terça-feira, 21 de agosto de 2018

DE VOLTA AO SÉCULO XIX?


















Uma rua, a dos Andradas, separa os prédios que simbolizaram duas eras no jornalismo gaúcho. Ambos ocupavam uma quadra inteira da rua Caldas Júnior, no centro de Porto Alegre.  O prédio da foto de cima era do jornal A Federação. Fundado  em 1884 e sustentado economicamente pelo Partido Republicano, chegou a ter, na década de 1910, uma tiragem de incríveis 10 mil exemplares.  A redação e as rotativas foram transferidas para a este belo prédio de estilo em 1922, quando foi inaugurado.
A Federação tinha excelentes redatores, os mais modernos equipamentos e era muito bem feito para os padrões da época. Mas, por ser partidário, não tinha credibilidade. Era sempre o porta-voz do partido que o sustentava, assim como dezenas de outros periódicos, criados e fechados ao sabor dos movimentos políticos.  Encerrou suas atividades em 1937, quando a ditadura Vargas extinguiu todos os partidos políticos da época. 











O Correio do Povo, fundado em 1895 por Francisco Antonio Vieira Caldas Júnior, anunciava na capa da primeira edição os seus princípios básicos: estava a serviço dos leitores e de toda a população, sem defender partidos políticos ou governos.  Por cumprir o que prometera, o jornal cresceu rapidamente e se tornou, na década de 1920, o mais importante diário do Rio Grande do Sul, posto que ocupou até a crise econômica que o abateu na década de 1980.
A isenção, a busca da verdade dos fatos, a independência econômica e editorial se tornaram, no século XX,  compromissos de todo o veículo de comunicação que se preze. 
E os jornalistas? 
Até a década de 1960, quando foram criados os primeiros cursos de jornalismo e intensificada a campanha para a regulamentação da profissão,  era normal o jornalista ter outra fonte de renda, quase sempre a principal.  O jornalismo era a "cachaça", onde ele extravasava seus dotes literários, vivia as aventuras da reportagem. 
Com a exigência do diploma para o exercício da profissão, o ensino de jornalismo em universidades e a preocupação das empresas em contratar profissionais de qualidade, esta situação mudou. A independência intelectual,  a ética e a dedicação exclusiva ao trabalho  passaram a ser exigências básicas para exercer a profissão. 
Nada contra um jornalista trabalhar numa assessoria de imprensa de uma empresa, de um governo, de um partido. Mas isto não é jornalismo. 
Nas últimas duas décadas, no entanto, a crise política e econômica que atinge o Brasil e o crescimento da mídia digital têm afetado de forma  cruel as empresas de comunicação.  Jornalistas têm sido despejados às centenas das redações. Sem emprego, partem para outras atividades, se sujeitam a salários bem menores e muitas vezes mudam de profissão para sobreviver.  O Judiciário, ao derrubar a exigência do curso de jornalismo para exercer a profissão, contribuiu para piorar a situação.
O jornalismo militante, em que profissionais e empresas escancaram suas preferências políticas e vêem os fatos sob o viés de suas ideologias,  é cada vez mais praticado.  Com poucos repórteres qualificados,  depois de tantos "passaralhos" para a contenção de custos, as empresas de comunicação se tornaram vítimas das  fake news, que  proliferam nas mídias sociais como ervas daninhas em solo empobrecido. 
Estaremos voltando para o o jornalismo que se fazia no século XIX?  







sexta-feira, 17 de agosto de 2018

ALEMÃO (E JAPONÊS) É TUDO IGUAL...


Durante algum tempo, depois que eu fui trabalhar no jornal Zero Hora, o presidente da empresa, Nelson Sirotsky,  me cumprimentava dizendo "oi, Hélvio".  Achava que eu era o editor Hélvio Schneider, que já trabalhava lá há alguns anos.  Temos a mesma idade,  mais ou menos a mesma altura,  e na época os dois éramos magros.  Acabou notando as diferenças entre nós, talvez por ter nos visto juntos.
Quando ando na rua, é comum me abanarem alegremente me chamando pelos mais variados nomes. Não faço ideia de quem seja, mas sempre sorrio e abano de volta, como se conhecesse. Fazer o que?
Às vezes, quando conheço alguém, vem a pergunta, como no caso da dona de uma geriatria de Mariluz:  "mas você não é o Odacir, lá de Bento?" 
Mesmo explicando que só estive em Bento Gonçalves uma vez na vida, a pessoa custa a acreditar. "Mas é igualzinho ao Odacir, um gringo lá da ferragem". 
Cheguei à conclusão de que alemão (e gringo) é tudo igual. Como japonês. Levo na esportiva. 
Só me incomodei um dia que uma senhora, dona de um mercado onde fui fazer compras, me cobrou uma dívida. "Pô, Sérgio, tu ficou de vir pagar em seguida e nunca mais!", vociferou. Mostrei a carteira de identidade, mas mesmo assim ela continuou desconfiada de que eu era o Sérgio, o sem vergonha que deixou uma conta pendurada e sumiu do mapa...



domingo, 12 de agosto de 2018

MARES BRAVIOS DO ATLÂNTICO SUL




Barra do rio Tramandaí, em Imbé/RS, açoitada pelo vento sudoeste com rajadas de até 90 km/h


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

O PASSADO DE PORTO ALEGRE



Com um pouco de imaginação dá para viajar no tempo até o século 19 e desfrutar, de uma dessas sacadas, do pôr de sol no rio Guaíba. Ou de um sarau em que o proprietário desse casarão da rua Riachuelo, o Conde Porto Alegre, recebia seus convidados vestidos a rigor. 

Patrimônio Histórico da capital gaúcha, o prédio, construído em 1830 e comprado pelo governo do Estado do RS em 1930, foi cedido para o Instituto dos Arquitetos do Brasil/RS para a sua restauração. A parte de trás, sede do Instituto, está pronta, mas a fachada continua se deteriorando, à espera de doações.