quarta-feira, 23 de setembro de 2020

UM SUPER PORTO EM ARROIO DO SAL

 





O porto do Arroio Seco, balneário de Arroio do Sal vai sair, e logo. Com a boa vontade dos governos estadual e federal, a torcida dos empresários da Serra gaúcha, de olho na economia que farão para exportar seus produtos, e, principalmente, a grana dos investidoresos - em torno de cinco bilhões de dólares - nada segura a obra.
O prefeito de Arroio do Sal, Affonso Angst, conhecido como "Bolão", só vê os aspetos positivos do empreendimentoo, começando pelos milhares de empregos e o aumento da arrecadação. Mesmo que seu sobrenome, em alemão, signifique medo, ele não parece temer os efeitos colaterais que sempre vêm junto com qualquer interferência deste tipo na natureza. Lidera o movimento "Porto em Arroio Sim".
Mas existe uma parte dos moradores e veranistas que temem as consequências de um porto cavado no costão, com um atracadouro a dois quilômetros da costa. Criaram o "Porto em Arroio Não", e enumeram suas preocupações, que começam exatamente pela falta de informações oficiais sobre o impacto no ambiente e a sociedade.
A costa gaúcha é diferenciada: uma faixa de areia contínua de mais de 700 quilômetros, rota migratória de baleias francas, lobos marinhos e pinguins. A barreira de 500 metros a um quilômetros mar adenteo, interropndendo o fluxo da corrente marítima, também pode ter consequências, a serem avaliadas antes do início das obras.
Um porto aumentaria muito a população da cidade, que não conta com infraestrutura adequada nem para os moradores atuais. Há riscos de poluição dos navios, como em qualquer porto. A anunciada ponte sobre a BR 101 e as lagoas não leva em consideração se tratar de uma reserva natural.
E imaginem a Rota do Sol , estrada construída para facilitar o acesso dos gringos em férias para as praias do litoral norte , coalhada de caminhões. Vejam a foto acima, de Itapoá,SC, citada como modelo do futuro empreendimento.




terça-feira, 22 de setembro de 2020

VIAJANDO

 


UM PEQUENO GRANDE GESTO

O professor Earle Macarthy Moreira era diretor do Colégio Estadual Júlio de Castilhos em 1969. Depois foi reitor da Ufrgs, escreveu vários livros de história. Um mestre. No final do mês de abril, um aluno entrou em seu gabinete e pediu para passar do científico para o clássico - naquela época, os três últimos anos do segundo grau dividiam os alunos entre os que pretendiam seguir uma carreira da área humanística (Direito, Filosofia, Letras, Jornalismo) ou científica (Engenharia, Medicina).
O rapaz explicou que estudava muito mas só tirava notas baixas nas matérias mais importantes para quem queria fazer vestibular de medicina. Apesar de toda expectativa de sua família, que queria um médico, estava muito infeliz - acabara de entregar uma prova de química em branco. Se sentia um peixe fora d'água.
O diretor entendeu a situação, mas explicou que os alunos do clássico já haviam feito as provas de março e a maioria das de abril. Se a vontade dele era esta, e ele aceitava o desafio de recuperar as notas perdidas, faria a transferência. E fez.
Dali para a frente, o aluno mudou: passou a só tirar notas boas, até em áreas, como filosofia, que nunca havia estudado. Decidiu fazer o vestibular de jornalismo, e passou com uma boa colocação, na Ufrgs.
A medicina pode ter perdido um bom profissional, mas o gesto de boa vontade do diretor foi uma das coisas mais importantes na vida deste jornalista, que encontrou a sua vocação e nela se realizou.