sábado, 25 de dezembro de 2010

MEU PRIMEIRO ACARAJÉ





















Pausa para a pose durante um jogo de bola no Porto da Barra, em 1970.
O branquela à direita sou eu...


A turma do jornalismo da Ufrgs de 1970 era diferente - bem diferente - das outras. Todos queríamos o diploma de jornalista, claro, mas havia em nós uma inquietação incomum, que extrapolava as disciplinas do currículo. Tínhamos sede de cultura, de arte, de novas tecnologias, de vida. Lust for life.
Não terminou a primeira semana de aulas e lá estávamos, numa baita festa, na casa da Magda von Brixen und Montzel, no Alto Petrópolis. Foi o primeiro de tantos encontros em que, mais do que colegas, nos tornamos bons amigos.
No segundo semestre, o curso de Jornalismo foi transferido da Faculdade de Letras, no Campus Central, junto à Reitoria, para a Faculdade de Biblioteconomia, na rua Ramiro Barcelos, perto do Planetário. Diziam, na época, que era para afastar os estudantes de jornalismo daquele "antro de comunistas" que se reuniam em locais como o bar da Filosofia, o Centro Acadêmico da Arquitetura, o Alaska e os outros bares da Esquina Maldita, na rua Osvaldo Aranha com a Sarmento Leite.
No novo prédio passamos a ser vizinhos, além das futuras bibliotecônomas (que nos olhavam como ETs), dos estudantes de Odontologia, de Medicina e de Farmácia. E eles não estavam nem aí para a ditadura militar, então em seu auge. A nova Unidade ganhou o nome de Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. A sigla, Fabico, apesar de ridícula, continua sendo usada até hoje.
Quando apresentamos à diretora, uma senhora franzina e antipática, o projeto do Salão de Arte e Comunicação, o SACO 70, ela torceu o bico, digo, o nariz. Mas tudo que queríamos era a cedência de um salão do térreo, então sem utilidade. Ela acabou concordando. Trabalhamos como loucos, e o salão foi um sucesso. Teve dança, artes visuais, palestras e performances, executadas por alunos e professores da Universidade.
No mesmo ano, mesmo duros, mesmo jovens demais, embestamos de participar do Congresso Nacional de Jornalistas, em Salvador. E fomos, de ônibus. Na rodoviária da capital baiana, um grupo liderado pela Liana Milanez tomou conta do posto telefônico e, guia na mão, passou a ligar para todas as empresas gaúchas com filiais na Bahia suplicando auxílio para pagar a estadia.
Entre vinícolas e metalúrgicas conseguimos o suficiente para quase 20 guris e gurias ficarem uma semana em pousadas sem estrelas, mas que para nós eram tudo de bom. Depois conseguimos casas de família para ficar, e alguns de nós se hospedaram no alojamento dos oficiais de um quartel do Exército localizado no centro da cidade.
A nossa intenção era participar das discussões do Congresso Nacional de Jornalistas, no Teatro Castro Alves, mas só algumas dezenas das 1.554 poltronas estavam ocupadas pelos congressistas.
"Os outros? Ah, estão na programação turística", explicou um dos organizadores do encontro.
E foi assim, integrados às caravanas que partiam diariamente, a convite das secretaria do turismo do Estado e do município, que conhecemos a cidade sem gastar nenhum tostão: Lagoa do Abaeté, Itapuã, Mercado Modelo, Igreja do Bom Fim.
Numa noite fomos levados a uma sessão de candomblé. Aquela batida hipnótica dos atabaques, as negras incorporando, o calor e a eletricidade do ar me deixaram assustado. Fiquei com medo de, eu também, entrar em transe.
E todo dia surgiam novos quitutes baianos. Provamos de tudo: o acarajé, o abará, muqueca de peixe e de camarão, carne de sol e frutas de nomes, formas e cores nunca vistas. A baiana da tenda de acarajé ao lado da igreja de São Francisco, no Centro Histórico, gordíssima, se jactava, entre risadas: "sou uma máquina, uma máquina do sexo". Não cheguei a testar as suas qualidades sexuais, mas o acarajé, ah, o acarajé. Muuuuuito gostoso!
A última tarde foi de praia, no Jardim de Alá. Dormi e sonhei ao sol, entre os coqueiros, e no outro dia, cedinho, embarcamos no ônibus para voltar, todos felizes depois de tantas emoções e descobertas. Mas eu tinha um problema: branquela como sou, estava assado, torrado do sol.

Voltei gemendo de dor...
Cada vez que volto à Bahia - e isto tem acontecido bastante - , não consigo resistir ao apelo do azeite de dendê e peço um acarajé. Mas nenhum teve, até agora, o gostinho daquele. O primeiro acarajé a gente nunca esquece.




sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

COM CLAUDINHO PEREIRA

 O CARIBE ANCOROU NO IMBÉ



Os verões de 2001 e 2002 foram inesquecíveis no litoral do Rio Grande do Sul: teve muito sol, mar de águas tépidas, pouco vento e a barraca Dunas, do Claudinho, na beira da praia do Imbé. Não era uma barraca qualquer: além de bebidas, peixes e petiscos, havia uma pista de dança, e, claro, o puta som do DJ, comunicador e diretor de cinema Claudinho Pereira.
O Caribe veio para o Imbé: era salsa, merengue, reggae, rock
e outros ritmos da manhã à noite. No entardecer, sempre lotava. O pessoal ia chegando e se acomodando nas cadeiras e na areia para curtir a magia do por do sol colorindo o céu até entrada da noite, ao som de músicas suaves. Mais tarde, os clientes voltavam, banho tomado, para aperitivar ou jantar. Preta, mulher de Claudinho, comandava a cozinha. As festas só acabavam alta madrugada. Os bailes de reveillon e de carnaval atraíram veranistas de todo litoral. Foram milhares de pessoas, de todas as idades, disputando espaços na pista e na praia.










domingo, 21 de novembro de 2010

O ENCANTADOR DE MACACOS


Malucos de todos os tipos são fascinados por rádio, tevê e jornal. Fazem qualquer coisa para aparecer.
Os que sabem escrever mandam cartas, e depois que a primeira é publicada passam a entupir as seções de atendimento ao leitor. Há os que querem conhecer os seus ídolos, e às vezes conseguem passar da portaria para importunar os comentaristas e repórteres mais conhecidos.
Os mais perigosos, porém, são aqueles que procuram as redações para darem idéias de grandes reportagens.
Editores com alguma experiência na profissão distinguem em alguns minutos de conversa que estão lidando com uma pessoa desequilibrada, em busca de notoriedade ou apenas um pouco de atenção. Se a avaliação psicológica falha, uma checagem básica desmonta qualquer tentativa de enganação.
Mesmo assim, de vez em quando algum deles consegue transformar em matérias jornalísticas invencionices como estátuas que vertem lágrimas (ou mel), supostos milagres (e milagreiros) e outras coisas que seriam extraordinárias, com repercussão mundial, se fossem verdadeiras.
Numa manhã de primavera um desses loucos mansos chegou na redação da RBSTV, onde trabalhei nos anos 80, com um assunto sensacional: ele tinha o dom de encantar os animais e pássaros, que obedeciam às suas ordens, transmitidas telepaticamente. Propôs que a tevê gravasse uma apresentação, para que o mundo soubesse de seus poderes mágicos.
Colocando em prática o princípio de que "louco não se contraria, corre junto", combinei com ele que a reportagem seria gravada na manhã do dia seguinte, no minizôo do Parque da Redenção. Os personagens seriam os macacos, as araras e outros bichos enjaulados no local, que ao comando dele fariam acrobacias, dançariam e cantariam.

Não cumpri a minha parte no trato, mesmo correndo o risco de ter perdido a maior reportagem da minha vida.





sábado, 13 de novembro de 2010

AS CASAS DA SANTA CASA


Criada por Aviso Real de Dom João VI, rei de Portugal, em 19 de outubro de 1803, confirmado em 1822 por Dom Pedro I, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre começou a receber doentes em 1º de janeiro de 1826. Em 1899 o rendimento de 57 casas alugadas na cidade era a principal fonte de recursos e garantia de atendimento gratuito à população carente da capital da Província.
Em 1906 a Provedoria decidiu construir imóveis para alugar em seu enorme quarteirão de 78 mil metros quadrados. Começou com oito casas na avenida Independência, concluídas em 1907. Nos anos seguintes foram construídos prédios ao longo da mesma avenida e depois na rua Sarmento Leite e na avenida Osvaldo Aranha, até a praça Argentina. Além de abrigarem dezenas de famílias, neles funcionavam uma livraria, um brechó, um armazém, pequenas lojas e o ateliê dos fotógrafos Léo Guerreiro e Sioma Breitman, imigrante ucraniano falecido em 1980 que se notabilizou por fotos de personalidades como Getúlio Vargas, Procópio Ferreira, Erico Verissimo e Villa Lobos.
A partir da década de 70, as casas foram abandonadas ou demolidas por falta de recursos para mantê-las em condições de serem ocupadas.
Em outubro de 2007 a Provedoria iniciou um projeto de restauração de alguns dos prédios da avenida Independência que escaparam da demolição para a instalação de um Centro Histórico-Cultural. O coquetel de lançamento, ao ar livre, junto às obras, foi um emocionado encontro de antigos moradores, seus familiares e descendentes. Entre os mais conhecidos, compareceram o folclorista Paixão Cortes e a ex-deputada Dercy Furtado. Cartazes colocados em painéis, intitulados "Morar...nas Casas da Santa Casa", expunham trechos dos depoimentos sobre o privilégio de terem vivido nelas.


Na foto aérea de 1949 cedida pela Provedoria da Santa Casa podem ser vistos os prédios do complexo hospitalar e as casas da avenida Independência (à direita) e da rua Sarmento Leite (abaixo), até a esquina da avenida Osvaldo Aranha.


O complexo hospitalar da Santa Casa em 2010:
As obras do Centro Histórico-Cultural, na av. Independência, assinaladas pela seta amarela no alto da foto.

Na rua Sarmento Leite todas as casas foram demolidas para dar lugar ao Hospital Santa Rita, o Hospital da Criança Santo Antônio e a Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas, antiga Faculdade Católica de Medicina.

A seta amarela de baixo assinala o local onde antes havia o casarão, na esquina da rua Sarmento Leite com a avenida Osvaldo Aranha.

Clique sobre as fotos para ampliá-las

O Centro Histórico-Cultural tem um site para interessados e pesquisadores:

http://www.centrohistoricosantacasa.com.br/

A CASA DA VÓ DILINA


A foto abaixo, de 1977, é do arquivo do Correio do Povo e foi cedida pelo seu autor, o repórter fotográfico José Ernesto.

Por quase trinta anos, o casarão da esquina da rua Sarmento Leite com a avenida Osvaldo Aranha foi arrendado à viúva Adelina Verissimo Orsini até o seu falecimento, em 1966. O prédio, demolido no final da década de 70, até hoje vive na memória afetiva de seus netos, que lá passaram momentos felizes na infância.


Laís Lobato Heberle no coquetel de lançamento do Centro Histórico-Cultural da Santa Casa de Misericórdia (outubro de 2007)

Passar as tardes com a avó materna Adelina, carinhosamente chamada de vó Dilina, e as tias-avós Ana (Nica) e Ernestina (Titina), que também moravam no prédio, era um dos passeios prediletos da neta Laís, de seus irmãos e primos. Na casa da avó sempre tinha um licor de butiá preparado por ela para oferecer às visitas, algumas delas vindas de Rio Grande, sua cidade natal. De vez em quando aparecia o tio Sady Orsini, advogado, que aproveitava as pausas entre uma audiência e outra para conversar com a mãe, a irmã Suely e as tias Nica e Titina.

Em longo depoimento que deu à Equipe de Pesquisa Histórica da Santa Casa, Laís fez uma viagem sentimental ao tempo em que o casarão, com seus quartos e corredores enormes, reinava majestoso naquela esquina estratégica do centro de Porto Alegre. A seguir, um pequeno trecho:

"A minha avó Adelina Verissimo Orsini morava numa casa da Santa Casa, na rua Sarmento Leite 289, esquina com a Osvaldo Aranha, defronte à Faculdade de Engenharia. No lugar onde era a casa da minha vó hoje é a Faculdade de Medicina e um estacionamento(...). Ela continuou morando lá até 1966, quando faleceu. Aí a casa foi entregue à Santa Casa. Eu ia muito à casa da vó. Casa, não. Na verdade era um quarto, mas era uma casa para a gente. Ela vivia muito bem naquele quarto. Ela tinha um Alvará da Santa Casa que permitia locar outros quartos. Este Alvará ficava na parede do quarto dela. Geralmente ela alugava para estudantes universitários. Tinha uma sacada e era muito organizada, super caprichosa, os guardanapos bordados. Era tudo muito bonito, muito organizado. A gente sempre escutava os sinos da igreja da Conceição.
Aí então era a hora de ligar o rádio da minha tia-avó Nica e escutar a Ave-Maria. Ouvíamos os sinos nesses pátios aqui. Era onde se escondiam os ninhos de Páscoa e a gente tinha que procurá-los. Eram três pátios internos, e o térreo dava para a calçada. A gente era proibida de chegar naquele portão e sair para a calçada; só podia brincar naqueles pátios. Tinha goiabeira... era a maior alegria. Os bondes passavam ali. Lembro que minha vó descia, pegava o bonde na esquina e ia ao Mercado. Tinha na esquina a padaria dos portugueses".


Outros depoimentos:

"Morar nas casas da Santa Casa, na avenida Independência, era a glória. Para mim era um sonho alguém estar ali naquelas casas".
(Dercy Furtado)
"As casas da Independência eram altas. Era assim: tocava a campainha, a gente puxava uma cordinha para não se descer a escada. "
(Cecy Piva)

"Ninguém queria sair das casas porque era um ponto excelente, compreende? E não eram casas caras, e eram muito grandes, dava para muita gente morar."
(Paixão Cortes)

Leia também o post As Casas da Santa Casa, neste blog:
https://clovisheberle.blogspot.com.br/2010/11/as-casas-da-santa-casa_13.html




quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DITADURA DA MODA


Para os homens, tudo é muito simples. Além de não terem que se submeter a torturas medievais como depilações e cortes de cutículas, passam ao largo da cruel ditadura da moda: cueca samba-canção ou sunga? Sapato preto de bico fino ou sapatênis? Jeans tradicional ou calça cargo? Tem tudo para todos os gostos e preços. Se o shortão comprado no verão passado ainda está inteiro, por que comprar outro?
Já as mulheres, tadinhas das mulheres!
Queiram ou não, gostem ou não, acabam se dobrando ao que determinam os estilistas. Pior: algumas das "tendências" atravessam os anos. As calças jeans com cintura pouco acima do púbis, por exemplo, encurtam as pernas e alongam o tronco, passando um visual estranho. São bonitas em adolescentes magrinhas, longilíneas, mas expoem ao ridículo todas as demais mulheres - as que têm cintura, uma barriguinha, quadris e aquelas curvas tão apreciadas pelos homens. Para muitas, o jeito é - como dizem os repórteres de tevê - andar de legging com um camisetão por cima e tênis. Horrívelmente feio.
Nesta estação, a "tendência" são os enormes óculos de sol tipo JO, usados por Jaqueline Kennedy/Onassis nos anos 60. Eles ficam bem em mulheres altas, de rostos grandes, angulosos, uma minoria no Brasil de morenas com estatura mediana e rostos finos. Baixas, magras, adolescentes ou maduras, todas as que usam os JO ficam parecidas, com lentes imensas tapando o rosto. Nas vitrines e até nas bancas de camelôs é inútil procurar um modelo adequado ao tipo físico de cada uma.
As bolsas femininas são cada vez maiores e pesadas, certamente para desestabilizar qualquer tentativa de caminhar elegantemente e, quem sabe, atrair olhares masculinos. Menos mal que a moda dos sapatos de sola pata de elefante, em que as coitadas mal conseguem se equilibrar, está passando.
Mesmo sem ser chegado em teorias conspiratórias, arrisco um palpite: nas últimas décadas está havendo uma articulação mundial para enfeiar as mulheres, deixá-las deselegantes, desglamurizadas, masculinizadas - Nelson Rodrigues já falava nisso em suas crônicas, no final dos anos 60. É só olhar os desfiles de moda: as modelos - sempre magérrimas, tristes - vestem modelitos grotescos, non sense, apreciados apenas por quem não gosta de mulher.
Gurias, vou dar uma sugestão: rebelem-se!
Não sejam vítimas da moda. Rejeitem roupas ou adereços que não favoreçam o tipo físico de vocês. Procurem até achar o que fique bonito, ou simplesmente não comprem.
Os homens agradecerão, e aplaudirão de pé.


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

VIA CAMPINAS

Maior cidade do interior de São Paulo, Campinas supera algumas capitais brasileiras em infraestrutura e serviços. Tem a Unicamp, dois shoppings enormes, hotéis excelentes e restaurantes sofisticados, sem perder o seu jeito caipira, no bom sentido: o ar é puro, o trânsito flui sem congestionamentos e os visitantes são muito bem tratados.

No vídeo (clique na seta), uma vista geral do centro da cidade. Em primeiro plano, a praça Carlos Gomes.

VIA CAMPINAS

Foto de Laís Lobato Heberle
Se você é daqueles que treme de medo ao pensar que terá que desembarcar no perigoso aeroporto de Congonhas ou no congestionado aeroporto de Guarulhos em seus vôos para São Paulo ou em escalas nacionais e internacionais, experimente ir por Campinas. O Aeroporto Internacional de Viracopos tem uma estação de passageiros ampla e confortável, as condições meteorológicas na região quase sempre são boas e a pista é desimpedida, cercada apenas de campos. Pelo menos uma das empresas aéreas oferece transporte gratuito para os passageiros que desembarcam lá e precisam ir aos aeroportos de São Paulo, mas até o preço de uma corrida de táxi compensa a chegada sem estresse. Para quem vai viajar para o exterior à tarde ou à noite, uma sugestão: embarque um dia antes, se hospede num dos bons hotéis de Campinas (em 20 minutos você está no centro da cidade) e na manhã seguinte, depois do café, vá tranquilamente até o aeroporto de Guarulhos, numa autopista de padrão europeu.
A distância de 99 quilômetros até São Paulo relegou o aeroporto de Campinas ao transporte de cargas ou como alternativa em caso de mau tempo na capital paulista. Mas a saturação dos aeroportos de Guarulhos e Congonhas está mudando este perfil. A Azul, a Gol, a TAM, a TAP, a Trip e a NHT já adotaram Viracopos em seus vôos regulares de passageiros.

domingo, 26 de setembro de 2010

AS LEIS DO DINHEIRO


Lidar com dinheiro é difícil. Satisfazer necessidades ilimitadas com recursos limitados leva muita gente ao endividamento, a frustrações, a perdas. As reportagens dos jornais e tevês que tentam dar às pessoas orientação para não naufragarem são, em geral, ridículas. De nada adianta um economista engravatado dizer que você compre tudo à vista, econonize para viajar ou faça as compras de Natal em abril. A realidade é bem diferente.
Michael Phillips, 72 anos, foi vice-presidente do Banco da Califórnia e ficou famoso por ter criado o Mastercard. Largou a carreira de executivo financeiro para se dedicar à consultoria financeira pessoal e de empresas, misturando a sabedoria milenar oriental com sua experiência de vida. Em 1974 lançou o livro As Sete Leis do Dinheiro, manual prático para quem não consegue administrar o orçamento. É sério. Não tem fórmulas mágicas, não tem babaquices nem lições de moral. Vale a pena ler. A segunda edição foi lançada de 2008 pela editora Madras.
Aí vai um resumo das sete leis:
Primeira Lei: faça a coisa certa
"Vá em frente e faça o que quiser. Se preocupe com sua habilidade e competências, e não com o dinheiro.
O mais difícil para as pessoas compreenderem sobre o dinheiro é que ele virá a elas se estiverem fazendo a coisa certa. O dinheiro é secundário."
No comovente filme uruguaio "O Banheiro do Papa", baseado num fato real, os moradores de Melo, pequena cidade uruguaia próxima à fronteira com o Brasil, fizeram exatamente o contrário: gastaram o que tinham e o que não tinham na ânsia de ganhar dinheiro extra com a visita do papa João Paulo II, na década de 80. Contavam com os milhares de visitantes que, segundo as rádios locais, viriam para ver o Santo Padre. Foi apenas uma ilusão, que custou caro, pois não fizeram a coisa certa.
Segunda Lei: o dinheiro tem suas próprias regras
"Não seja perdulário, tome muito cuidado, você tem que prestar contas do que está fazendo, nunca ignore o que acontece com o seu dinheiro.Todas as despesas devem ser anotadas, mesmo se você for pobre. A maioria das pessoas inexpefientes comete o erro de esquecer esta regra fundamental, e muitas pessoas sofisticadas também. Os grandes sacerdotes desta lei são os contadores. Eles observam o que está entrando e como é a relação entre receita e despesa, para manter o orçamento em equilíbrio. "
Uma amiga, colega na redação do jornal Zero Hora, conhecida pela firmeza com que lidava com o seu dinheiro, foi "contratada" por um colega para administrar o orçamento dele. Apesar de ganhar um bom salário e ser solteiro, vivia endividado. Em alguns meses, colocou as suas contas em dia, muitas vezes dizendo NÃO quando ele implorava por uma quantia além do que ela determinava para passar o mês. Se você está em dificuldades e não tem um amigo/a assim, faça o que eu fiz há alguns anos: consulte um contador.
Terceira Lei: o Dinheiro é um Sonho
"O dinheiro é, em boa parte, um estado de espírito, muito semelhante aos estados alterados de consciência proporcionados pelo uso de drogas. Ao contrário de um patrimônio, para o dinheiro não há futuro nem passado, só presente. É uma forma de realizar coisas aqui e agora. A pessoa que passa a vida caçando dinheiro está atrás de algo irreal, e acabará com uma existência oca. Minha experiência com pessoas que estabeleceram por meta fazer muito dinheiro é que, quando conseguiram obtê-lo, há muito pouco o que fazer com ele, ou elas se modificaram de tal forma que não são mais o que queriam ser."
Quarta Lei: O Dinheiro é um Pesadelo
"Cerca de 90% dos crimes são cometidos por causa do dinheiro. Pelo menos 80% de todos os crimes consistem em assaltos, arrombamentos, furtos, falsificação. Outros motivos são assassinatos relacionados ao dinheiro. O dinheiro constitui um motivo significativo para que as pessoas estejam na prisão. Provavelmente suas aspirações (a ter $$$) e sua habilidade em acumulá-lo são radicalmente diferentes. Quem comete um crime, com frequência, deseja o dinheiro de um modo tão ardente que se dispõe a correr riscos maiores que a maioria. Alguém apanhado roubando um banco ou uma loja possui uma fantasia a respeito do que o dinheiro pode fazer, e não por estar com fome. O dinheiro é um pesadelo para quem está na prisão como resultado de problemas relativos à forma como tentou obtê-lo."
Quinta Lei: Não podemos, na verdade, dar dinheiro
"O dinheiro é um fluxo que pode ser visto em termos estáticos ou dinâmicos.Em termos dinâmicos, descreve um relacionamento: o emprestador/o que toma emprestado, o vendedor/comprador, o pai/criança. O dinheiro flui em certos canais, como a eletricidade através de fios. Mesmo numa doação, ou um presente, em que não ná retorno monetário, quem doa sempre espera um retorno, mesmo que seja emocional."
Sexta Lei: Não podemos, na verdade, receber dinheiro como presente
"O dinheiro tanto é emprestado como tomado emprestado ou investido. Nunca é dado ou recebido sem queles conceitos implícitos nele. Doar dinheiro requer algum pagamento em retorno. Se não forem reembolsados, os elementos do pesadelo surgem. Lembre-se da Segunda Lei, a qual se aplica também à sexta lei. Quando você obtém dinheiro, deve retribuir algo por isso. O presente em dinheiro não é, na verdade, um presente lógico."
Sétima Lei: Existem mundos sem dinheiro
"Quando você está dormindo e sonha, eis um mundo sem dinheiro. São os mundos das artes, música, poesia, dança, sexo.
Esta lei apresenta uma pequena e irônica distorção, pois o mundo em que vivemos é o mundo do dinheiro, e aqueles que não querem ver isso e negam a função do dinheiro serão, infelizmente, aquelas para os quais o mundo será menos agradável. "
Esta é a minha lei predileta. Curtir um dia de sol, um momento de ternura, o perfume de uma flor, o ar puro da praia ou da montanha. Coisas que não custam nada e dão sabor à vida. Dinheiro é, sim, indispensável. Mas o mais importante é aproveitar o que a vida oferece de bom.
Duas frases geniais:
"Se você alimentar um cão faminto, ele não o morderá. Eis a principal diferença entre o cão e o homem." Mark Twain
"Com um sorriso hei de pagar." De um samba de Noel Rosa

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

COMO VIVER SEM MÚSICA?


Num desses plantões de redação em que nada de importante acontece e o pessoal fica jogando conversa fora enquanto o jornal roda, uma editora disse que na casa dela não tinha aparelho de som porque nem ela nem o marido e as filhas pouco ligavam para a música. Fiquei chocado. Para mim, ouvir música é como respirar.

Meus irmãos velhos contam que quando eu era bebê já tinha meus gostos musicais. Certas canções que tocavam no rádio me deixavam agitado no berço.

Mesmo quando está tudo em silêncio, há uma melodia na minha cabeça. Ouvir Vivaldi ou Corelli de manhã, Led Zepellin ou Neil Young enquanto trabalho em casa, Miles Davis ou Sarah Vaughn à noite faz parte da minha rotina. Cada música,cada disco tem uma história. Viajo pelos Andes ouvindo as quenas e charangos, pela pampa argentina com Atahualpa Yupanki e Mercedes Sosa; passeio pelas ruas de Buenos Aires com Anibal Troilo e Astor Piazzolla, por Miami ou Cali ao som de salsas, cumbias e merengues. Sempre que quero o calor e a alegria do nordeste coloco um disco de Alceu Valença ou de lambada. Para relaxar, nada melhor que um velho e bom reggae de Bob Marley ou Gregory Isaacs.
Os sambas de Noel Rosa, Cartola e Lupicínio e a Bossa Nova de Tom e Vinícius me transportam até os anos 60. O rock me devolve a juventude. As ragas de Ravi Shankar e as suítes de Bach tocadas por Pablo Casals abalam a falta de fé dos mais incrédulos.
A música é, para mim, a maior manifestação divina.







"Quem gosta de música tem vida interior, e quem tem vida interior nunca padecerá de solidão"

Artur da Távola

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

BENDITA AMENDOEIRA


A amendoeira é o guarda-sol do nordeste. Suas folhas enormes e as copas fechadas dão aquela sombra natural onde mesmo o mais forte calor é suportável. É conhecida como amendoeira-da-índia, chapéu-de-sol, sombrero, amendoeira-da-praia e castanhola. Nativa de ilhas da costa da Índia e da Malásia, se dá muito bem ao solo arenoso e ao ar salinizado próximos às praias.
Foi trazida ao Brasil no século passado e hoje aboençoa com sua sombra todo o litoral nordestino. Pode ser encontrada também em cidades litorâneas do Rio, de São Paulo e até de Santa Catarina. Raramente resiste ao frio do inverno gaúcho.
A árvore da foto é do Arraial da Ajuda, Bahia..

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

EQUILIBRISTA

O nordestino é, antes de tudo, um forte, escreveu Euclides da Cunha em "Os Sertões". É também um equilibrista por natureza. Para os nordestinos, levar pacotes, baldes e outras coisas na cabeça é barbada.
Difícil é a luta pela sobrevivência.

Na foto, uma baiana da Praia do Forte.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A ALEMANHA REAL

A revista .DE -Magazin Deutschland, publicada pelo Ministério das Relações Exteriores alemão, dedica a sua última edição aos 20 anos da reunificação do país. Além de reportagens e artigos, a revista publica os dados dos censos de 2006 a 2009. É um retrato da Alemanha real, com revelações surpreendentes. Aí estão algumas:

- Dos 83 milhões de habitantes, 23 milhões vivem como casais, mas sem filhos. 160 mil alemães declararam viverem com parceiros do mesmo sexo.

- 25,7% são católicos,26,5% não têm crença religiosa, 25,1% são evangélicos e entre os demais a maioria é de muçulmanos - 3%.

- Há no país quase 1,7 milhão de imigrantes turcos. Em segundo lugar vêm os italianos - 523.162 imigrantes.

-Entre 1996 e 2006 o número de casamentos de alemães com estrangeiros duplicou. Em 2008, 1,4 milhão de casamentos foram binacionais.

-A expectativa de vida subiu, no mesmo período, de 80 para 82 anos para as mulheres, e de 73 para 77 anos para os homens.

- Os nomes prediletos para os meninos nascidos em 2009 foram Maximilian e, para as meninas, Marie.

- Os alemães trabalham em média 41 horas semanais. A média na União Européia é de 40 horas.

- A profissão dos sonhos dos meninos entre 8 e 19 anos é a de mecânico de automóveis. A das meninas é de comerciante.

- Quando saem em férias, dois terços dos alemães preferem outros países. A Espanha recebe a maioria deles - 12 % dos turistas.

- Os homens dormem em média 8h 21 min, e dedicam o mesmo tempo do dia ao trabalho. As mulheres dormem um pouco mais - 8h29 min, e trabalham menos - 6h 55min.

- A cor prata é a mais comum nos carros alemães, com 32,5% do total. A segunda é a preta.

- 99,7% das empresas alemãs são pequenas e médias. Elas têm menos de 500 funcionários, e dão emprego a 70% dos trabalhadores.

- 92% dos alemães entre 15 e 34 anos é fluente em inglês.

- A maioria da população vive em moradias alugadas. 43% têm casa própria.

Os dados completos estão no site da revista:


http://www.magazine-deutschland.de/

No site há a opção da versão em português



quarta-feira, 11 de agosto de 2010

CASINHAS

As netinhas fazem companhia ao avô, que faz casinhas de brinquedo para vender
 no Arraial da Ajuda, Bahia.

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PORTO ALEGRE




Até a década de 60 a praia de Ipanema era um balneário dos portoalegrenses, que lá mantinham casas de veraneio. A poluição das águas do Guaíba foi a maior causa da decadência do bairro, apesar da paisagem belíssima.

domingo, 8 de agosto de 2010

PORTO SEGURO






Um porto sempre alegre

terça-feira, 3 de agosto de 2010

VIDA MANSA





Praia do Forte, Bahia


VIDA MANSA

Uma vida num lugar onde não faz frio, onde o mercado, o bar e tudo que se precisa está logo ali, onde não há pressa. Bermuda, camiseta e chinelo vestem democraticamente a todos. O sol e o mar estão aí, de graça. E o melhor é que com o passar dos dias este clima de sossego acaba envovendo o mais neurótico dos urbanóides. Ê vida mansa!





Praia do Forte, Bahia

domingo, 1 de agosto de 2010

É DOMINGO NO ARRAIAL D'AJUDA

Da praia do Mucugê à praia da Pitinga, no Arraial da Ajuda, Bahia.
Julho de 2010.








É DOMINGO NO ARRAIAL











É DOMINGO NO ARRAIAL







É DOMINGO NO ARRAIAL






Clique duas vezes sobre as fotos para ampliá-las. Vale a pena!




O PRAZER DE VOAR

Para quem gosta de viajar esta é uma das mais lindas vistas de Porto Alegre: a pista do aeroporto Salgado Filho, com a cidade ao fundo.

Momento mágico: o avião começa a taxiar. É hora de selecionar o canal de música ou da TV, pegar a revista de bordo.


O avião decola. Problemas, preocupações, tudo fica para trás e lá embaixo. Daqui a algumas horas, outra cidade, outro paralelo, outra realidade.

O PRAZER DE VOAR



segunda-feira, 26 de julho de 2010

EM MEMÓRIA DE SÉRGIO FERREIRA DE MATTOS

Sergio Ferreira de MattosA turma de 1970 do curso de Jornalismo da Ufrgs era festeira, muito festeira. Levávamos a sério a faculdade e a profissão, mas tudo era motivo para festas, movidas a vinho, cerveja ou caipirinha, ao som de violão ou toca-discos. A gente adorava se encontrar, cantar junto, dançar até altas horas, na casa de algum colega, em bares, em boates. No dia seguinte, às oito horas, aula novamente.
De todos nós, o mais festeiro era Sérgio Ferreira de Mattos, o Serginho. Estava em todas, e sempre tinha idéias para sairmos para algum lugar, fazer algo. A casa da família Mattos, um casarão na rua Vitor Hugo, em Petrópolis, virou um point. Levávamos o vinho, e a mãe dele, a dona Alda, doceira e quituteira de mão cheia, sempre recebia os amigos do filho com fidalguia. Apaixonado pela cultura e a gastronomia sul-americanas, em ocasiões especiais, convidava a galera para degustar ceviche, prato típico peruano, preparado por ele.
No terceiro semestre da faculdade, Serginho lançou a idéia de viajar pela América Latina. O plano era genialmente simples: viajar sem rumo - e sem dinheiro - tocando música brasileira. Afinal, quase toda a noite cantávamos juntos, e bastava ensaiar um show para os hermanos latinoamericanos.
Eu e mais três colegas - Nara Barbosa Ávila, Liana Milanez e Artur Borba, além de Lourival Gonçalves, estudante de Medicina, e Maria Orminda, de Letras - aceitamos o desafio. No final de 1971 trancamos as matrículas e pegamos um trem até Uruguaiana. Subimos pela Argentina, Bolívia, Peru.
Na volta da viagem, cada um tomou o seu caminho. Inquieto, irreverente, criativo, Serginho, depois de trabalhar em rádios e tevês de Porto Alegre, foi aprovado num concurso para professor de jornalismo na UFSC, em Florianópolis, onde morou e trabalhou até ser hospitalizado com diagnóstico de um tumor no cérebro.
 Faleceu na madrugada de 29 de julho de 2010.
Que seu espírito siga na busca de luz e paz.


Serginho, ao centro, tocando flauta com um chapéu de explorador da África, em Oruro, Bolívia, no dia 2 de fevereiro der 1972


Casarão em estilo português manuelino que pertenceu à família Ferreira de Mattos, na rua Vitor Hugo, 78, em Petrópolis. 
Foi adquirida pelo cirurgião plástico Carlos Uebel, que a reformou para instalar a sua clínica, preservando suas características arquitetônicas.