quarta-feira, 25 de novembro de 2009

FOG







quarta-feira, 11 de novembro de 2009

GUARDIÕES DO IMBÉ


Advogados, juristas, engenheiros, professores, funcionários públicos. Jovens, de meia idade ou aposentados, eles têm em comum a causa da defesa da praia do Imbé, no litoral norte do Rio Grande do Sul, da ação predadora dos administradores públicos e especuladores imobiliários.
Estão organizados desde 1986 na Associação Comunitária do Imbé - Braço Morto. Durante o verão se reúnem informalmente todas as semanas para tomar cafezinho e trocar idéias, e pelo menos uma vez na temporada são convocadas Assembleias Gerais, com a participação de associados e veranistas. No inverno se comunicam pela internet e em encontros em Porto Alegre ou no Imbé.
As vitórias que a associação já obteve são notáveis. Ainda em 1986 conseguiu barrar a construção de molhes da barra do rio Tramandaí, depois de comprovado que a obra causaria a invasão da parte norte da praia pelas águas do mar. Outra luta judicial, seguida de vitória, foi o embargo da retirada das dunas para a construção de um calçadão na beira mar. O prefeito da época teve que mudar o projeto, respeitando as dunas.
A associação também recorreu à Justiça para demolir um estaleiro particular, construído irregularmente, com a complacência da prefeitura, na margem do rio Tramandaí. Agora, a luta é para impedir que a prefeitura e a Câmara de Vereadores prossigam nos seus propósitos de liberar a construção de edifícios,  deformando o projeto urbanístico que concebeu o Imbé como Cidade-Jardim,  de residências unifamiliares. Um desafio formidável. Mas ninguém espere que estes guardiões do interesse público desistam.


No calçadão sem dunas, tratores têm que repor a areia deslocada

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

OS BARES DA MINHA VIDA


Alguns bares e restaurantes são especiais, como pessoas queridas com quem temos uma relação fraterna e intensa, até que a vida nos separa. Alguns fecham, outros mudam de direção e cardápio, perdem qualidade e deixamos de frequentá-los. Ficam na memória as lembranças de noitadas, almoços, jantares compartilhados com amigos, parentes, colegas de trabalho, namoradas/os.
Há, claro, aqueles casos raros dos bares e restaurantes que atravessam as décadas sem perder o padrão de qualidade, conquistam novos clientes e mantém os antigos: Pedrini, Barranco, Gambrinus.
Minha memória gastronômica de Porto Alegre inicia com o Sherazade, no alto da avenida Protásio Alves, onde ainda adolescente bebi meus primeiros chopes.
Depois, já na faculdade de Jornalismo, passei a freqüentar o bar Alaska. Ficava na Osvaldo Aranha, quase esquina com a Sarmento Leite. Estudantes de Filosofia, Jornalismo e Letras conviviam com os de Engenharia, Arquitetura, Economia e Biociências, todos vizinhos no campus central da Ufrgs até o início da década de 70. Comiam salsichões bock, bebiam cerveja e fumavam sem parar enquanto discutiam os problemas do país e do mundo. Passeatas de protesto contra o regime militar eram tramados naquelas mesas, em conversas cochichadas no meio da gritaria geral. Namoros começavam e acabavam todas as noites. Era uma bagunça, regida pelo maestro/garçom Isaac.


O Líder funcionava na esquina da Independência com Barros Cassal. Estava sempre lotado, mas ninguém se importava de esperar mesa encostado no balcão, bebendo um chôpe. Comíamos filé de peixe com chucrute e salada de batata, bolinhos diversos, e, para acompanhar, uma mostarda fortíssima, de fazer chorar... de felicidade. Quando o dono morreu, os garçons assumiram o negócio, sem perder o pique. Mas eles foram envelhecendo, o lugar perdeu o charme e, o que fazer, o Líder fechou.

O Doce Vida era bem mais que um restaurante. Comia-se bem, sim, mas ali também era o ponto de encontro de jornalistas, artistas plásticos, intelectuais e estudantes. Uma festa diária, que só acabava de madrugada.
O cardápio foi desenhado pelo cartunista Edgar Vasques, e sempre havia exposições de pinturas, esculturas e fotos no andar de cima do casarão da rua da República. No salão principal, uma TV passava vídeos interessantes (estávamos nos anos 80, na era do videocassete).
Tudo era novidade, tudo era in. Vinha gente até do interior para conhecer o lugar.
Um dos primeiros restaurantes da Cidade Baixa, hoje um dos mais efervescentes bairros da cidade, com um bar ao lado do outro, o Doce Vida foi uma criação dos jornalistas Gerson Schirmer e Ana Maria Barros Pinto. Criativos, carismáticos e bem humorados, contavam na cozinha com a mão firme da mãe da Ana. A história e as histórias do restaurante certamente dariam um livro.

O Lugar Comum, na Santo Antonio, também funcionava numa casa enorme, e tinha obras de arte nas paredes. Mas o forte era a cozinha, com um cardápio à base de culinária brasileira. Assim como o Doce Vida, tornou-se uma referência na cidade, e não deixou seguidores.

São raros os restaurantes com música ao vivo em que se pode jantar e conversar tranquilamente, desfrutando do show musical. Em geral, os músicos se tornam inconvenientes ao disputarem, com o volume alto das caixas de som, a atenção dos clientes. O Tivoli, da Protásio Alves perto do colégio Isarelita, era uma exceção. Apresentava cantores e bandas de música popular brasileira de bom nível, com um sistema de som adequado ao tamanho (pequeno) do restaurante. Os clientes iam lá pelo qualidade da comida e pelos shows. Valia o couvert artístico.


Já pensou, jantar à luz de velas num restaurante com vista para a cidade lá do alto do morro de Santa Teresa? Isto já foi possível. O restaurante Panorâmico, localizado junto ao mirante do morro, era o xodó dos casais. A iluminação fraca ressaltava o charme das velas nas mesas e as luzes de Porto Alegre, brilhando do outro lado das janelas enormes. Nunca houve um lugar tão apropriado para um jantar romântico.

A capital dos gaúchos tem centenas de churrascarias, mas é difícil um restaurante onde se pode comer um bom carreteiro de charque com quibebe e outras delícias campeiras. O Recanto do Tio Flor, que funcionou na avenida Getúlio Vargas, quase esquina com José de Alencar, era especializado na culinária da campanha. O carreteiro vinha para a mesa fumegando, numa panela de ferro.
Apesar do pouco espaço, tinha shows de dança folclórica, com o inconveniente de alguma poeira levantada pelas botas dos dançarinos pousar sobre as mesas. Mas ninguém ligava.

Não longe dali, na rua João Alfredo, o Galo Português proporcionava não apenas uma deliciosa imersão na culinária portuguesa como uma viagem ao país dos nossos colonizadores. Ao cruzar a porta de entrada, o cliente era envolvido pelos fados de Amália Rodrigues. A decoração típica, com imagens e pôsteres de cenários portugueses, dava o clima de um restaurante de Lisboa. Como complemento, havia as histórias do dono, um português que emigrou para Angola e fugiu de lá depois da independência para reiniciar a vida no sul do Brasil.

Ah, e o vinho importado da terrinha custava quase o mesmo que o nacional.

Estes foram alguns dos bares e restaurantes de Porto Alegre que me deixaram saudades. Tenho certeza de que também tens os teus. Vamos fazer juntos uma viagem sentimental aos lugares que nos encantaram?




domingo, 1 de novembro de 2009

SOL, CALOR, PRAIA








Durante quatro longos meses, esta paisagem só teve frio, vento, chuva e silêncio. Com a primavera chegaram os bandos de aves migratórias, e agora, com a primeira onda de calor, os moradores das cidades em busca de sol e da brisa refrescante do mar.