Só que os casais não bebem juntos. Respeitam a máxima: "Cuando índio chuma, índia no chuma. Cuando índia chuma, índio no chuma".
Víamos, num dia, um marido completamente embriagado, clamando contra o mundo, contra a sua mala suerte. Às vezes xingava a mulher, batia nela, que esperava, resignada, que a raiva passasse. Às vezes o porre era curado na calçada, ela sentada ao lado, tecendo seus fios de lã, até ele acordar e os dois irem para sua casa, lá nas encostas das montanhas.
Mas o incrível era ver, outro dia, mulheres no mesmo estado. Gritando, reclamando, batendo nos maridos. E eles também, pacientes, esperando passar o efeito da cachaça de aniz, da cerveja, da chicha.
Entre os otavaleños e outros grupos indígenas andinos as mulheres exercem, há séculos, muitos direitos que só recentemente foram conquistados pelas mulheres ocidentais. Um deles é o de beberem sem serem incomodadas...
Esta poesia, de Pedro Port, é inspirada nas cenas que observávamos da janela da nossa casa:
Cholitas otavaleñas no mercado dos sábados.
Outras histórias sobre Otavalo e os Andes estão no blog
Nenhum comentário:
Postar um comentário