terça-feira, 20 de outubro de 2015

BABEL


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

CENAS DO ARRAIAL D'AJUDA, BAHIA



Melancia na cabeça, lá vem Helena pela praia do Mucugê


                        Um pataxó na Bróduei




Descanso em família


Trilha para o mar


Capoeira à beira-mar, diversão garantida num domingo de sol


Comidinha mineira


Lá pelo meio dia, os saguis descem das árvores para pegar algo para comer das mãos dos frequentadores dos restaurantes. Depois, somem...

sábado, 10 de outubro de 2015

NOS TEMPOS DA TV GAÚCHA


Era difícil a vida na redação da TV Gaúcha em 1973.  Faltavam equipamentos, as equipes mal davam para cobrir os principais fatos do dia-a-dia.  Muitas vezes éramos salvos pelas imagens mandadas pelas assessorias de imprensa. Os salários eram pagos no dia 10, em cheques.  Nos dias de pagamento lotávamos as velhas Rural Willis da reportagem para descer o morro de  Santa Teresa e ir descontá-los no Banco da Amazônia, no centro da cidade. 
Usávamos  quase só filmes preto e branco. Os coloridos, racionados devido ao seu custo, ficavam reservados para as reportagens especiais. 
Em 1980, quando voltei a trabalhar lá, tudo era bem diferente:  tecnologia de vídeo tape totalmente a cores, ilhas de edição para deixar as reportagens "redondinhas",  várias equipes com repórter, cinegrafista e "pau de luz" (iluminador). A redação contava com chefes de reportagem, pauteiros, arquivistas, rádio-escutas e um time de excelentes editores e repórteres, como Geraldo Canalli, Carlos Dornelles, Roberto Thomé,  Gilberto Lima, Ananda Apple, Regina Lemos, Timóteo Lopes, Ana Maria Magalhães, Heidy Gerhardt, Marcos Martinelli, Ivani Schütz e Rosane Marchetti, a única que continua na emissora. 
Tudo era feito com muito profissionalismo, mas ainda não se tinha as facilidades da era digital. De manhã, carros da reportagem iam até a estação rodoviária para buscar os videos mandados pelas emissoras do interior para a Rede Regional de Notícias, que ia ao ar ao meio dia. Dava uma trabalheira danada editar aquele material todo. As emissoras do interior se viravam como podiam, com os equipamentos que já tinham se tornado obsoletos na redação da capital e haviam sido substituídos. 
 Para a cobertura da Região Metropolitana, os técnicos inventaram engenhocas instaladas em cima das kombis para a transmissão de boletins ao vivo. Era preciso  achar locais com visual para a torre da tevê e ajustar o sinal.  Às vezes isso demorava tanto que, por garantia, um VT com a notícia gravada era mandado de carro para a redação.
Acostumados a gravar os seus boletins,  nas primeiras aparições ao vivo alguns repórteres ficavam em pânico na hora de entrar no ar. Com o tempo, a insegurança deles foi passando. Apesar das dificuldades técnicas, trabalhávamos com entusiasmo e alegria. 
Repórteres, cinegrafistas e editores costumavam ver os noticiários na sala da redação. Reportagens de mais impacto eram aplaudidas, e os autores abraçados pelos colegas. 
Jogávamos futebol de salão todas as semanas e de vez em quando jantávamos em alguma churrascaria, acompanhados das mulheres/ maridos. As amizades feitas naqueles tempos persistem até hoje, mesmo que muitos tenham migrado para o Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades. A cada final de ano boa parte da turma se reúne para confraternizar. 




Repórteres, cinegrafistas, editores e  motoristas prontos para mais um dia de trabalho. 
Nesta foto, de 1984, enviada por Luiz Olea Almeida (primeiro à esquerda, agachado) aparecem os repórteres Flávio Porcello (de gravata) e Marco Antônio Villalobos (deitado, em cima da kombi).  



COMENTÁRIO DE CARLOS KARNAS, 
CHEFE DE REDAÇÃO DURANTE O PERÍODO DE TRANSIÇÃO DO FILME PARA O VT

Belo depoimento lembrando idos tempos de TV Gaúcha e depois RBS TV. Fizemos parte e integramos esforços naqueles velhos tempos e, não tenho dúvidas, fundamentamos a abertura de caminhos no telejornalismo, que avançou, se agilizou e se beneficiou muito com o avanço da tecnologia. Mas, enfrentamos tempos de muita dureza, por ser início de estruturação de formatos de jornalismo para a televisão.

Com a ajuda dos companheiros da técnica e operações, praticamos soluções criativas para agilizar a produção e captação de notícias e para entradas ao vivo (longe das parafernálias tecnológicas que facilitam tudo hoje em dia). Iniciei minha jornada na TV no susto. Trabalhava na ZH. Um início de tarde, Lauro Schirmer me chamou e falou: Karnas, precisamos de ti na televisão. Larga tudo e sobe o morro. Meu espanto foi ter que assumir o lugar de Pedro Jacques, editor responsável de telejornais, que havia pedido demissão para trabalhar na emissora concorrente. Espanto maior foi ter que assumir e editar o principal jornal da Gaúcha, naquele dia e os subsequentes.

Jamais havia trabalhado em TV. Dei de cara com a moviola e a edição de filme em P&B. Fui obrigado a aprender na porrada, com o querido Aramis Carvalho, a manha da edição de filmes mudos e sonoros (com som ótico ou magnético) e a escrever o script de notícias, preparar a escalada e a dominar tempos de matérias e do telejornal como um todo. Depois, meus compromissos aumentaram na reorganização e reestruturação das equipes de trabalho e todo o resto. Os bons e competentes companheiros que aparecem na foto histórica que você postou, todos foram valentes, profissionais e pioneiros. Um tempo que cruzou o regime de excessão e a ditadura militar, com a presença de censor da polícia federal na redação.

Como lembraste muito bem, filme P&B era revelado na emissora, mas filme color era mandado para São Paulo, para ser revelado no laboratório da TV Globo. Enfim, foi uma jornada. Depois a televisão entrou na era do VT. Passou-se do 'quadruplex' para formatos mais novos e dinâmicos. Foram introduzidas as ENGs, para transmissão ao vivo, com todas as dificuldades para o sinal ser visual com a torre da emissora... e por aí a coisa andou.

Bem, acho que fizemos parte de uma história. Fizemos a integração de todas as emissoras RBS do Estado. Conseguimos uma central técnica própria para a operacionalidade do jornalismo. Mas, nesta batalha, profissionais, todos, cumpriram com sua missão e fizeram a sua parte.

Um abraço e parabéns por essa lembrança em Correcaminos.

Karnas.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

MÚSICOS DA NOITE




Todo músico quer ser ouvido, ou pelo menos ser notado. Para os músicos da noite, que tocam e cantam em bares e restaurantes, esta simples constatação chega a ser uma obsessão: eles querem ser curtidos, aplaudidos, mas a grande maioria - ou a totalidade - dos frequentadores está lá para comer, beber e conversar. Estão mais interessados no que dizem a namorada, a esposa, os amigos, do que na música, por melhor que seja o intérprete.
Raramente alguém aplaude o cantor, mesmo que esteja curtindo o som. A reação dele é quase sempre a mesma: aumentar o volume do amplificador. "Um cantinho, um violããããão...", "Não posso ficaaaar nem mais um minuto com você...", "Às vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nóis dois...", "Yesterdaaaay..." e a única reação do público é falar mais alto, mais alto. Num ambiente lotado, vira uma gritaria.
Mesmo tendo sobrevivido oito meses como músico de rua, em 1972, em cidades perdidas nos confins da América do Sul, são raros os músicos da noite que eu suporto. Eles não se conformam em ser  atores secundários, mesmo que estejam no palco. Não se dão conta de que o  papel deles é tornar o ambiente mais agradável, com música de qualidade a um volume que não atrapalhe as conversas entre os amigos, o clima entre os casais. 
Na ânsia de se impor, cantam aos berros em espaços exíguos. Um saco.