segunda-feira, 26 de julho de 2010

EM MEMÓRIA DE SÉRGIO FERREIRA DE MATTOS

Sergio Ferreira de MattosA turma de 1970 do curso de Jornalismo da Ufrgs era festeira, muito festeira. Levávamos a sério a faculdade e a profissão, mas tudo era motivo para festas, movidas a vinho, cerveja ou caipirinha, ao som de violão ou toca-discos. A gente adorava se encontrar, cantar junto, dançar até altas horas, na casa de algum colega, em bares, em boates. No dia seguinte, às oito horas, aula novamente.
De todos nós, o mais festeiro era Sérgio Ferreira de Mattos, o Serginho. Estava em todas, e sempre tinha idéias para sairmos para algum lugar, fazer algo. A casa da família Mattos, um casarão na rua Vitor Hugo, em Petrópolis, virou um point. Levávamos o vinho, e a mãe dele, a dona Alda, doceira e quituteira de mão cheia, sempre recebia os amigos do filho com fidalguia. Apaixonado pela cultura e a gastronomia sul-americanas, em ocasiões especiais, convidava a galera para degustar ceviche, prato típico peruano, preparado por ele.
No terceiro semestre da faculdade, Serginho lançou a idéia de viajar pela América Latina. O plano era genialmente simples: viajar sem rumo - e sem dinheiro - tocando música brasileira. Afinal, quase toda a noite cantávamos juntos, e bastava ensaiar um show para os hermanos latinoamericanos.
Eu e mais três colegas - Nara Barbosa Ávila, Liana Milanez e Artur Borba, além de Lourival Gonçalves, estudante de Medicina, e Maria Orminda, de Letras - aceitamos o desafio. No final de 1971 trancamos as matrículas e pegamos um trem até Uruguaiana. Subimos pela Argentina, Bolívia, Peru.
Na volta da viagem, cada um tomou o seu caminho. Inquieto, irreverente, criativo, Serginho, depois de trabalhar em rádios e tevês de Porto Alegre, foi aprovado num concurso para professor de jornalismo na UFSC, em Florianópolis, onde morou e trabalhou até ser hospitalizado com diagnóstico de um tumor no cérebro.
 Faleceu na madrugada de 29 de julho de 2010.
Que seu espírito siga na busca de luz e paz.


Serginho, ao centro, tocando flauta com um chapéu de explorador da África, em Oruro, Bolívia, no dia 2 de fevereiro der 1972


Casarão em estilo português manuelino que pertenceu à família Ferreira de Mattos, na rua Vitor Hugo, 78, em Petrópolis. 
Foi adquirida pelo cirurgião plástico Carlos Uebel, que a reformou para instalar a sua clínica, preservando suas características arquitetônicas.

4 comentários:

Jane disse...

Que foto bárbara! Ah....os anos 70....melhor década ever! Não tenho certeza de ter te identificado entre os ripongas, me dá uma pista, Clovis. Sinto pelo teu parceiro, mas só por viver em Floripa, certamente ele já tinha uma boa ideia do paraíso, não é mesmo? Um abraço, Jane

Clovis Heberle disse...

Jane, eu sou aquele cara de violão, com uma fita na cabeça.
Beijos!

Rafael disse...

Yo soy Argentino de la ciudad de Santa Fe y fuí muy amigo de Sérginho Mattos y su bella familia. Viví en su casa en los meses de Septiembre y Octubre de 1977. Nunca voy a olvidar su amistad y hospitalidad. Tambien tuve oportunidad de recibirlo en mi casa en varias oportunidades. En el año 1971 conocí a su hermano Paulo que luego fallecería en un accidente automovilístico en Argentina. Por ese y otros muchos motivos, nuestras familias tuvieron un vínculo muy estrecho. Hoy me entero que Sérginho se fué y mi tristeza es infinita y este donde este, lo abrazo infinitamente.

Clovis Heberle disse...

Estimado Rafael, Sergio era una persona de muchíssimos, fideles y buenos amigos. Un pena su muerte, tan joven. Escribi un blog sobre un viage que hicimos en 71/72, me gustaria que lo visses. Está en el
http://umabandapelosandes.blogspot.com/

un abrazo