quarta-feira, 8 de setembro de 2010

COMO VIVER SEM MÚSICA?


Num desses plantões de redação em que nada de importante acontece e o pessoal fica jogando conversa fora enquanto o jornal roda, uma editora disse que na casa dela não tinha aparelho de som porque nem ela nem o marido e as filhas pouco ligavam para a música. Fiquei chocado. Para mim, ouvir música é como respirar.

Meus irmãos velhos contam que quando eu era bebê já tinha meus gostos musicais. Certas canções que tocavam no rádio me deixavam agitado no berço.

Mesmo quando está tudo em silêncio, há uma melodia na minha cabeça. Ouvir Vivaldi ou Corelli de manhã, Led Zepellin ou Neil Young enquanto trabalho em casa, Miles Davis ou Sarah Vaughn à noite faz parte da minha rotina. Cada música,cada disco tem uma história. Viajo pelos Andes ouvindo as quenas e charangos, pela pampa argentina com Atahualpa Yupanki e Mercedes Sosa; passeio pelas ruas de Buenos Aires com Anibal Troilo e Astor Piazzolla, por Miami ou Cali ao som de salsas, cumbias e merengues. Sempre que quero o calor e a alegria do nordeste coloco um disco de Alceu Valença ou de lambada. Para relaxar, nada melhor que um velho e bom reggae de Bob Marley ou Gregory Isaacs.
Os sambas de Noel Rosa, Cartola e Lupicínio e a Bossa Nova de Tom e Vinícius me transportam até os anos 60. O rock me devolve a juventude. As ragas de Ravi Shankar e as suítes de Bach tocadas por Pablo Casals abalam a falta de fé dos mais incrédulos.
A música é, para mim, a maior manifestação divina.







"Quem gosta de música tem vida interior, e quem tem vida interior nunca padecerá de solidão"

Artur da Távola

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