domingo, 30 de junho de 2019

CARROCEIROS, CAVALOS, CARROÇAS







Esta foto, de um carroceiro carregando carcaças de geladeiras pelas ruas do Imbé, está causando uma enorme polêmica entre os moradores da cidade.
A maioria não aceita mais a tração animal, em pleno século 21. Como em outros municípios, se discute a proibição do uso de cavalos para o transporte de cargas, com base na Lei Federal 9.605/98, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais: Art.32 – Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
A questão não é tão simples assim. Aqui no Litoral Norte, o nordeste gaúcho, quem está na pior anda a pé. Melhorou um pouco, compra bicicleta. Os carroceiros já estão num patamar superior: têm um veículo para transportar pequenas cargas e com isso garantir o seu sustento.
Os cavalos, em geral, são bem alimentados e tratados. Proibir as carroças, simplesmente, seria jogar na miséria uma parcela desta população que vive na periferia de Tramandaí, Imbé, Capão e outras cidades, onde o inverno é longo, frio, de ruas encharcadas. Um panorama bem diferente do verão à beira-mar, onde os veranistas chegam para passar temporadas ou fins de semana.
Assim como não é aceitável que cavalos sejam usados como tração para carroças, a dura realidade exige que o problema seja resolvido com bom senso.

sábado, 29 de junho de 2019

PRAIA DO ESPELHO, PORTO SEGURO, BAHIA



Localizada entre Trancoso e Caraíva, é considerada uma das mais belas praias do Litoral brasileiro




terça-feira, 18 de junho de 2019

DESGOSTEI DE GAROPABA




A minha turma da faculdade de Jornalismo da Ufrgs, que tinha 20 e poucos anos no início da década de 70, teve em Garopaba o seu primeiro paraíso. 
Íamos de carona, de ônibus ou nos amontoávamos no fusca ou no Gordini de algum amigo mais abonado, e todo o cansaço da viagem de 380 quilômetros era compensado por aquela paisagem deslumbrante, águas cristalinas e um povo amável, que nos via como uns bichos diferentes mas inofensivos.
Dormíamos em qualquer lugar ( o hotel do Lobo era a opção mais confortável, mas até as barracas dos pescadores nos serviam), comíamos qualquer coisa. Eram dias de paz e felicidade, e as "indiadas" das viagens se tornavam assunto dos intervalos das aulas.
Com o passar dos anos, mais e mais porto-alegrenses e gaúchos descobriram as praias catarinenses, e Garopaba mudou rapidamente. Prédios e condomínios brotavam por todos os lados. Até as colinas tão lindas, junto ao mar, foram tomadas por construções, e os campos, onde a única preocupação eram os bois brabos, passaram a ter cercas delimitando as propriedades.
Muita gente continua achando a cidade - agora é uma cidade - um lugar adorável para morar ou passar o verão. 

Para mim, o encanto acabou.



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Nas fotos, do Natal de 1994, a Garopaba bucólica, e no alto da colina um símbolo do desrespeito para com a natureza.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

REFLEXOS



São Paulo



quinta-feira, 13 de junho de 2019

terça-feira, 11 de junho de 2019

O PIANO IMAGINÁRIO





Desde sempre eu curti música, mesmo estando em silêncio. Bebê, eu me agitava, batia bracinhos e perninhas, quando o rádio tocava certas músicas de que eu gostava. 
Sempre tem alguma música na minha cachola - Bach, Mozart, Chico Buarque, Beatles, Stones. Às vezes tenho que fazer um esforço para trocar de música. Aparece até uma velha canção alemã, perdida lá no fundo da memória, da qual só me lembro o refrão: " So schoen, schoen war die zeit" - tão lindo, lindo era aquele tempo.
O ouvido musical já me fez pagar um baita mico. Eu tinha uns sete, oito anos, quando uma vizinha veio contar para a minha mãe que vira o filho dela tocando um piano imaginário, caminhando na volta da escola. 
Na época passei vergonha. Hoje, agradeço por esta dádiva. 
Como dizia Artur da Távola, "música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão".


Foto: o piano de Liane Leipnitz

sábado, 1 de junho de 2019

SOY LOCO POR TI, GDA





Miami, capital da América Latina


Muitos brasileiros - inclusive jornalistas - desconhecem e até desprezam os países da América Latina. As informações que nos chegam são produzidas com o enfoque das agências de notícias e redes de televisão  norte-americanas e europeias,  para quem o hemisfério sul só é notícia se acontece alguma catástrofe, golpe militar ou algo grotesco.
Para furar este bloqueio,  defender interesses comuns e captar publicidade foi criado em 1991 o GDA - Grupo de Diarios America -, uma associação de jornais latino-americanos cujos primeiros membros foram o La Nación, da Argentina, o El Mercurio, do Chile, e O Globo, do Brasil. Outros jornais de prestígio, do México, da Costa Rica, do Equador, da Colômbia, da Venezuela, do Peru e do  Uruguai,  passaram a participar do grupo, entre eles Zero Hora, de Porto Alegre. Por uma questão de logística a cidade escolhida para sede foi Miami, nos Estados Unidos.
Os jornais passaram a trocar informações, reportagens e fotos que não eram distribuídas pelas agências de notícias americanas e europeias. Um editor, baseado em Miami,  foi contratado para coordenar o trabalho de garimpar assuntos, fazer contatos e distribuir o material  produzido pelos diários. 
Os jornalistas indicados pelos seus diários para representá-los se reúnem periodicamente em Miami ou numa das cidades onde os jornais são publicados  para a troca de ideias e a produção de pautas conjuntas.  Zero Hora participou do grupo de 1999 a 2003, e nesses cinco anos fui o editor do GDA. 
Apaixonado pela América Latina, participei com entusiasmo das reuniões, que duravam dois dias.
Nesse período, Zero Hora publicou muitas matérias do grupo, principalmente de economia, coberturas de assuntos ignorados pelas agências de notícias e cadernos de turismo. 
Mas o que me dava mais prazer era sair para jantar com os  colegas, alguns dos quais se tornaram meus amigos. Comíamos, bebíamos e, mais do que tudo, falávamos sobre o que estava acontecendo nos nossos países. 
Foi um dos maiores, e o mais prazeroso desafio que enfrentei em minha carreira.




 GDA: o prazer de um bom papo. No fundo, à esquerda, a editora Lyng-Hou Ramirez Hung, uma das mais talentosas jornalistas com quem trabalhei.