domingo, 30 de junho de 2013

SAT: A GAIVOTA JÁ NÃO VOA EM TRAMANDAÍ


Os sonhadores que, nos anos 1960, idealizaram a sede da Sociedade dos Amigos de Tramandaí, a SAT, voavam alto. Não queriam apenas um lugar onde se encontrar, fazer festas e bailes, mas deixar para as futuras gerações um legado de beleza e bom gosto. O prédio, de estilo modernista, tem formas arrojadas, bem de acordo com o espírito do Brasil daqueles tempos, marcados pelo otimismo, pela certeza de dias melhores.  Refletia a Tramandaí da época: um balneário de poucos e pequenos edifícios e muitos chalés de madeira, onde as famílias passavam as suas férias de verão.



  


  



Construído em estilo modernista, de formas arredondadas, o prédio se tornou um marco na arquitetura da cidade.


  Na foto acima, do arquivo do clube, um baile nos bons tempos


Nos últimos anos, à medida que os costumes mudavam e os espigões se destacavam na paisagem da cidade, a SAT entrou em decadência. Em vez do salão cheio, apenas o silêncio.


 Os sócios, os alunos de natação e os de hidroginástica que frequentavam a piscina olímpica térmica sabiam que a situação financeira da SAT era difícil. A caldeira, aquecida a eletricidade, tinha custo alto e exigia manutenção constante, e as mensalidades, de R$ 60,00, não cobriam as despesas.  No início de 2013, a eleição da nova diretoria,  composta de moradores de Tramandaí e presidida por uma mulher,  deu-lhes um novo alento. Havia a expectativa de uma campanha para a recuperação do mais antigo clube do Litoral, fundado no dia 5 de fevereiro de 1945, com a ajuda da sociedade e do poder público.   








 Pouco tempo depois da posse, começaram os boatos de que parte da sede estava sendo negociada com uma construtora para o pagamento das dívidas. A dura realidade veio na forma de tratores que derrubaram a área onde funcionava a boate. Antes que a gaivota erguida em pedra, o símbolo do clube, viesse abaixo, o Ministério Público pediu e obteve na Justiça o embargo da demolição, questionando o seu valor histórico e os interesses difusos em jogo.
Na primeira semana de  junho de 2013,  os funcionários trabalharam alguns dias sem energia elétrica, cortada por falta de pagamento. Sem saber o que fazer, fecharam as portas.
A gaivota já não voa na Capital das Praias.
 O sonho acabou.


  




A fachada da SAT - ou o que sobrou dela - mostra o abandono da sede do clube,
de portas cerradas desde abril de 2013. 
Uma cena triste de se ver.  


Para ampliar as fotos, clique duas vezes sobre elas





segunda-feira, 24 de junho de 2013

DERECHOS IGUALES

Das poucas palavras da língua quíchua que aprendi nas minhas andanças pelos Andes, em 1972, as primeiras foram cholo/a (índio/a), chumar (beber, se embebedar) e chicha (uma bebida alcoólica caseira feita de milho). E me chamou a atenção que entre os índios otavaleños (da região de Otavalo, no Equador), onde morei com os amigos Pedro Port e Mário André Coelho de Souza por seis meses, é hábito, especialmente nas festas, que as mulheres também bebam. Bebam até cair, se quiserem.
Só que os casais não bebem juntos. Respeitam a máxima: "Cuando índio  chuma, índia no chuma. Cuando índia chuma, índio no chuma".
Víamos, num dia,  um marido completamente embriagado, clamando contra o mundo, contra a  sua mala suerte.  Às vezes xingava a mulher, batia nela, que esperava, resignada, que a raiva passasse. Às vezes  o porre era curado na calçada, ela sentada ao lado, tecendo seus fios de lã, até ele acordar e os dois irem para sua casa, lá nas encostas das montanhas.
Mas o incrível era ver, outro dia,  mulheres no mesmo estado. Gritando, reclamando, batendo nos maridos. E eles também, pacientes, esperando passar o efeito da cachaça de aniz, da cerveja, da chicha.
Entre os otavaleños e outros grupos indígenas andinos as mulheres exercem, há séculos, muitos direitos que só recentemente foram conquistados pelas mulheres ocidentais. Um deles é o de beberem sem serem incomodadas...

Esta poesia, de Pedro Port, é inspirada nas cenas que observávamos da janela da nossa casa:


 
 
 
 
Cholitas otavaleñas no mercado dos sábados.
Outras histórias sobre Otavalo e os Andes estão no blog


sábado, 22 de junho de 2013

LUA NO MAR




O primeiro dia do inverno de 2013 termina com a superlua nascendo no mar do Imbé.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O MAITRE ESCULTOR



Luciano Souza Lima é maitre do hotel Termas, no Gravatal, estação de águas termais localizada no sul de Santa Catarina. Mas nas horas vagas se diverte esculpindo pinguins, rosas, tartarugas, corujas e o que mais lhe surgir na cabeça para decorar as mesas onde é colocado o bufê. As esculturas, feitas de frutas e legumes, acabam chamando tanta atenção dos hóspedes  quanto as saladas, os filés e as sobremesas. Poucos resistem à tentação de fotografá-las.


Uma coruja de moranga e rosas feitas de nabos


Mandala de melancia


Pinguins de berinjelas


Um galo de abacaxi, escoltado por tartarugas de abóbora...



e uma galinha com seus pintinhos




Entre o café da manhã e o almoço, o artista mete a mão na massa...



domingo, 16 de junho de 2013

A DOMICÍLIO


A bike é incrementada. O serviço, feito em casa,  tem garantia.


segunda-feira, 10 de junho de 2013

FOG


AS JÓIAS DE ALEIJADINHO EM CONGONHAS






Congonhas não tem  um casario colonial impressionante como Ouro Preto, Tiradentes, Diamantina e outras cidades históricas de Minas Gerais. Mas visitá-la, nem que seja por algumas horas, é obrigatório, para ver de perto a maior obra de Aleijadinho: os 12 profetas em tamanho natural, esculpidos em pedra sabão na frente do Santuário Bom Jesus de Matosinhos.
Declarado Patrimônio Histórico Mundial pela Unesco, o conjunto arquitetônico inclui seis capelas onde é narrada a paixão de Cristo, com 64 imagens talhadas em cedro pelo escultor.  







Daniel




Jonas



Naum




Amós



Isaías


Joel


 Ezequiel

Congonhas, a 85 quilômetros de Belo Horizonte, faz parte das cidades ligadas pelo Caminho Real, que no século 18 ligava Diamantina a Ouro Preto, Tiradentes e Paraty, de onde os diamantes e o ouro eram embarcados para Portugal. 


domingo, 9 de junho de 2013

FIM DE SEMANA EM TRÊS TEMPOS

 
Onze horas de sábado. Só agora o sol começa a aparecer nesta rua de Petrópolis onde outrora  havia apenas casas e prédios de no máximo quatro andares. 
Com a proliferação dos espigões,  durante o outono e o inverno a  rua fica na sombra durante quase toda a manhã.
 
 
 
 
Cinco da tarde de sábado. O carro contorna a lagoa dos Barros. Lá no fundo, o parque eólico.
 
 

Domingo, onze da manhã. Dia de sol à beira mar, na praia de Imbé. A temperatura agradável e o ar puro são um convite à caminhada.

terça-feira, 4 de junho de 2013

SEM PESOS, SEM MEDIDAS

Há até dois anos os brasileiros conviviam com 12 tipos de plugues e oito de tomadas. O Inmetro, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, resolveu o assunto decretando que o país só admitiria um modelo, de três pinos, mais seguro e econômico.  Os viajantes passaram a levar na bagagem adaptadores para poderem usar seus computadores e barbeadores. Os estrangeiros que vêm ao Brasil não entendem nada: estes plugues e tomadas só existem aqui. A adaptação de aparelhos e prédios tem causado transtornos, mas a mudança é benéfica - pelo menos agora existe um padrão. Mais importante: fica provado que, se as autoridades quisessem, poderiam acabar de vez com a enorme confusão de pesos e medidas que atormentam os brasileiros.
Padronizar as telhas, por exemplo. Quem constrói uma casa hoje e daqui a um ano precisar de dez telhas iguais, não vai conseguir. Terá que trocar todo o telhado.
E as roupas? Cada fabricante faz a confecção no tamanho que lhe dá na ... telha. A mesma calça pode ter o número 46 maior que o 48. As mulheres, são as que mais sofrem, especialmente aquelas que querem andar bem vestidas. Nos últimos anos, os tamanhos têm diminuido, como se todas tivessem encolhido. Para as mulheres brasileiras normais, adultas, saudáveis, é uma luta conseguir algo que lhes sirva. As vitrines só mostram manequins pré-adolescentes, com roupinhas de tamanho  infantil. Como se só existissem magrelas.
Agora, o que as mulheres sentiam nas lojas ficou comprovado na forma de uma declaração chocante: Mike Jeffries, principal executivo da grife norte-americana Abercomble and Fitch, disse que a marca parou de produzir roupas dos tamanhos GG e XG para que ela seja associada apenas às magras e bonitas.
O jornal Folha de S. Paulo foi atrás e constatou que no Brasil a situação é semelhante. Em reportagem intitulada Grifes nacionais se distanciam das medidas da silhueta brasileira média, o jornal consultou, durante duas semanas, nove lojas em shoppings e lojas-conceitos de grifes brasileiras em São Paulo, entre elas Iódice, Alexandre Hercovitch, Ellus, Reinaldo Lourenço, Osklen, Gloria Coelho, Forum e Forum Tufi Duek. Em nenhuma delas havia peças das linhas principais nos tamanhos GG, e, pior: as medidas usadas para definir a modelagem dessas grifes - do P ao G ou do número 36 ao 46, pouco condizem com a s medidas reais da mulher brasileira.
Na reportagem há dados preliminares de um estudo do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do Senai (Senai Cetiq) iniciado em 2006, a maior pesquisa já feita no país sobre as medidas das brasileiras, com 6.800 pessoas.

 
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 A pesquisa mediu os tamanhos dos vestidos dessas grifes e comparou as peças às medidas médias dos corpos das mulheres do Sudeste. Concluiu que nos tamanhos 42 e 44, as mais usadas, eles teriam que ser cerca de 10 centímetros maiores para servir.
Assim, uma mulher que normalmente usa roupas de tamanho 42 necessitaria optar por um ou dois números a mais para caber nelas.
Não está na hora do Inmetro enfrentar os ditadores da moda e estabelecer medidas - padrão também para as roupas?

Leia a reportagem da Folha aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1286908-grifes-nacionais-se-distanciam-das-medidas-da-silhueta-brasileira-media.shtml




domingo, 2 de junho de 2013

SEXO SELVAGEM