quarta-feira, 20 de março de 2019

A CASA DE BRENO CALDAS



Um dos homens mais importantes da comunicação, da política e da economia do Rio Grande do Sul por 50 anos - de 1930 a 1980 -, Breno Caldas, dono do Correio do Povo, se encantou com um morro da zona sul de Porto Alegre,  junto ao rio Guaíba, perto do bairro de Belém Novo. 
Comprou a sua parte mais alta, de onde se via o rio e todo a região. 
Numa viagem à Espanha, viu a casa de seus sonhos. Conseguiu a planta, que previa  até um espaço, na entrada, para os visitantes deixarem seus cavalos, e mandou fazer uma igualzinha, lá no topo do morro. Com o passar dos anos, foi comprando os terrenos à volta, até ter espaço suficiente para realizar mais uma das paixões: a criação de cavalos. Surgia o Haras do Arado. E sua propriedade se estendeu até  beira do rio, onde passou a ter uma praia privativa e um embarcadouro. 
Ali ancorou o Aventura, o seu iate, com o qual saía, com amigos, para viagens que iam a Montevidéu,  Buenos Aires ou não passavam da lagoa dos Patos. 
Na casa mandou fazer apartamentos para os filhos - gostava de ver a família reunida nos fins de semana -, piscinas. Tinha todo o conforto, como aquecimento de água central. 
Todos os dias ele dirigia o seu Mercedes até a sua empresa, a Cia. Jornalistica Caldas Júnior - e depois do fechamento da edição do Correio do Povo voltava. A casa do Arado era o seu refúgio, o seu lazer. Na varanda do segundo andar gostava de meditar, olhando a belíssima paisagem de lavouras e campos. 




A vista da varanda da frente da casa, com piscinas para adultos e crianças



O escritório de Breno Caldas 



O ancoradouro




A praiinha, no Guaíba





Estas fotos foram feitas em dezembro de 2009. Na época, participei da produção de um livro sobre a vida e a obra de Breno Caldas. A equipe, liderada por Núbia Silveira, era composta também por João Borges de Souza e Celito de Grandi. Fizemos muitas entrevistas mas o livro acabou não saindo devido ao falecimento de Celito, em 2014. Ele seria o escritor. 
Na foto, João, a esquerda,  Celito, à direita. Passamos um sábado no Haras, a convite de Breno Caldas Neto e de Nilza Caldas, filha de Breno Caldas. Conversamos muito, percorremos a propriedade e fomos homenageados com um lauto almoço. 
Uma gostosa viagem no tempo. 













sábado, 16 de março de 2019

O OITAVO DIA DE NELSON SIROTSKY






Raramente gosto de autobiografias. Quem escreve um livro sobre si mesmo inevitavelmente evitará os seus erros e exagerará nos acertos. Demorei bastante até comprar "O Oitavo Dia", a biografia de Nelson Sirotsky, escrita por ele em parceria com a escritora Letícia Wierzchowski. Mas a curiosidade acabou vencendo. Afinal, trabalhei quase 27 anos na RBS - rádio, tevê e jornais. 
Na primeira fase, entre 1973 e 1974, vivi as agruras de uma fase de vacas magras, magérrimas. Fui para a Caldas Júnior e quando voltei, em 1980, a situação era bem melhor, enquanto a concorrente já apresentava sinais da crise que acabou na sua venda. 
Já nas primeiras páginas constatei que Nelson escreveu e ditou suas memórias de coração aberto. Relatou com sinceridade a sua profunda admiração pelo pai, de quem herdou o dom da comunicação, e a quem acompanhava todos os domingos, ainda criança, aos shows do cine Castelo. Herdou também a paixão pelo trabalho, registrada na sua carteira de trabalho, assinada quando tinha 17 anos, encarando a rotina de funcionário do setor de contabilidade de Zero Hora, sem privilégio algum, ao mesmo tempo que cursava administração de empresas na Ufrgs.
Conta com naturalidade coisas que até então eram cochichadas nos corredores da empresa, como o filho que teve fora do casamento e as dificuldades enfrentadas na sua relação com Nara, a sua esposa. 
Lembra com prazer a sorte que teve ao estar em Manhattan no dia do atentado às torres gêmeas, tornando-se um aplicado repórter da rádio Gaúcha, da RBSTV e dos jornais da rede, junto com a sobrinha Tanise Dvoskin, que também estava lá - o correspondente Chico Reis não conseguiu chegar à ilha porque morava do outro lado do rio e todas as vias de acesso foram bloqueadas.
Boa parte do livro é dedicada à suas relações familiares, da vinda dos avós imigrantes para o Brasil à chegada dos netos.
Revela com detalhes o fracasso de sua tentativa de comprar a CRT junto com a Telefônica de Espanha, que quase levou a RBS à falência.

A, sempre difícil, relação com os poderes, os partidos e os líderes políticos e empresariais também é lembrada. Especialmente a hostilidade do PT contra a empresa, mesmo que tivesse contratado Lula, então presidente do partido, como colunista semanal.
A RBS Prev, empresa de previdência privada, foi uma iniciativa dele, preocupado em permitir aos funcionários uma aposentadoria digna. Graças a esta renda extra, também eu pude me aposentar quando achei que estava na hora, depois de participar, com muito entusiasmo e energia, de um período de intenso crescimento da empresa, de 1980 até 2005. 
O que não está, e poderia estar no livro, é um episódio que revela o caráter do Nelson (lá ninguém o chamava de "seu" nem de "doutor"): a empresa terceirizada que cuidava da limpeza informou que boa parte dos produtos de higiene pessoal colocado nos banheiros sumia. Inconformado, Nelson decidiu que, dali em diante, todos os funcionários ´das faixas salariais mais baixas passariam a receber, no dia do pagamento, uma cesta básica, composta de alimentos e artigos de limpeza e higiene. 
O livro é, sobretudo, a história de um homem que ousou fazer o que achava correto, assumindo os riscos de suas decisões, e que colocou paixão em tudo que fez, até tomar a mais difícil de sua vida: a de se afastar do grupo que presidia, aos 60 anos, idade que seu pai tinha quando faleceu.

 E iniciar o Oitavo dia.

quinta-feira, 7 de março de 2019

GOSTO MESMO É DE POUSADAS






Foi no Arraial da Ajuda, sul da Bahia, que eu me encantei pelas pousadas. Conhecer os donos, conviver com os hóspedes, saber das histórias do lugar. Em 1987 a "Flor do Dendê" era uma pousada bem simples. Chegamos nela como se chegava naquela época em que não havia internet - e nem mesmo telefone. Mochila nas costas, íamos de pousada em pousada até achar uma que fosse confortável (e barata, claro). 
Na primeira manhã, acordamos com o ronco de um motor de avião. Abri a janela e vi um teco-teco passando rasante sobre o telhado. O campo de pouso ficava ao lado, e ainda era operante. Hoje é um parque. 
O gerente era um garoto paulista muito responsável, que vivia correndo para abastecer a cozinha, providenciar no conserto da torneira, aquelas coisas. A moçada oferecia um baseado e ele, para não ser indelicado, respondia: "já tou doidão...".
O braço direito dele era o Pastel, baiano de Salvador. Além de arrumar as camas, limpar o chão e receber a quem chegava, era um guia turístico e até conselheiro sentimental das meninas. 
Mas era julho e o Pastel passava frio, muito frio. Acendia fogueiras no quintal para se aquecer, à noite. De dia namorava uma "penosa" do vizinho que insistia em dar mole, ciscando por ali. Um belo dia ela sumiu. Deve ter ido para a panela, com arroz. E o Pastel nunca mais falou na tal 
penosa...





Pastel, com a Lais e a Cristina

domingo, 3 de março de 2019

CARNAVAL EM PORTO ALEGRE É DEMAIS!


Há alguns anos descobri como é bom estar em Porto Alegre no carnaval. 
Meu aniversário caiu num sábado de carnaval. Chovia "a cântaros" e o litoral estava sendo invadido, como sempre, por hordas de foliões em busca de mar e diversão. Nem um lugar tranquilo para almoçar havia. 
Foi então que descobri que em Porto Alegre os hotéis dão descontos de até 50 por cento nos fins de semana. Escolhemos um apart com piscina coberta e aquecida e lá fomos nós pela free way vazia, vendo as filas de carros congestionando a pista em direção às praias. 
Um carnaval maravilhoso, inesquecível




sexta-feira, 1 de março de 2019