sábado, 29 de outubro de 2011

ARTE MODERNA NÃO É ARTE

Qual é o valor artístico de um bezerro cortado ao meio e mergulhado em formol ou bonecos "enforcados" numa árvore? Nenhum, mesmo que tenham sido avaliados em milhões de dólares pelo mercado de arte.
Quem afirma isto não é aquele pobre entrevistado pela repórter de tevê numa exposição de arte moderna que simplesmente não encontra palavras para descrever o significado de um pedaço de parede ou uma bandeira rasgada ao meio. Em "O Inverno da Cultura", livro publicado na França, Jean Clair, ensaísta respeitado, membro da Academia Francesa, curador de exposições importantes e diretor, por muitos anos, do Museu de Paris, afirma que a arte moderna representa mais a lógica do mercado do que a verdadeira arte.
Clair escreve "arte moderna" assim, entre aspas. Considera loucos, obscenos, os preços obtidos por algumas peças leiloadas por especuladores travestidos de marchands.

Mother and Child Divided, vaca e bezerro divididos ao meio em vitrines de formol, de Damien Hirst

O livro de Jean Clair ainda não foi publicado no Brasil, mas só o fato de alguém ter coragem de afirmar o que muitos pensam mas não se atrevem a dizer para não contrariar a crítica especializada - pelo menos em público - já é um enorme alívio. 
De agora em diante todos aqueles que, por medo de parecerem ignorantes, se obrigavam a procurar vestígios de talento em pedaços de arame retorcidos, telas borradas se qualquer nexo ou "instalações" onde só o artista se divertiu, podem falar a verdade: é lixo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

LA MER


Belíssima canção composta por Charles Trenet em 1943 durante uma viagem de trem pela costa francesa do Mediterrâneo



La mer
Qu'on voit danser le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie


La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer bergère d'azur
Infinie


Voyez
Près des étangs
Ces grands roseaux mouillés
Voyez
Ces oiseaux blancs
Et ces maisons rouillées


La mer
Les a bercés
Le long des golfes clairs
Et d'une chanson d'amour
La mer
A bercé mon coeur pour la vie

O Mar

O mar
que se vê dançar ao longo dos golfos claros
tem reflexos de prata,
O mar,
reflexos mutantes
sob a chuva


O mar,
sob o céu de verão confunde
suas ovelhas brancas
com os anjos tão puros
O mar, pastor do azul
infinito


Vejam
perto dos charcos,
esses grandes juncos molhados
Vejam
esses pássaros brancos
e essas casas ferrugentas


O mar
embalou-os
ao longo dos golfos claros
e (ao longo) de uma canção de amor
O mar
embalou meu coração para a vida

domingo, 23 de outubro de 2011

MILAGRE!

Eles também caminham sobre as águas

ANTI-PROPAGANDA

Senhores publicitários, senhores empresários: colocar outdoors nos morros é o fim da picada.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

IMBÉ, ANO 2111


Há cem anos pouca gente acreditava nesta história de aquecimento global. O Imbé era uma praia agradável, bem cuidada, com calçadão pontilhado de quiosques. As casas junto à orla eram as mais valorizadas. A vista para o mar era o maior argumento dos corretores de imóveis.
Mas, lentamente, as ressacas foram se tornando mais violentas. As ondas passaram do calçadão, tomaram a avenida, bateram nos muros das casas.
 O canal que liga as lagoas ao mar, chamado de rio Tramandaí, desrespeitou a barreira dos molhes de pedras para voltar ao antigo leito do braço morto, devorando os terrenos e casas que o impediam a seguir o curso natural rumo ao norte.
A avenida e o calçadão, abandonados, foram presas fáceis das dunas de areia, que recuperaram o espaço que os homens nunca deveriam ter tirado delas.
Em 2011 pouca gente acreditava no aquecimento global.



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

FELICIDADE

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.


Vicente de Carvalho
1866 / 1924

JANELANDO

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SUNSET ON THE ROAD

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O INFERNO SÃO OS OUTROS


O cara compra o seu apartamento, um bom apartamento,  daqueles dos anos 60, com quartos e  sala grandes, uma cozinha onde se pode circular, banheiro com banheira. Num belo dia, um  vizinho vende a sua casa para uma construtora, que demole o prédio e inicia a construção de um  edifício gigantesto. Ele cresce, cresce, cresce. Tapa o sol, interrompe o vento. As roupas já não secam, as paredes mofam. Como disse Jean-Paul Sartre, o inferno são os outros.