terça-feira, 12 de maio de 2015

A HORA DA ENERGIA SOLAR

"Sol, mi padre sol,
calienta el aire con tu llama secular"

Cantata Sudamericana, de Ariel Ramirez e Felix Luna




Um casal de professores residentes no Litoral Norte do RS, ele de natação e ela de hidroginástica, está realizando um antigo sonho: ter a sua própria escola, com piscina térmica coberta. O projeto prevê o uso da energia solar para aquecer a água, parte da qual será coletada das chuvas. Feitas as contas, comprovaram que, mesmo com um custo inicial alto, gastarão bem menos do que usando eletricidade ou lenha, e em alguns anos o investimento dará retorno. 
Antes tarde do que nunca, o Brasil começa a acordar para as vantagens de usar o sol como fonte de energia. 
Mas acorda tarde, muito tarde:  em países como Israel, Alemanha e Estados Unidos é comum as casas, edifícios, empresas e fábricas terem coletores solares para o aquecimento de água e a alimentação de baterias fotovoltaicas, que fornecem energia para aparelhos eletrodomésticos. No Brasil, um dos países mais ensolarados do mundo,  nem a tremenda crise hídríca que a cada ano se torna mais aguda tem motivado o governo mudar a sua política energética para estimular o uso da energia solar. Pelo contrário: continua gastando fortunas na construção de uma terceira usina nuclear em Angra dos Reis, na contramão de uma tendencia mundial de desativação dessas usinas e o uso de fontes energéticas limpas.
Apesar disso, a venda de equipamentos tem aumentado: assim como os professores gaúchos, muitos empresários, especialmente donos de hotéis, têm investido na substituição da energia elétrica e das caldeiras a gás ou madeira, mesmo que os custos ainda sejam muito altos e o retorno demore até dez anos.  Em 2014, a utilização de energia solar no Brasil aumentou 300 por cento. No Rio Grande do Sul, duas empresas de painéis solares estão instalando fábricas, em Rio Grande e em Bento Gonçalves.
Governos de estados assolados pela falta de água também resolveram agir. Em 2013 Minas Gerais eliminou o ICMS da geração de energia solar. São Paulo, Pernambuco e Goiás seguiram o exemplo, e em abril deste ano o Conselho Nacional de Política Fazendária autorizou os demais estados a fazerem o mesmo.   





Na Alemanha já existem 1,5 milhão de instalações para a geração de energia elétrica captada do sol.  Em junho do ano passado, no auge do verão, a energia solar chegou a fornecer 50 por cento das necessidades do país. 
 No Brasil as usinas solares não chegam a cem. Além dos altos custos dos equipamentos e da falta de incentivos governamentais para a sua produção e comercialização, os impostos são altos. Só a energia eólica tem benefícios fiscais. 





Placas de captação de energia solar nos edifícios de uma cidade israelense. Clique sobre a foto para ampliá-la. 

O governo alemão dá incentivos a quem coloca painéis solares para o aquecimento de água nas casas. Num país como o Brasil, um dos mais ensolarados do mundo, não seriam necessários tantos...