sexta-feira, 25 de maio de 2018

RECICLE, DOE, PENSE NO PLANETA




A mensagem "Quando não mais necessitar, doe", escrita em português, espanhol,  francês e inglês, está na etiqueta de uma jaqueta jeans da Levi's. Por incrível que pareça, de uma empresa dos Estados Unidos, o país que mais desperdiça, polui, consome energia e água no mundo. 
Valeu o toque. 
Você, que tem roupas que já não usa, doe. 
Não jogue fora. Doe. 
Sempre há quem necessite. 
Leve a um albergue, uma igreja, um asilo.
Recicle. 






quarta-feira, 23 de maio de 2018

TWILIGHT TIME


 



domingo, 13 de maio de 2018

AS IRMÃS ROMANOV

DE CONTO DE FADAS A TRAGÉDIA






Era uma vez... 
Olga, Tatiana, Maria e Anastácia, quatro irmãs lindas, generosas, compreensivas, que se amavam e eram amadas pelos pais. Tinham o título de Grã-Duquesas por serem filhas do tsar Nicolau, da Rússia. Durante a maior parte de suas vidas viveram em palácios, passavam os verões  bordo de um dos iates imperiais navegando, com a família, pela costa recortada da Finlândia ou na ensolarada Crimeia. Como num conto de fadas.
Só se queixavam do isolamento em que viviam, em  parte por causa das preocupações do pai com sua segurança, mas principalmente devido à sua mãe super protetora, a imperatriz Alexandra, neta da rainha Vitória, da Inglaterra. Conservadora e religiosa, não queria que as filhas se contaminassem com o ambiente decadente e corrupto da realeza russa.
O nascimento do tão esperado irmãozinho, o príncipe Alexei, sucessor do pai no trono, reservado apenas a homens, também acabou sendo um motivo de transtornos e preocupações para as irmãs. Hemofílico, o tsarévitch precisava de cuidados constantes, e as crises frequentes abriram caminho ao convívio com o monge Rasputin, único, aparentemente, a conseguir aliviá-las. Visto como charlatão e coisas piores, atraiu a ira de boa parte da sociedade e da nobreza para a família real.
A eclosão da primeira guerra mundial, em que a Rússia, solidária com a França e a Inglaterra, enfrentou a Alemanha, mudou radicalmente esta doce vida que levavam. As mais novas ainda não tinham chegado à adolescência em 1914 quando passaram a dedicar-se, em tempo integral, assim como a mãe, a trabalhar como enfermeiras, cuidando dos soldados feridos.
A guerra foi duplamente desastrosa para o tsarismo russo: no campo de batalha, multiplicavam-se as mortes e as derrotas diante de inimigos muito melhor preparados. Internamente, agigantava-se a revolta do povo contra uma nobreza decadente e insensível diante de seus sofrimentos, e um imperador que teimava em governar com poderes absolutos.
Os revoltosos acabaram obrigando Nicolau a abdicar, e a família foi mandada para uma longínqua cidade da Sibéria. Com os bolcheviques no poder, o último ato: depois de passarem por todo o tipo de humilhações, as quatro irmãs foram fuziladas em 17 de julho de 1918, no porão da casa onde estavam presos em Ecaterimburgo, no Urais, junto com seu irmão mais novo Alexei, que seria o herdeiro do trono, os pais e os poucos criados que permaneceram leais a eles. Olga, a mais velha, tinha 22 anos. Anastácia, a mais nova, 17.

As biografias das irmãs Romanov são contadas com riqueza de detalhes e  um texto impecável pela escritora inglesa Hellen Rappaport no livro As Irmãs Romanov, A Vida das Filhas do Último Tsar. 
Hellen e uma grande equipe fizeram uma pesquisa gigantesca para revelar todos os fatos conhecidos sobre o dia-a-dia das irmãs, seus pais, parentes e as pessoas que os cercaram. É também um excelente relato daqueles anos turbulentos que acabaram com 300 anos da dinastia Romanov e o surgimento da União Soviética. 
São 523 páginas que se lê de um fôlego só, mesmo que já se saiba qual o final de uma das histórias mais impressionantes - e trágicas - do início século XX.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

LEÔNCIO LOBATO NETO (1944 - 2018)






Meu cunhado Leôncio Lobato Neto, irmão mais velho de suas seis irmãs, era um garoto que amava os Beatles,  Elvis, os Platters, Los Cinco Latinos, carrões americanos dos anos 60, o Inter, o Santos,  Fluminense.
Viveu a vida como se tivesse sempre 16 anos - los dulces dieciseis.
Faleceu aos 73 anos, no dia 29 de abril de 2018, de insuficiência renal aguda, no Hospital Tramandaí. Foi sepultado no Cemitério Municipal de Imbé. 
Deixa saudades, e uma bela coleção de discos.
De vinil claro.




Renato e seus Blue Caps, Sarita Montiel, Ray Conniff, Platters. Mais de 300 discos que marcaram uma época.






Dodge Dart 1973, o dojão,  paixão que o acompanhou até que o carrão não podia mais rodar 






Uma excentricidade do Leôncio: adotou o codinome de Telmo Haroldo Lima






Um passeio: com a Lais na ponte pênsil de Torres ...



no restaurante do hotel Farol,



na sede do clube União da ilha do Pavão, em Porto Alegre, com a irmã Lais e a sobrinha Tatiana,




e num passeio de catamarã no rio Tramandaí, em Imbé.



Amigos para sempre: Robson Martelet e Solange Berto, na praia do Quintão (ao fundo,  sua irmã Lais).  Desde que sua mãe foi para uma geriatria e o Leoncio ficou morando sozinho,  Robson vinha pelo menos uma vez por semana até o Imbé para cuidar dele. 



Dario Júnior, um amigo que nunca deixou de telefonar ou 
visitá-lo.  






Um vôo: a bordo de um avião  DC3 do Aeroclube do Rio Grande do Sul. Decolou do aeródromo de Belém Novo e sobrevoou Porto Alegre. As aeromoças estavam vestidas como nos tempos da Varig dos anos 60. 
Antes da decolagem, um brinde com espumante. 





Chegando para uma visita na nossa casa, na rua Santos Neto, em Porto Alegre. 



Em sua casa, na rua Bom Jesus, Imbé




Rodrigo Lobato Duarte, sobrinho do Leôncio (e meu) definiu muito bem quem era ele. O post é do facebook do Rodrigo:



Então você se foi,...
Não tem nem uma semana da perda da Laila (a cachorrinha), agora quem vai é você, que do seu jeito malukinho de ser me ajudou a crescer. Toda vez que eu chegava botava umas 15 camisas de times diferentes por nunca lembrar qual era o meu depois tirar uma por uma até eu falar é esse que eu torço,....
Sempre preocupado que eu era magro fazia batida de banana, me "Zoava" por ainda mijar na cama, era o único em quem eu confiava para tirar meus "bixos de pé ", inventou um carrinho no fundo do quintal que fazia pipoca, cachorro quente e outras coisas antes do food-truck existir, quintal esse que quando anoitecia a gente tinha medo de ir para não levar bronca ao lhe acordar. Porém você acordava a gente cedo 6 da manha ou com seu vozeirão ou com o som dos discos  de vinis - Los Hermanos, The Platters, Elvis Presley  - não é pra qualquer um.
Com você aprendi a gostar de carros antigos antes de virar moda em sobrenatural, eu já curtia o Impala ... e como esquecer do Dodge Dart que andava até com óleo de cozinha ?
 Muitas historias boas suas ficam para contar, boa sorte no lado de lá.
Hoje eu perco um Tio porem o céu ganha um grande homem ! 
Sad !



Além da música e dos carrões, Leoncio adorava jogar snooker. Fazia suas próprias mesas. 
Nesta foto, de 1974,  no quintal da casa da família na rua Faria Santos, com as irmãs Elaine e Lais e o pai, Leoncio Lobato Júnior.



Leoncinho com a vó Dilina (Adelina) na rua da Praia


Nesses 50 dias em que estive todos os dias no Posto de Saúde do Imbé e, depois,  no hospital Tramandaí acompanhando o Leoncio, aumentou meu respeito e admiração pelo profissionalismo e dedicação dos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. 
Um exemplo: a Duda, técnica de enfermagem encarregada da hemodiálise na UTI do hospital Tramandaí,  notou que ele estava muito tenso. Perguntou para mim se gostava de música e que tipo de música. Falei nos Platters, e ela buscou no seu smartphone. Em segundos achou a música "Only You". Ele  sorriu e relaxou.
Mesmo estando no isolamento da UTI, pode continuar ouvindo suas músicas, que gravei num pen drive, com a autorização dos médicos.
Naquele ambiente branco e silencioso onde o limite entre a vida e a morte é muito tênue, os médicos e as equipes de enfermagem foram sempre cordiais com os parentes e amigos dos doentes, dando informações sobre o estado de saúde deles. E ao Leoncio, que passou mais de um mês na UTI, dedicaram atenção especial. Foi tratado com respeito e carinho.
Obrigado, muito obrigado, pelo que fizeram por ele. 



                        "A flor que depositais sobre o meu túmulo murcha;  

                         a lágrima que derramais com minha lembrança se evapora;  

                        porém, a oração que por mim elevais a Deus penetra nos céus 

                          e se converte em abundantes graças..."