sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

QUATRO COISAS QUE NÃO VOLTAM




A pedra atirada,
a palavra dita,
a ocasião perdida,
o tempo passado.





sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

NATAL COLORIDO COM GARRAFAS PET






Garrafas pet, boa vontade e criatividade.  Basta isto para fazer uma belíssima decoração de Natal numa cidade, seja qual for o seu tamanho.
Cada vez mais comunidades de todo o país têm embelezado as suas festas natalinas, com apoio dos administradores municipais, até porque os custos são baixíssimos - nem é preciso reservar verbas no orçamento. A decoração de Belém do Pará é a mais famosa, com verdadeiras obras de arte feitas de material reciclado. 
No Rio Grande do Sul, enfeites coloridos alegram as ruas de Torres a cada final de ano.  Bem que outras cidades - e, por que não,  Porto Alegre - podiam seguir o exemplo da mais bela praia gaúcha. 











Decoração de Natal de 2014 em Torres, RS



 

sábado, 13 de dezembro de 2014

MORRETES, PARANÁ


Pequena joia arquitetônica do século XIX, Morretes, assim como Paraty, Tiradentes e tantas outras pequenas cidades do período colonial, teve seu casario preservado por ter ficado à margem do progresso econômico.  
Localizada no pé da Serra da Graciosa, a cidade era parada dos tropeiros que vinham de  Curitiba, 900 metros acima, com produtos do planalto paranaense destinados aos portos de Antonina e Paranaguá,  onde eram embarcados. Os comerciantes de Morretes negociavam com os tropeiros e os lucros permitiram a construção das belas residências e prédios públicos que hoje encantam os turistas. 
Esta boa fase terminou em 1873, quando foi concluída a Estrada da Graciosa. Pavimentada  com paralelepípedos, seguia o traçado da antiga trilha dos tropeiros  e terminava no porto de Antonina, 13 quilômetros adiante. Mas foi a partir de 1885, após a inauguração da ferrovia Curitiba-Paranaguá, que tanto Morretes como Antonina perderam a sua importância econômica. A recuperação só começou na década de 1970 com a exploração do seu potencial turístico.





Igreja Matriz de Nossa Senhora do Porto, inaugurada em 1850





O clima bucólico, os prédios conservados e o cuidado com a conservação das ruas e praças encantam os turistas. 
Quem visita Morretes não pode deixar de saborear o barreado, prato à base de carne cozida típico da região. 



A mesma ferrovia que no século XIX condenou a cidade à decadência hoje traz diariamente  centenas de visitantes. Os trens turísticos saem de Curitiba às 8h e partem de volta da estação de Morretes às 15h. A viagem dura cerca de três horas. 





Vale a pena descer ou subir a Serra da Graciosa por esta estrada inaugurada em 1873. 
Dos 30 quilômetros do percurso através da Mata Atlântica, dez ainda têm a pavimentação original, com paralelepípedos.


Marco inicial da Estrada da Graciosa, junto à BR 101, na Região Metropolitana de Curitiba. 






quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

CURITIBA


Cosmopolita, rica, moderna





Uma cidade limpa, com trânsito e transporte coletivo organizados, um povo bem-educado e hospitaleiro, hotéis, teatros, shoppings, bares e restaurantes para todos os gostos e exigências. Onde qualquer europeu, norte-americano ou brasileiro,  é claro, se sente em casa.  A capital do Paraná é isso. 
Ponto de parada de tropeiros, a partir de 1870 Curitiba passou a receber imigrantes poloneses, italianos, alemães e, no início do século XX, japoneses. Em 1975, uma geada absurdamente forte queimou as lavouras de café e  boa parte dos 2,5 milhões de trabalhadores rurais do interior do estado vieram para a capital em busca de trabalho.
 Uma sucessão de excelentes administradores, no Estado e na capital, mudou a feição de Curitiba, e ela subiu rapidamente na pirâmide das capitais com o melhor IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano  Municipal - do país. Hoje ela é a terceira, atrás de São Paulo e de Brasília. Mas para quem busca qualidade de vida, ela é, sem dúvida, a primeira. 





O transporte coletivo tem qualidade 



Quase todos os táxis são grandes e novos. Quase todos os taxistas são bem-educados e aceitam cartões de crédito. 



Uma pedreira abandonada é cenário para uma casa de espetáculos para 2.400 pessoas, o Teatro Ópera de Arame. Tem estrutura de tubos de metal e teto de policarbonato transparente. 
Inaugurado em 1992, o teatro é cercado por mata nativa, e em seu lago podem ser vistas carpas e outros peixes. 




O nome oficial é Museu Oscar Niemeyer, mas os curitibanos, por motivos óbvios, o apelidaram de Museu do Olho. 
O projeto tem a marca futurista de Niemeyer, e foi inaugurado em 2001. Em seus 35 mil metros de área construída tem exposições de artes visuais, cursos e oficinas.  Tem também um centro de documentação e pesquisa, tudo gratuito e aberto ao público. 
No seu acervo podem ser vistas, além de obras de pintores paranaenses, quadros de Tarsila do Amaral, Andy Warhol, Portinari e Di Cavalcanti. São mais de três mil peças. O número de visitantes impressiona: mais de dois milhões desde 2013, quando foi iniciada a contagem. 








São oito grandes shoppings, onde não falta  nenhuma das mais famosas grifes nacionais e internacionais: Luis Vuiton, Tiffany, Benetton, Prada, Daslu, Kipling, Versace, Armani, Valentino. 
Nas praças de alimentação, além dos burgers e pizzas, iguarias da cozinha tailandesa, árabe, japonesa ou mineira.
 Até o prosaico cachorro quente é feito com requinte. 




Tecidos sofisticados, como a seda pura? Uma raridade, mesmo em capitais brasileiras. 
 Aqui tem, na loja Phoenix. 



Livros e discos usados e novos, numa loja ampla e organizada? 
Aqui tem, no brechó Fígaro.



Maior atração turística da cidade, o Jardim Botânico é também uma área de lazer muito frequentada pelos moradores. Atrás de jardins de linhas simétricas, uma estufa gigante em estilo art nouveau inspirado num palácio de Cristal que existiu em Londres no século XIX  protege as plantas tropicais do frio do inverno.  



A rua 24 Horas poderia mudar o nome para 12 horas: ao anoitecer quase todos os bares, restaurantes e lojas fecham por falta de segurança. 
Afinal, Curitiba fica no Brasil. 




Clique duas vezes sobre as fotos para ampliá-las




 



domingo, 16 de novembro de 2014

CARLOS WAGNER, UM "PURO-SANGUE"


Em Front Page (Primeira Página), filme de 1974 dirigido por Billy Wilder, o editor-chefe de um jornal da década de 30, representado pelo ator Walter Matthau, faz de tudo - ameaças, chantagem,  promessas de aumento salarial - para que seu principal repórter (Jack Lemmon) volte atrás da decisão de trocar  aquela vida dura e instável  por um bom emprego e finalmente casar com a namorada (Susan Sarandon). 
Assim como no filme, ter na equipe o maior número possível de repórteres que topam qualquer parada na busca da informação é o sonho de todo diretor de redação que tenha como meta superar os concorrentes, aumentar as vendas (de jornais e revistas), a audiência (nas tevês e meios digitais), o faturamento da empresa. 

A saída de Carlos Wagner de Zero Hora, aposentado depois de 31 anos de trabalho no jornal,  em outubro de 2014,  seria comparável à derrota de Matthau em Front Page (não, não vou contar o final do filme...) na sua luta para  manter o seu melhor repórter.  Wagner acumulou dezenas de prêmios regionais e nacionais de reportagem -  é um dos jornalistas mais premiados do Brasil -, tem carisma e fez incontáveis amigos entre seus colegas de profissão e pessoas que conheceu em milhares de entrevistas.
 Ele é dessa espécie conhecida nas redações como puro-sangue, tão  rara entre os jornalistas de todas as épocas, e mais ainda nestes tempos redução de custos devido à queda no faturamento das empresas. 
Este tipo de repórter tem um envolvimento emocional com a profissão, à qual dá prioridade total - que o digam os seus familiares.  Nunca cede à tentação de aceitar cargos de chefia ou empregos paralelos para ganhar mais e trabalhar menos.
 Diretores e editores autoritários e medíocres preferem os repórteres "bem mandados", que cumprem as pautas com resignação bovina.  Trazem matérias corretas, comportadas, que não darão problemas, para ele ou os chefes. Mas dificilmente terão emoção, polêmica, impacto. No  dia seguinte serão esquecidas. Uma boa reportagem, ao contrário, ficará na lembrança de quem as leu ou viu.
Para o repórter puro sangue, cada dia é um desafio - até naquele domingo frio e chuvoso quando nada de importante parece acontecer. Ele sempre briga por suas ideias, mesmo que a  viagem de dois dias por estradas barrentas do interior atrás de um assunto fantástico  não dê em nada.
Geralmente é cabeçudo, indisciplinado, detesta a rotina. Incomoda os editores, mas vale a pena - e como - valorizá-lo. A reportagem é - e sempre será - a alma do jornalismo. 



No seu blog Território Latino, Léo Gerchmann,  do jornal Zero Hora, publica uma divertida entrevista com Carlos Wagner, temperada com frases do repórter, no dia em que ele anunciou sua aposentadoria. Entre no link abaixo para ler:

http://wp.clicrbs.com.br/territoriolatino/2014/10/22/os-causos-e-as-frases-de-carlos-wagner-leia-vale-a-pena/





DO BAÚ DE MEMÓRIAS



A Folha da Manhã, do grupo Caldas Júnior, pilotada de 1974 a 1978 por Ruy Carlos Ostermann, foi uma dos mais belas experiências do jornalismo gaúcho, com uma equipe jovem, talentosa e profissionalizada.  A prioridade era o jornalismo investigativo, com a maioria das pautas criadas à noite, depois do fechamento do jornal, em bares e restaurantes de Porto Alegre como a churrascaria Itabira, na avenida Getúlio Vargas. 

Foi numa dessas conversas que surgiu a ideia de investigar para onde ia o ouro velho comprado nas ruas do centro da cidade. A reportagem comprovou que o ouro era derretido  e levado clandestinamente em lingotes para o Uruguai.  
Duas décadas mais tarde, Carlos Wagner, em suas idas à região de Passo Fundo, ficou sabendo que meninas da região eram trazidas a Porto Alegre para se prostituírem. Durante meses seguiu as pistas obtidas em dezenas de conversas em cabarés das duas cidades até chegar a "Buda", como era conhecido o líder da rede de tráfico. 
Os dois casos  tiveram grande repercussão. A polícia foi atrás e prendeu os envolvidos, que foram processados e condenados. 








segunda-feira, 10 de novembro de 2014

JANELANDO NO AEROPORTO SALGADO FILHO


Aeroporto Salgado Filho, Porto Alegre


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

E A PRETINHA SE FOI








A Preta e o Lord




A Mel, a Preta e o Lord










A Preta morava nas tubulações da Petrobras, na barra do rio Tramandaí, em Imbé. Resgatada pela dona Eli e adotada pelo casal Maria Luíza Borges (Malu) e Sérgio Krepsky, nunca  negou suas origens: seu hobby era"gauderiar" - dar uma banda pela praia, rever os antigos companheiros, fazer novas amizades. 
Mas tinha espírito de uma lady. Dócil, bem-educada sem nunca ter tido cursos com adestradores. Incapaz de hostilizar outros bichos ou pessoas, ela conquistava a todos. Era a mascote da rua Passo Fundo,  no Imbé, onde morava, e mesmo nos tempos em que viveu no centro de Porto Alegre era reconhecida: 
"Olha a Preta!"
Adorava andar de carro e comer uma boa comidinha, para não ficar só na ração. Quando fazia churrasco, Sérgio assava  carne sem sal especialmente para ela e suas irmãzinhas, Branca e Mel. 
Curtia música - passava horas deitada junto ao aparelho de som - e tomar banho de sol. 
Velhinha, começaram a aparecer problemas de saúde. Uma crise renal acabou levando a Pretinha, no dia 2 de Novembro de 2014, dia de Finados. Quem conviveu com ela sentirá saudades.
 São raros os seres - humanos ou não - com tanta sensibilidade e alegria e viver. 
Ela foi uma cachorrinha bon vivant

As  fotos  acima são das temporadas de verão que a Preta passou com os padrinhos Lais e Clovis e com o amiguinho Lord, no Imbé. 


A DESPEDIDA






A despedida da Preta, no dia 15 de novembro de 2014. 
Num belo sábado de sol,  depois ler a oração de São Francisco, Malu enterra as cinzas no quintal da casa do Sérgio e da Malu, onde a cachorrinha viveu,  no Imbé. Os amigos Ana, Jane, Laís, Nei, Adair, Clovis e os amiguinhos Mel, Lua e Lord estavam lá.



LEMBRANÇA DOS BONS TEMPOS



Preta, entre a Mel e a Branca, na casa da Malu e do Sérgio no Imbé, em 2008.
Foto de Sérgio Krepsky





sábado, 25 de outubro de 2014

IPANEMA, NO RIO GUAÍBA

UMA VÍTIMA DA POLUIÇÃO





Ipanema, uma beleza de praia no rio/lago Guaíba, 18 quilômetros ao sul de Porto Alegre. está nos trinques.Tem ciclovia, calcadão,  bares, restaurantes. É tranquila, arborizada. Aos fins de semana, porto-alegrenses de todos os bairros curtem a beira do rio, sozinhos, em família, com os cachorrinhos. 
Quem chega de fora certamente vai achar estranho: ninguém entra na água para tomar banho, por mais quente que esteja o dia! 



Até a década de 1960, Ipanema era um balneário. Famílias de classe média de Porto Alegre  tinham lá os seus chalés de madeira, as mais abastados construíam boas casas na avenida à beira do rio,  e nos meses de janeiro e fevereiro fugiam do calor da cidade para se refrescar nas águas rasas e de poucas ondas do Guaíba. Com a construção da autoestrada Porto Alegre-Osório, o litoral ficou acessível, e a orla do rio mudou de perfil.  As casas de veraneio foram vendidas, Ipanema tornou-se um bairro de moradores e cresceu. 
Córregos antes limpos passaram a receber o esgoto de uma população cada vez maior, lançando suas línguas escuras e malcheirosas em vários pontos da praia.  O rio recebe também  resíduos industriais e domésticos de toda região metropolitana. 
Obras de saneamento tem sido feitas nestas cinco décadas, promessas se repetem a cada administração. A última é de que depois de 2016 a praia estará despoluída e os porto-alegrenses poderão voltar a tomar banho nas águas de Ipanema. Tomara...