domingo, 26 de setembro de 2010

AS LEIS DO DINHEIRO


Lidar com dinheiro é difícil. Satisfazer necessidades ilimitadas com recursos limitados leva muita gente ao endividamento, a frustrações, a perdas. As reportagens dos jornais e tevês que tentam dar às pessoas orientação para não naufragarem são, em geral, ridículas. De nada adianta um economista engravatado dizer que você compre tudo à vista, econonize para viajar ou faça as compras de Natal em abril. A realidade é bem diferente.
Michael Phillips, 72 anos, foi vice-presidente do Banco da Califórnia e ficou famoso por ter criado o Mastercard. Largou a carreira de executivo financeiro para se dedicar à consultoria financeira pessoal e de empresas, misturando a sabedoria milenar oriental com sua experiência de vida. Em 1974 lançou o livro As Sete Leis do Dinheiro, manual prático para quem não consegue administrar o orçamento. É sério. Não tem fórmulas mágicas, não tem babaquices nem lições de moral. Vale a pena ler. A segunda edição foi lançada de 2008 pela editora Madras.
Aí vai um resumo das sete leis:
Primeira Lei: faça a coisa certa
"Vá em frente e faça o que quiser. Se preocupe com sua habilidade e competências, e não com o dinheiro.
O mais difícil para as pessoas compreenderem sobre o dinheiro é que ele virá a elas se estiverem fazendo a coisa certa. O dinheiro é secundário."
No comovente filme uruguaio "O Banheiro do Papa", baseado num fato real, os moradores de Melo, pequena cidade uruguaia próxima à fronteira com o Brasil, fizeram exatamente o contrário: gastaram o que tinham e o que não tinham na ânsia de ganhar dinheiro extra com a visita do papa João Paulo II, na década de 80. Contavam com os milhares de visitantes que, segundo as rádios locais, viriam para ver o Santo Padre. Foi apenas uma ilusão, que custou caro, pois não fizeram a coisa certa.
Segunda Lei: o dinheiro tem suas próprias regras
"Não seja perdulário, tome muito cuidado, você tem que prestar contas do que está fazendo, nunca ignore o que acontece com o seu dinheiro.Todas as despesas devem ser anotadas, mesmo se você for pobre. A maioria das pessoas inexpefientes comete o erro de esquecer esta regra fundamental, e muitas pessoas sofisticadas também. Os grandes sacerdotes desta lei são os contadores. Eles observam o que está entrando e como é a relação entre receita e despesa, para manter o orçamento em equilíbrio. "
Uma amiga, colega na redação do jornal Zero Hora, conhecida pela firmeza com que lidava com o seu dinheiro, foi "contratada" por um colega para administrar o orçamento dele. Apesar de ganhar um bom salário e ser solteiro, vivia endividado. Em alguns meses, colocou as suas contas em dia, muitas vezes dizendo NÃO quando ele implorava por uma quantia além do que ela determinava para passar o mês. Se você está em dificuldades e não tem um amigo/a assim, faça o que eu fiz há alguns anos: consulte um contador.
Terceira Lei: o Dinheiro é um Sonho
"O dinheiro é, em boa parte, um estado de espírito, muito semelhante aos estados alterados de consciência proporcionados pelo uso de drogas. Ao contrário de um patrimônio, para o dinheiro não há futuro nem passado, só presente. É uma forma de realizar coisas aqui e agora. A pessoa que passa a vida caçando dinheiro está atrás de algo irreal, e acabará com uma existência oca. Minha experiência com pessoas que estabeleceram por meta fazer muito dinheiro é que, quando conseguiram obtê-lo, há muito pouco o que fazer com ele, ou elas se modificaram de tal forma que não são mais o que queriam ser."
Quarta Lei: O Dinheiro é um Pesadelo
"Cerca de 90% dos crimes são cometidos por causa do dinheiro. Pelo menos 80% de todos os crimes consistem em assaltos, arrombamentos, furtos, falsificação. Outros motivos são assassinatos relacionados ao dinheiro. O dinheiro constitui um motivo significativo para que as pessoas estejam na prisão. Provavelmente suas aspirações (a ter $$$) e sua habilidade em acumulá-lo são radicalmente diferentes. Quem comete um crime, com frequência, deseja o dinheiro de um modo tão ardente que se dispõe a correr riscos maiores que a maioria. Alguém apanhado roubando um banco ou uma loja possui uma fantasia a respeito do que o dinheiro pode fazer, e não por estar com fome. O dinheiro é um pesadelo para quem está na prisão como resultado de problemas relativos à forma como tentou obtê-lo."
Quinta Lei: Não podemos, na verdade, dar dinheiro
"O dinheiro é um fluxo que pode ser visto em termos estáticos ou dinâmicos.Em termos dinâmicos, descreve um relacionamento: o emprestador/o que toma emprestado, o vendedor/comprador, o pai/criança. O dinheiro flui em certos canais, como a eletricidade através de fios. Mesmo numa doação, ou um presente, em que não ná retorno monetário, quem doa sempre espera um retorno, mesmo que seja emocional."
Sexta Lei: Não podemos, na verdade, receber dinheiro como presente
"O dinheiro tanto é emprestado como tomado emprestado ou investido. Nunca é dado ou recebido sem queles conceitos implícitos nele. Doar dinheiro requer algum pagamento em retorno. Se não forem reembolsados, os elementos do pesadelo surgem. Lembre-se da Segunda Lei, a qual se aplica também à sexta lei. Quando você obtém dinheiro, deve retribuir algo por isso. O presente em dinheiro não é, na verdade, um presente lógico."
Sétima Lei: Existem mundos sem dinheiro
"Quando você está dormindo e sonha, eis um mundo sem dinheiro. São os mundos das artes, música, poesia, dança, sexo.
Esta lei apresenta uma pequena e irônica distorção, pois o mundo em que vivemos é o mundo do dinheiro, e aqueles que não querem ver isso e negam a função do dinheiro serão, infelizmente, aquelas para os quais o mundo será menos agradável. "
Esta é a minha lei predileta. Curtir um dia de sol, um momento de ternura, o perfume de uma flor, o ar puro da praia ou da montanha. Coisas que não custam nada e dão sabor à vida. Dinheiro é, sim, indispensável. Mas o mais importante é aproveitar o que a vida oferece de bom.
Duas frases geniais:
"Se você alimentar um cão faminto, ele não o morderá. Eis a principal diferença entre o cão e o homem." Mark Twain
"Com um sorriso hei de pagar." De um samba de Noel Rosa

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

COMO VIVER SEM MÚSICA?


Num desses plantões de redação em que nada de importante acontece e o pessoal fica jogando conversa fora enquanto o jornal roda, uma editora disse que na casa dela não tinha aparelho de som porque nem ela nem o marido e as filhas pouco ligavam para a música. Fiquei chocado. Para mim, ouvir música é como respirar.

Meus irmãos velhos contam que quando eu era bebê já tinha meus gostos musicais. Certas canções que tocavam no rádio me deixavam agitado no berço.

Mesmo quando está tudo em silêncio, há uma melodia na minha cabeça. Ouvir Vivaldi ou Corelli de manhã, Led Zepellin ou Neil Young enquanto trabalho em casa, Miles Davis ou Sarah Vaughn à noite faz parte da minha rotina. Cada música,cada disco tem uma história. Viajo pelos Andes ouvindo as quenas e charangos, pela pampa argentina com Atahualpa Yupanki e Mercedes Sosa; passeio pelas ruas de Buenos Aires com Anibal Troilo e Astor Piazzolla, por Miami ou Cali ao som de salsas, cumbias e merengues. Sempre que quero o calor e a alegria do nordeste coloco um disco de Alceu Valença ou de lambada. Para relaxar, nada melhor que um velho e bom reggae de Bob Marley ou Gregory Isaacs.
Os sambas de Noel Rosa, Cartola e Lupicínio e a Bossa Nova de Tom e Vinícius me transportam até os anos 60. O rock me devolve a juventude. As ragas de Ravi Shankar e as suítes de Bach tocadas por Pablo Casals abalam a falta de fé dos mais incrédulos.
A música é, para mim, a maior manifestação divina.







"Quem gosta de música tem vida interior, e quem tem vida interior nunca padecerá de solidão"

Artur da Távola