sexta-feira, 30 de setembro de 2011

GUARUJÁ, PÉROLA DO ATLÂNTICO



Mesmo sem ser badalada pelas tevês e cadernos de turismo dos jornais,  Guarujá merece uma visita.  Situada na ilha de Santo Amaro, ganhou o título de Pérola do Atlântico pela beleza de suas 29 praias.   Mas evite fazer isto durante o verão e nos feriadões, quando milhares de carros  descem - e congestionam - as rodovias Anchieta e Imigrantes rumo ao litoral  paulista.
Um dos mais antigos balneários brasileiros,  o Guarujá foi urbanizado  em 1893 para acolher a aristocracia paulistana. Ao ser inaugurado, já tinha água encanada, luz elétrica e esgotos, algo raríssimo nas cidades daquela época.  Era uma vila de chalés, um hotel-cassino de luxo  e uma igreja, todos em madeira pré-moldada importada dos Estados Unidos. Os veranistas vinham de trem até o porto de Santos e lá embarcavam em barcos a vapor para chegar a um cais na ilha, de  onde seguiam em trens Maria- Fumaça até a praia de Pitangueiras (para entender melhor, veja o mapa no final deste post).
Durante a primeira metade do século XX, o Guarujá cresceu, mas manteve o seu charme. Rodovias substituíram as ferrovias, e tornou-se cada vez mais fácil vir de carro até as suas praias, atravessando de balsa o canal entre a Ponta da Praia, em Santos, até o bairro de Santa Rosa, no Guarujá. Só que a facilidade de acesso significou também a ocupação descontrolada de toda a costa leste da ilha. A partir da década de 70 edifícios passaram a cobrir as praias de Pintagueiras e Astúrias, no centro da cidade. Nem os morros e a beira-mar foram poupados, com a conivência de sucessivos administradores municipais. Alguns prédios acabaram embargados e terão de ser demolidos pelas agressões ambientais.  Surgiram problemas de poluição por falta de tratamento de esgoto. 
Só a partir de 1985, com a inauguração da rodovia Rio-Santos, lugares antes inacessíveis  e igualmente belos como Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e Bertioga passaram a ser descobertos, com novas opções de veraneio para os paulistas. Aliviada da sobrecarga de veranistas e da especulação imobiliária selvagem, Guarujá começou a receber mais investimentos em saneamento, urbanização de suas praias e habitação para os moradores fixos, atraídos para a ilha pela perspectiva de empregos na construção civil e nos serviços. Hoje conta com uma excelente infraestrutura e hotéis, pousadas e restaurantes de qualidade.


GUARUJÁ

Na Praia da Enseada, uma baía de cinco quilômetros de areia clara e mar calmo, predominam as casas de veraneio e pequenos edifícios. Os quiosques de praia oferecem bebidas, comidinhas, guarda-sóis e cadeiras.  

GUARUJÁ



Mansões nos morros ou espigões de luxo. Paisagem igualmente agredida.

GUARUJÁ


A orla da praia da Enseada tem ciclovia e é arborizada. Ao longo da avenida há excelentes restaurantes especializados em peixes e frutos do mar.
  

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

GUARUJÁ

Astúrias, tradicional e elegante, mantém o charme dos barcos de pesca na ponta da baía

GUARUJÁ


Parece Copacabana mas é Pitangueiras, a  primeira e a mais badalada praia do Guarujá.


GUARUJÁ


Entre uma praia e outra, rochedos e belas paisagens

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GUARUJÁ


A Praia do Tombo tem este nome por causa dos tombos que os banhistas desavisados levam. Como fica em mar aberto, as ondas batem forte. É a praia predileta dos surfistas.

GUARUJÁ

A praia da esquerda é a do Mar Casado, a da direita a de Pernambuco. Com maré baixa, é uma praia só.
 Na praia de Pernambuco há dezenas de mansões com áreas privativas junto ao mar, e o hotel -resort Sofitel Jequitimar, um dos mais sofisticados do litoral paulista.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

GUARUJÁ


                         A Praia do Perequê, no norte da ilha de Santo Amaro, é reduto de pescadores, que ancoram seus barcos nas águas mansas da baía de dois quilômetros. Na rodovia que contorna a praia há vários mercados onde se pode comprar peixes frescos.

GUARUJÁ


terça-feira, 27 de setembro de 2011

DE SANTOS PARA GUARUJÁ


A rodovia SP 055 liga a BR 101 (Rio-Santos)  à ilha de Santo Amaro, onde fica Guarujá. É como a grande maioria dos paulistas chega às praias do balneário.  Outra alternativa é ir até Santos e atravessar o canal de balsa. 


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domingo, 25 de setembro de 2011

A AVENIDA DOS NAVIOS

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De um lado,  Santos. Do outro, Guarujá. Entre as duas cidades, há um canal por onde passam navios gigantescos que vão para o porto de Santos ou voltam para alto-mar, balsas  que transportam carros e passageiros de uma cidade para outra, lanchas e veleiros. Uma avenida marítima onde o trânsito, por incrível que pareça, flui sem problemas.

sábado, 24 de setembro de 2011

BALSEIRO

                     
                                                       Balsa Santos-Guarujá

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

AS CICLOVIAS DE SANTOS


 A cidade de Santos, em São Paulo, tem 20 quilômetros de ciclovias. É considerada pela Associação Brasileira dos Ciclistas como  Cidade Amiga da  Bicicleta. A malha cicloviária santista interliga as zonas Noroeste e Leste e a divisa com São Vicente à área portuária.
Na foto, a avenida Mário Covas. À direita, o canal que leva ao porto.  Do outro lado do canal está a ilha de Santo Amaro, onde fica Guarujá.

domingo, 18 de setembro de 2011

UM GAÚCHO NO DIVÃ

“Doutor, tenho um problema. E ele se agrava a cada Semana Farroupilha. Acontece que eu queria ser gaudério, daqueles para quem o nirvana é andar pilchado, comer churrasco e tomar chimarrão ao som da música nativista, andar a cavalo pelos campos verdejantes.

 Chego a ficar com inveja da felicidade dos peões laçando potros, assando carne em fogo de chão, desfilando no dia 20 de Setembro com suas botas enceradas, as bombachas bem cortadas, os chapéus de aba larga.  Bem que eu tentei, doutor. Um dia desses fui a uma loja de moda campeira e pedi uma bombacha, um chapéu de barbicacho, um lenço colorado e um par de botas de cano alto. Vesti, me olhei no espelho, e me senti tão ridículo como se estivesse com aquelas roupas de caubói das duplas sertanejas.

É claro que gosto de um churrasco bem assado, de preferência saboreado com parentes e amigos. Mas um bife de chorizo à argentina/uruguaia igualmente me satisfaz. Ou um filé de peixe com molho de camarão.
De vez em quando compro erva e tomo mate. Mas acho exagerado este pessoal que não desgruda da cuia e da térmica, mesmo no calor de 40 graus do verão. E a bomba passar de mão em mão, de boca em boca, me parece anti-higiênico. Prefiro passar.
Curto as músicas folclóricas de Barbosa Lessa e Paixão Cortes, a gaita do Borghetinho e do Luís Carlos Borges, mas quando aqueles grupos nativistas começam a maltratar os violões e manifestar aos berros o seu amor pelo Rio Grande, me dá vontade de ouvir uma zamba, uma chacarera,  Atahualpa Yupanki.  Prefiro menos decibéis e mais sonoridade.Também me incomoda esta divisão entre patrões e peões, gremistas e colorados, maragatos e chimangos. 

Nasci em Três Passos, lá no noroeste, e meus antepassados alemães  chegaram ao sul do Brasil nas primeiras levas de imigrantes. Sou gaúcho, vivi toda a minha vida por aqui, mas não sinto nenhum orgulho além do que os acrianos, os mineiros e os capixabas sentem pela sua terra natal.
Sabe, doutor, chego a me envergonhar das  bravatas deste pessoal que se acha melhor que os outros brasileiros. Não somos mais machos, nem mais valentes. Somos, sim, diferentes.  E, em muitos aspectos, mais atrasados. " 

Elton Souza Rosa é um gaúcho de verdade: fazendeiro em Capivari do Sul e dono de uma Agropecuária em Tramandaí,  está acostumado às lidas do campo. Na Semana Farroupilha sempre se veste a rigor, de bota, bombacha, chapéu e lenço vermelho no pescoço. Ah, e não se separa do chimarrão.  

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

AS PREFERÊNCIAS DE BRECHT

Mais do que um marca-páginas: de um lado, um poema de Bertolt Brecht. De outro, a propaganda da livraria.  Uma criação de José Otávio(Dedé) Ferlauto. 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

OS ÚLTIMOS DIAS DE SANTOS DUMONT


Santos Dumont foi um gênio retraído, mais à vontade com máquinas do que com gente. Seu pai, que fez fortuna construindo ferrovias para o Império e com plantações de café, contratou professores particulares para que ele tivesse uma educação esmerada sem precisar ir à escola.  Herdeiro milionário,  foi morar em Paris aos 24 anos, e não poupou recursos para dar vazão à sua imaginação em sucessivos inventos, até chegar ao 14-bis, aeroplano que o consagrou como o Pai da Aviação. Se tornou celebridade na Europa e no Brasil. Dava festas inesquecíveis para a aristocracia européia, frequentava o Maxim's,  era conhecido por sua elegância, vivia cercado de belas mulheres,  mas não se sabe se teve algum relacionamento duradouro.
Veio a Primeira Guerra Mundial, e suas invenções já não chamavam mais atenção dos jornalistas. Tornou-se mais melancólico, adoentado. Voltou para o Brasil, onde construiu, em Petrópolis,  uma casa  tão excêntrica quanto ele, atualmente transformada em museu aberto à visitação.
Depois, já não conseguia morar muito tempo em algum lugar. Rodou solitário pela Europa,  até que, em 1931, seu sobrinho Jorge Dumont Vilares foi buscá-lo numa clínica de Biarritz, na França, onde estava internado. 
Passou temporadas em Araxá (Minas Gerais), Rio de Janeiro e São Paulo. Em maio de 1932, hospedou-se com Jorge no hotel La Plage, na cidade de Guarujá, litoral paulista. Dois meses depois, no dia 23 de julho, sozinho no hotel - o sobrinho havia saído -, suicidou-se, aos 59 anos. O enterro foi no cemitério São João Batista, no Rio. O carro fúnebre que levou o seu corpo do Guarujá até São Paulo  está exposto,   bem conservado, no Espaço Santos Dumont, uma sala envidraçada na esquina das avenidas Leomil e Puglisi, no centro do balneário.






A criação do Parque Nacional do Iguaçu, uma área de 1.700 
quilômetros quadrados onde a fauna e a flora são preservadas, teve a influência de Santos Dumont. Em visita às Cataratas do Iguaçu, em 1916, extasiado diante de tanta beleza, Dumont usou o seu prestígio para convencer o governador do Paraná, Afonso Camargo, para que desapropriasse a área, então de propriedade particular. Declarada de interesse público naquele mesmo ano, tornou-se Parque Nacional por decreto do governo federal em 1930. 
Uma estátua em bronze colocada junto às cataratas homenageia Santos Dumont.


  






Quem se interessa pela vida e a obra de Santos Dumont deve ler
Asas da Loucura, do norte-americano Paul Hoffman. A biografia é resultado de muitos anos de pesquisa, na Europa e no Brasil, e dá uma dimensão precisa de um dos mais fascinantes personagens do século XX. 

domingo, 11 de setembro de 2011

SAMPA

                
Desabafo de um morador do bairro-favela de Paraisópolis

sábado, 10 de setembro de 2011

OBRIGADO, JESUS

Praia da Enseada, Guarujá, São Paulo

SHOW DO MILHÃO

Ambulante criativo do Arraial d'Ajuda, Bahia

sábado, 3 de setembro de 2011

O DIA DA PENITÊNCIA

Em Oruro, no altiplano boliviano, a principal atividade econômica é a mineração, desde que os espanhóis conquistaram a região e passaram a explorar o subsolo.  Na época colonial, os índios eram usados como mão de obra, e  morriam às centenas de milhares no trabalho das minas.
Aprenderam nas aulas de catecismo dadas pelos missionários católicos que Deus habitava o céu e o diabo as profundezas da terra. Concluíram que com  uma mãozinha do senhor das trevas tudo seria mais fácil - achar bons veios de ouro, prata ou cobre, ou pelo menos não morrer num desmoronamento. E assim surgiu a diablada.
 Desde o século 16, na época do carnaval, os moradores de Oruro dançam e cantam com os rostos encobertos por máscaras medonhas  representando a imagem de satanás. A tradição de homenagear o diabo perdura até hoje, e virou atração turística internacional. Mas, terminada a festa, correm às igrejas para pedir perdão a Deus e à Virgem e serem perdoados deste pecado.
É o dia da penitência.
No Brasil, em agosto, a Rede Globo e a Mc Donalds também fazem a sua penitência.
A Globo satura os lares brasileiros com violência, futebol, sexo e besteirol. As crianças são as maiores vítimas, submetidas a programas que estimulam a erotização precoce, a alimentação à base de doces, refrigerantes e  salgadinhos e a solução de seus problemas na base da pancada, da intriga e da fococa. As menininhas, para estarem na moda, usam baton, se pintam, calçam sapatos de salto e usam roupinhas justinhas. Beijar, namorar e conspirar contra coleguinhas, como nas novelas, se tornam as prioridades numa fase de suas vidas em que não têm condições de avaliar o  certo e o errado.
Mas, um dia por ano, há o Criança Esperança. Os funcionários da empresa são convocados a pedir dinheiro para obras em favor das crianças. É o dia da penitência.
A Mc Donalds, que durante 364 dias por ano entope seus clientes com alimentos à base de carbohidratos, gorduras e refrigerantes (água carbonada com xaropes), tornando-os obesos e desnutridos, criou o Mc Dia Feliz.  Com a ajuda de jornalistas, atores de TV e artistas conhecidos, recolhe dinheiro doado posteriormente  a entidades dedicadas ao tratamento do câncer infantil.  Um dia de penitência pelo dano que causam, principalmente, a meninos e meninas.
Mas, ao contrário dos índios bolivianos, os pecados destas duas megaempresas são reais, e não fruto da imaginação dos padres que acompanhavam os conquistadores espanhóis. 
E não é com um ato penitencial  por ano que eles serão perdoados.