim Ferrer, acabaram redescobertos quase 40 anos depois num trabalho de campo coordenado pelo músico Ry Cooder, que gravou com eles o histórico disco Buena Vista Social Club e o documentário  dirigido por Wim Wenders. 


A música El Chacal faz parte da coletânea Café Cubano, da gravadora Putumayo, excelente amostra da novíssima música cubana.



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

BALAIO DE GATOS

NATAL

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

DEUS, PARA SPINOSA

Se Deus tivesse falado:
“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti.
Baruch Spinoza.

 Bento de Spinoza, também Benedito Espinoza; em hebraico: ברוך שפינוזה, transl. Baruch Spinoza. Viveu de 24 de novembro de 1632, Amsterdã até 21 de fevereiro de 1677, Haia. Foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.

domingo, 11 de dezembro de 2011

FLAMBOYANT

terça-feira, 29 de novembro de 2011

MERGULHARES DO TEDUT, NO IMBÉ

ONDE O TÉDIO NÃO TEM VEZ



Petroleiros ancorados ao largo de Tramandaí e Imbé fazem parte do cenário de quem olha para o mar. Às vezes são seis, até oito navios, descarregando suas cargas, carregando ou esperando a vez de serem conectados a uma das duas monobóias, localizadas a quatro e a seis quilômetros da praia. Os navios - em média 22 por mês -  trazem petróleo para a Refinaria Alberto Pasqualini, em Esteio, ou nafta para a Brasken, no Pólo Petroquímico de Triunfo. Os produtos, bombeados pelos petroleiros, são  levados por oleodutos até enormes tanques do Terminal Almirante Soares Dutra, o Tedut, localizados em Osório, e depois até a refinaria. Às vezes os navios são carregados de gasolina e óleo diesel para a exportação. Aí o fluxo é inverso. A monobóia mais próxima da costa é usada para nafta e a mais distante para óleo.




Oitenta por cento dos petroleiros vêm do exterior. Os tripulantes são filipinos, indianos, coreanos, muitas vezes há semanas no mar. Ávidos por terra firme, são transportados até o trapiche da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em Imbé, por quatro lanchas, duas da Transpetro e duas terceirizadas  da empresa Mundial. De lá, confiando no seu inglês geralmente precário, os marinheiros vão às compras. Além de medicamentos, compram comida nos supermercados locais. "Fico impressionado com a quantidade de bolachas que levam a bordo, mas me chama a atenção como eles gostam de patas e asas de frango", conta Wanderlei Castanheira, Coordenador de Operações Marítimas do terminal.
As lanchas também transportam os funcionários da manutenção e os mergulhadores encarregados de verificar se as monobóias estão em boas condições para a amarração dos navios. A operação é feita cada vez que um navio chega para descarregar - quase um por dia. São 14 mergulhadores, para quem a rotina diária é enfrentar as águas geladas e quase sempre escuras do Atlântico Sul. Para eles, o tédio não existe.
O tédio também não faz parte da rotina dos mestres das embarcações que, todos os dias, saem da barra do rio Tramandaí e vão até as monobóias. O maior problema - além das ondas deste mar muitas vezes bravio, que ultrapassam os dois metros e meio, obrigando a paralisação das navegação - é o canal. Por falta de molhes, cuja construção foi embargada depois de estudos do Instituto de Pesquisas Hidráulicas sobre os efeitos danosos que traria à praia do Imbé, a barra é móvel, mudando de curso de acordo com o vento e a força da água das lagoas ou do mar. Por falta de dragagem, o calado também varia, chegando às vezes a menos de um metro de profundidade. O mestre observa os ventos, a direção das ondas, e escolhe o melhor caminho para sair da barra. Na volta, sempre há momentos de tensão até a lancha ultrapassar a rebentação e chegar ao trapiche.


Lancha da Petrobras entra na barra do rio Tramandaí para atracar




O trapiche onde ancoram as lanchas do Terminal Soares Dutra, da Transpetro


Na margem esquerda do rio, Imbé. Na direita, Tramandaí, no Rio Grande do Sul.


O trapiche onde ancoram as lanchas do Terminal Soares Dutra, da Transpetro


Na margem esquerda do rio, Imbé. Na direita, Tramandaí, no Rio Grande do Sul.

sábado, 26 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PETS MALTRATADOS, CÃES ABANDONADOS



CARTA AO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL


Prezados senhores:

A cada ano que passa o número de animais de estimação - os pets - tem aumentado enormemente. Hoje em dia é difícil uma família não ter o seu cãozinho, o seu gatinho.
Isto é bom para o mercado de trabalho dos médicos veterinários, mas acho importante que esse Conselho esteja atento às consequências deste aumento na população de animais domésticos.
Uma delas é a intensificação da criação e comercialização de cães e gatos, provocadas pela demanda. Tenho observado que há muitas agropecuárias e lojas do ramo onde os bichinhos ficam semanas e até meses em pequenas gaiolas, à espera de sua venda. É de dar pena vê-los alí, crescendo amontoados, desmamados precocemente, com até 20 dias de vida, com evidentes danos à sua saúde. Sugiro que o CRMV inicie o mais breve possível, com o apoio de seus profissionais associados, uma ação permanente de fiscalização desses locais.
Outra consequência é o abandono de animais pelos seus "donos". Muitas vezes as crianças exigem um cãozinho ou gatinho, mas depois cansam do "brinquedo". Há casos de famílias despreparadas para cuidar dos pets, e que acabam abandonando-os na rua. No Litoral do RS, onde moro, há matilhas de cães vagando pelas cidades, e talvez sejam menos infelizes que aqueles confinados a canis públicos ou privados, sem as mínimas condições de higiene e alimentação.

Acho que os representantes desse conselho nos municípios deveriam articular, com o apoio das prefeturas, uma política de castração dos animais abandonados e a sua assistência de saúde básica. Há no Imbé uma associação dedicada ao recolhimento e tratamento de cães, mas luta com falta de recursos e apoio. Acredito que o mesmo ocorra em outras cidades gaúchas.
Sugiro, por fim, uma campanha de esclarecimento, através dos meios de comunicação (que poderiam veicular os anúncios sem custos) para que a compra ou adoção de pets seja responsável. Os bichinhos não podem passar dez, doze horas sozinhos em apartamentos, enquanto os "pais" trabalham. É preciso também esclarecer quais os pets mais adequados a cada situação.

Enfim, os senhores, especialistas, devem saber muito melhor do que eu quais os cuidados mínimos para que os animais não sofram maus tratos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

SUNSET

Entardecer no clube Veleiros do Sul, na margem do rio Guaíba, em Porto Alegre, Brasil

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A NORMALIDADE EXISTE

Tem tantas pessoas com distúrbios de comportamento por aí  - agressivas,  enganadoras, maléficas, invejosas,  egoístas, ingratas - que às vezes chego a pensar que o maluco sou eu. Ainda bem que existem os psiquiatras para repor as coisas nos seus lugares. A entrevista abaixo,  publicada nas páginas amarelas de Veja do dia 2 de maio de 2007, é de ler e guardar.


Entrevista: Valentim Gentil Filho
A normalidade existe
Segundo o psiquiatra paulista, mesmo de perto
algumas pessoas são normais. Aliás, normalíssimas.
Ele fala com a autoridade de quem conduz um grande
estudo sobre o tema

Anna Paula Buchalla
Carol do Valle
"Não estamos criando a situação do conto O Alienista. O que ocorre é que, para a grande maioria, é fácil demais sair do estado de normalidade"

Há três anos, o psiquiatra Valentim Gentil Filho, professor da Universidade de São Paulo e um dos grandes nomes da sua especialidade no Brasil, vem conduzindo no Hospital das Clínicas da capital paulista um estudo sobre um tema fascinante: o funcionamento do cérebro das pessoas absolutamente normais. Sim, de acordo com Gentil, elas existem, ao contrário do que prega o bordão segundo o qual "de perto, ninguém é normal". Depois de avaliarem centenas de candidatos, o psiquiatra e sua equipe chegaram a um número de setenta homens e mulheres que estariam livres de quaisquer transtornos psíquicos e se comportariam com a propriedade exigida pelas circunstâncias da vida – sem exageros ou carências de comportamento e ação. O estudo com esse universo normalíssimo deve durar até o fim do ano. Uma das conclusões já obtidas é que, com a ajuda de antidepressivos, é possível tornar alguém normal ainda mais... normal. "Investigamos também se existe algum marcador genético para a normalidade absoluta", diz ele. Gentil, de 60 anos, presidiu por doze anos o conselho diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e, hoje, é um dos diretores da Sociedade Internacional de Transtornos Bipolares. Autor de setenta artigos publicados em revistas médicas internacionais, ele deu a seguinte entrevista a VEJA.
Veja – O senhor é responsável por um estudo no Hospital das Clínicas de São Paulo que visa a mapear como funciona o cérebro de uma pessoa normal. O que já se descobriu a esse respeito?Gentil – Sabe aquela história de que, de perto, ninguém é normal? Pois bem, não é verdade. Os normais são raros, mas eles existem. Em nosso estudo, conseguimos selecionar homens e mulheres, entre 18 e 50 anos, sem nenhum indício de distúrbio psiquiátrico. Eles também não têm nenhum parente de primeiro grau com doenças mentais graves, como depressão severa e psicose. Estão livres, ainda, de males físicos, como diabetes e hipertensão, que podem causar transtornos no psiquismo. Foi uma seleção difícil. É como se estivéssemos atrás de alguém que nunca teve uma gripe. Eu diria que essas pessoas são mais normais do que os normais. Se vão continuar sendo pela vida afora, não sabemos, é óbvio. Mas, por enquanto, são uma ótima fonte para entender como funciona o cérebro das pessoas normais.
Veja – O que os absolutamente normais têm que os outros não têm?
Gentil – É preciso deixar claro que há graus de ansiedade, instabilidade de humor, tensão pré-menstrual, insegurança, desconfiança, irritabilidade e tristeza que são aceitáveis de maneira geral. Para os mais normais do que os normais, contudo, tais sentimentos interferem muito pouco na capacidade de cumprir compromissos e de pensar de uma forma razoavelmente clara. Eles também mostram mais consideração pelo próximo, capacidade de antecipar as conseqüências dos seus atos, de respeitar os próprios limites, a própria saúde, de não se deixar prejudicar por comportamentos repetitivos. Isso é o que se espera de uma pessoa absolutamente normal. Não estamos criando a situação do conto O Alienista, de Machado de Assis. Não se trata de colocar em manicômios todo mundo que não exibe tal padrão. O que ocorre é que, para a grande maioria, é fácil demais sair do estado de normalidade.
Veja – Foram ministrados antidepressivos aos participantes do estudo. Quais as conclusões até o momento?
Gentil – Os resultados preliminares mostram que, para 35% das pessoas que não teriam indicação de remédio, o uso de antidepressivo exerceu um efeito positivo. Elas passaram a exibir um estado emocional que chamamos de "melhor do que bem". Essas pessoas relataram sentir-se menos irritáveis, mais tolerantes e com o humor ainda melhor.
Veja – Um estudo americano mostra que 25% dos diagnósticos de depressão estão errados. Esses pacientes enfrentariam, na verdade, um período de tristeza profunda decorrente de um golpe emocional. O senhor acredita que se está superdiagnosticando a depressão?
Gentil – É possível que, pelo fato de dispormos hoje de bons antidepressivos, os médicos tendam a prescrever mais esses remédios, na ânsia de ajudar seus pacientes. Mas é difícil avaliar o que acontece dentro de um consultório. O que se pode dizer é que, se o médico se baseia apenas no que diz o DSM-IV (sigla para Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, o guia das doenças psiquiátricas da Associação Americana de Psiquiatria), ele se torna um burocrata. O diagnóstico é uma arte – devem ser levados em conta o contexto, as informações fornecidas pelo paciente e, ainda, a própria relação do médico com ele. Em minha opinião, antes pecar pelo excesso do que pela falta. Embora não se possa resolver tudo só com remédios, não se pode negar ajuda farmacêutica a quem está sofrendo.
Veja – Mas isso não implica o risco de medicalizar os sentimentos negativos, transformando-os necessariamente em manifestações patológicas?
Gentil – Concordo que alguns médicos exageram. No entanto, mesmo que o paciente não seja um depressivo na acepção dos manuais, o remédio pode ajudar a estabilizar o seu humor – e vários estudos já demonstraram isso. Afinal de contas, um antidepressivo não é como um antibiótico, que só funciona se houver uma infecção. Esse tipo de medicamento sempre causa alterações no sistema nervoso, não importa quem esteja tomando. A questão ética que se coloca é a seguinte: se alguém me procura com uma queixa emocional e eu sei que existe alívio, devo ou não usar a medicação? A resposta é variável, claro. De qualquer forma, é essencial dar ao paciente o direito de escolher – desde que ele tenha condições psicológicas de exercê-lo. Uma pessoa surtada, por exemplo, não tem capacidade para decidir se deve ou não se tratar. Gostaria de chamar atenção também para a situação contrária. Há terapeutas que resistem a prescrever antidepressivos, dizendo a seus pacientes: "Eu acredito em você. Eu confio em você. Sei que você será capaz de superar seus problemas, sem ter de recorrer a medicamentos". Isso é um absurdo. Um terapeuta bem treinado jamais faria isso. Volto a repetir: erramos menos quando diagnosticamos um pouco a mais do que quando nos omitimos. O problema de negligência profissional é muito mais grave porque as pessoas podem estar correndo risco de morte – direta ou indiretamente.
Veja – Experimentar dificuldades emocionais não é fundamental para o crescimento pessoal de cada um, para o processo de autoconhecimento?
Gentil – Quem pode atestar que o sofrimento faz bem? Por que não aliviar o desconforto de um paciente se temos meios para isso? Tristeza não é depressão, mas pode ser um dos sintomas dela. Um luto, por exemplo, pode desencadear uma depressão. Esse é um julgamento de valor inerente a cada situação específica, a cada diagnóstico médico.
Veja – Muitas pessoas relutam em tomar antidepressivos, com receio de que eles possam vir a mudar a sua personalidade. Esse medo tem algum fundamento científico?
Gentil – Não existem indícios de que eles sejam prejudiciais. Eu me preocupo menos com as coisas que são monitoradas intensivamente, como os medicamentos fabricados em laboratório, e mais com as coisas baseadas simplesmente na intuição. Um exemplo disso são os tratamentos alternativos, dos quais não se tem comprovação da eficácia. É o caso do fitoterápico erva-de-são-joão, vendido como antidepressivo. Não devemos permitir que as pessoas sejam tão criativas com a vida dos outros.
Veja – Mas existem recursos da ordem da psicologia tão efetivos quanto os antidepressivos.
Gentil – Não tenho a menor dúvida disso. Estaria sendo reducionista se levasse em consideração apenas as substâncias químicas. O tratamento mais efetivo para a depressão é o que associa a psicoterapia a medicamentos.
Veja – O aumento da incidência das doenças mentais é assunto de um tratado científico que define a insanidade como "a praga invisível" da atualidade. Estamos vivendo uma epidemia de distúrbios psiquiátricos?
Gentil – Acredito que seja exagero falar em epidemia. Só que, em vários países, houve um crescimento exponencial nas taxas de incidência de doenças mentais graves, como transtorno bipolar maníaco-depressivo, esquizofrenia e psicoses de uma maneira geral. Ninguém sabe exatamente por que isso está acontecendo, mas já temos pistas. Há estudos que mostram, por exemplo, que, entre os usuários de maconha na juventude, é quase três vezes maior o risco de surgimento de esquizofrenia. Também há indícios de que o abuso de álcool pode lesionar o cérebro – em especial, de quem começa a beber precocemente.
Veja – Na depressão, há um desequilíbrio nas taxas das substâncias cerebrais responsáveis pela comunicação entre os neurônios, os neurotransmissores. É nessa distorção química que ainda se concentram os estudos de novos tratamentos da doença?Gentil – Os neurotransmissores foram deixados de lado pelos estudiosos da depressão. Hoje, sabe-se que eles apenas levam a informação de um lado ao outro do cérebro. Mas não são essas substâncias que dão as respostas aos comandos cerebrais. Como a chave de tudo está no conteúdo dessas informações, é atrás disso que a medicina está correndo.
Veja – É possível determinar qual é o distúrbio mental que causa mais sofrimento? Gentil – A doença que causa maior sofrimento é sempre a que você tem. Mas, se formos medir qual delas causa mais prejuízo em termos mundiais, a depressão ganhará de longe. No que se refere à mais incapacitante, o primeiro lugar pertence à esquizofrenia. Trata-se de uma doença para a vida toda.
Veja – O mundo moderno é mais propício ao surgimento de distúrbios psíquicos?
Gentil – Talvez eu não seja sensível o suficiente, mas não acredito que a realidade atual seja tão diferente das passadas, em termos de dificuldades. As diversas gerações enfrentaram as violências e metamorfoses de seu próprio tempo. O que dizer das brutalidades descritas no Velho Testamento? Quem hoje suportaria viver nos primórdios da civilização? Os críticos da era da informação dizem que ela é massacrante. Para mim, a sensação de ligar a televisão e saber o que está acontecendo em Hong Kong às 7 horas da manhã de lá ou ligar o computador e ter notícias dos amigos que vivem do outro lado do planeta faz muito mais bem do que mal. O problema é quando o indivíduo ultrapassa o seu limite. Cada um tem de trabalhar dentro de suas possibilidades. Quando isso não ocorre, é preocupante.
Veja – Como se estabelece esse limite?
Gentil – Reconhecendo a necessidade de obedecer a um ritmo biológico que, no essencial, tem de ser mantido a todo custo. É preciso trabalhar, sim, mas também é essencial descansar, dormir, comer, divertir-se. Não se pode abarcar o mundo inteiro de uma só vez.
Veja – Nesse sentido, parece haver um descompasso entre a capacidade do cérebro e a do corpo.
Gentil – Sim, o cérebro humano é o ápice da perfeição. Na natureza, não existe nada que se compare a ele. Por isso mesmo, muitas vezes o corpo não o acompanha. O problema é que nunca nos foi dito que nós deveríamos cuidar do cérebro com o mesmo empenho que dispensamos, por exemplo, à saúde do coração. É preciso respeitar os sinais que o corpo envia quando se estabelece um descompasso entre um e outro. Se esses limites não são respeitados, o cérebro pode se transformar numa armadilha para ele mesmo.
Veja – Se todo mundo fosse mais normal do que o normal, o mundo não seria sem graça? Não é preciso um pouco de loucura para que a vida seja menos cinzenta e também haja progresso?
Gentil – O mundo deve muito à doença mental. Graças também a suas perturbações emocionais, que os faziam pensar de forma original e divergente, grandes personagens conseguiram mudar a história. Segundo alguns biógrafos de Winston Churchill, por exemplo, ele não teria levado a Inglaterra à vitória contra a Alemanha sem o tipo de ousadia que acompanha as vítimas do transtorno bipolar. Na pintura, o atormentado Van Gogh produziu maravilhas. Isso não quer dizer que devemos estimular a perturbação mental. Pelo contrário. Lamento que Van Gogh não tenha tido a oportunidade de se submeter a um tratamento psiquiátrico. Nessa hipótese, talvez sua obra não houvesse sido interrompida antes do tempo.

domingo, 6 de novembro de 2011

COMIDINHA CASEIRA


Um dia desses me mandaram uma piada sobre uma gordinha em regime para emagrecer que, para se distrair - e não pensar em comida -, ligou a tevê. Desastre.  Para desespero dela, só havia programas de gastronomia. A qualquer hora da manhã e da tarde, em quase todas as emissoras, brasileiras e estrangeiras, há gourmets ensinando como preparar os pratos mais exóticos.
A primeira pergunta que me faço: como é que há audiência para estes programas, se as pessoas não têm tempo de cozinhar e muitas vezes nem de comer? Outra: como colocar em prática as nuances, os macetes de preparação de receitas em geral complicadíssimas? Raramente os cozinheiros explicam o principal: qual é o "pulo do gato", aqueles pequenos detalhes que podem resultar no sucesso ou no fracasso de um jantar.
Depois de algumas tentativas frustradas de seguir as receitas dos mestres, me conformei em preparar apenas pratos básicos que, com alguma atenção, ficam saborosos e nutritivos. Alguns deles, que qualquer um pode fazer:
- Lentilha. Frite alho, depois cebola e linguicinha fina e por fim a lentilha e água. Fica pronta em meia hora, no máximo. Sirva com farofa e legumes cozidos.  (atenção: não exagere no sal e na linguiça, pois o tempero acaba se impondo sobre o seu sabor.
- Sopa de ervilhas e/ou abóbora - é só colocar na panela de pressão, com cebola e alho e uns pingos de azeite, deixar cozinhar e bater no liquidificador.
- Peixe no forno  - coloque sal e limão, deixe assar numa forma untada com azeite e, no final, coloque alcaparras aquecidas no azeite de oliva.  Acompanha espinafre - o congelado é ótimo porque não precisa desfolhar, apenas cozinhar com sal e picar. Fica gostoso com um pouco de leite e queijo ralado. Aproveite o forno quente para gratinar.
- Camarão ao molho de tomate com ervilhas frescas ou congeladas, acompanhado de purê de batatas.
-  Guizadinho com repolho. faça um molho com alho, cebola e  tomate, coloque guizado de primeira e depois repolho bem picado. Acrescente água fervida aos poucos e deixe cozinhar até o repolho amolecer. Para acompanhar, farofa e milho cozido (como na foto) ou arroz, ou aipim, ou purê de batatas.
Bom apetite!







sábado, 5 de novembro de 2011

TEM BOI NA ESTRADA


Patrulheiros rodoviários interrompem o tráfego de veículos nos dois sentidos da RS 30, perto de Osório. Acidente? Perseguição a bandidos?



 Nada disso. Apenas uma boiada atravessando a estrada.

sábado, 29 de outubro de 2011

ARTE MODERNA NÃO É ARTE

Qual é o valor artístico de um bezerro cortado ao meio e mergulhado em formol ou bonecos "enforcados" numa árvore? Nenhum, mesmo que tenham sido avaliados em milhões de dólares pelo mercado de arte.
Quem afirma isto não é aquele pobre entrevistado pela repórter de tevê numa exposição de arte moderna que simplesmente não encontra palavras para descrever o significado de um pedaço de parede ou uma bandeira rasgada ao meio. Em "O Inverno da Cultura", livro publicado na França, Jean Clair, ensaísta respeitado, membro da Academia Francesa, curador de exposições importantes e diretor, por muitos anos, do Museu de Paris, afirma que a arte moderna representa mais a lógica do mercado do que a verdadeira arte.
Clair escreve "arte moderna" assim, entre aspas. Considera loucos, obscenos, os preços obtidos por algumas peças leiloadas por especuladores travestidos de marchands.

Mother and Child Divided, vaca e bezerro divididos ao meio em vitrines de formol, de Damien Hirst

O livro de Jean Clair ainda não foi publicado no Brasil, mas só o fato de alguém ter coragem de afirmar o que muitos pensam mas não se atrevem a dizer para não contrariar a crítica especializada - pelo menos em público - já é um enorme alívio. 
De agora em diante todos aqueles que, por medo de parecerem ignorantes, se obrigavam a procurar vestígios de talento em pedaços de arame retorcidos, telas borradas se qualquer nexo ou "instalações" onde só o artista se divertiu, podem falar a verdade: é lixo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

LA MER


Belíssima canção composta por Charles Trenet em 1943 durante uma viagem de trem pela costa francesa do Mediterrâneo



La mer
Qu'on voit danser le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie


La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer bergère d'azur
Infinie


Voyez
Près des étangs
Ces grands roseaux mouillés
Voyez
Ces oiseaux blancs
Et ces maisons rouillées


La mer
Les a bercés
Le long des golfes clairs
Et d'une chanson d'amour
La mer
A bercé mon coeur pour la vie

O Mar

O mar
que se vê dançar ao longo dos golfos claros
tem reflexos de prata,
O mar,
reflexos mutantes
sob a chuva


O mar,
sob o céu de verão confunde
suas ovelhas brancas
com os anjos tão puros
O mar, pastor do azul
infinito


Vejam
perto dos charcos,
esses grandes juncos molhados
Vejam
esses pássaros brancos
e essas casas ferrugentas


O mar
embalou-os
ao longo dos golfos claros
e (ao longo) de uma canção de amor
O mar
embalou meu coração para a vida

domingo, 23 de outubro de 2011

MILAGRE!

Eles também caminham sobre as águas

ANTI-PROPAGANDA

Senhores publicitários, senhores empresários: colocar outdoors nos morros é o fim da picada.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

IMBÉ, ANO 2111


Há cem anos pouca gente acreditava nesta história de aquecimento global. O Imbé era uma praia agradável, bem cuidada, com calçadão pontilhado de quiosques. As casas junto à orla eram as mais valorizadas. A vista para o mar era o maior argumento dos corretores de imóveis.
Mas, lentamente, as ressacas foram se tornando mais violentas. As ondas passaram do calçadão, tomaram a avenida, bateram nos muros das casas.
 O canal que liga as lagoas ao mar, chamado de rio Tramandaí, desrespeitou a barreira dos molhes de pedras para voltar ao antigo leito do braço morto, devorando os terrenos e casas que o impediam a seguir o curso natural rumo ao norte.
A avenida e o calçadão, abandonados, foram presas fáceis das dunas de areia, que recuperaram o espaço que os homens nunca deveriam ter tirado delas.
Em 2011 pouca gente acreditava no aquecimento global.



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

FELICIDADE

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.


Vicente de Carvalho
1866 / 1924

JANELANDO

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SUNSET ON THE ROAD

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O INFERNO SÃO OS OUTROS


O cara compra o seu apartamento, um bom apartamento,  daqueles dos anos 60, com quartos e  sala grandes, uma cozinha onde se pode circular, banheiro com banheira. Num belo dia, um  vizinho vende a sua casa para uma construtora, que demole o prédio e inicia a construção de um  edifício gigantesto. Ele cresce, cresce, cresce. Tapa o sol, interrompe o vento. As roupas já não secam, as paredes mofam. Como disse Jean-Paul Sartre, o inferno são os outros.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

GUARUJÁ, PÉROLA DO ATLÂNTICO



Mesmo sem ser badalada pelas tevês e cadernos de turismo dos jornais,  Guarujá merece uma visita.  Situada na ilha de Santo Amaro, ganhou o título de Pérola do Atlântico pela beleza de suas 29 praias.   Mas evite fazer isto durante o verão e nos feriadões, quando milhares de carros  descem - e congestionam - as rodovias Anchieta e Imigrantes rumo ao litoral  paulista.
Um dos mais antigos balneários brasileiros,  o Guarujá foi urbanizado  em 1893 para acolher a aristocracia paulistana. Ao ser inaugurado, já tinha água encanada, luz elétrica e esgotos, algo raríssimo nas cidades daquela época.  Era uma vila de chalés, um hotel-cassino de luxo  e uma igreja, todos em madeira pré-moldada importada dos Estados Unidos. Os veranistas vinham de trem até o porto de Santos e lá embarcavam em barcos a vapor para chegar a um cais na ilha, de  onde seguiam em trens Maria- Fumaça até a praia de Pitangueiras (para entender melhor, veja o mapa no final deste post).
Durante a primeira metade do século XX, o Guarujá cresceu, mas manteve o seu charme. Rodovias substituíram as ferrovias, e tornou-se cada vez mais fácil vir de carro até as suas praias, atravessando de balsa o canal entre a Ponta da Praia, em Santos, até o bairro de Santa Rosa, no Guarujá. Só que a facilidade de acesso significou também a ocupação descontrolada de toda a costa leste da ilha. A partir da década de 70 edifícios passaram a cobrir as praias de Pintagueiras e Astúrias, no centro da cidade. Nem os morros e a beira-mar foram poupados, com a conivência de sucessivos administradores municipais. Alguns prédios acabaram embargados e terão de ser demolidos pelas agressões ambientais.  Surgiram problemas de poluição por falta de tratamento de esgoto. 
Só a partir de 1985, com a inauguração da rodovia Rio-Santos, lugares antes inacessíveis  e igualmente belos como Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e Bertioga passaram a ser descobertos, com novas opções de veraneio para os paulistas. Aliviada da sobrecarga de veranistas e da especulação imobiliária selvagem, Guarujá começou a receber mais investimentos em saneamento, urbanização de suas praias e habitação para os moradores fixos, atraídos para a ilha pela perspectiva de empregos na construção civil e nos serviços. Hoje conta com uma excelente infraestrutura e hotéis, pousadas e restaurantes de qualidade.


GUARUJÁ

Na Praia da Enseada, uma baía de cinco quilômetros de areia clara e mar calmo, predominam as casas de veraneio e pequenos edifícios. Os quiosques de praia oferecem bebidas, comidinhas, guarda-sóis e cadeiras.  

GUARUJÁ



Mansões nos morros ou espigões de luxo. Paisagem igualmente agredida.

GUARUJÁ


A orla da praia da Enseada tem ciclovia e é arborizada. Ao longo da avenida há excelentes restaurantes especializados em peixes e frutos do mar.
  

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

GUARUJÁ

Astúrias, tradicional e elegante, mantém o charme dos barcos de pesca na ponta da baía

GUARUJÁ


Parece Copacabana mas é Pitangueiras, a  primeira e a mais badalada praia do Guarujá.


GUARUJÁ


Entre uma praia e outra, rochedos e belas paisagens

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GUARUJÁ


A Praia do Tombo tem este nome por causa dos tombos que os banhistas desavisados levam. Como fica em mar aberto, as ondas batem forte. É a praia predileta dos surfistas.