terça-feira, 13 de setembro de 2011

OS ÚLTIMOS DIAS DE SANTOS DUMONT


Santos Dumont foi um gênio retraído, mais à vontade com máquinas do que com gente. Seu pai, que fez fortuna construindo ferrovias para o Império e com plantações de café, contratou professores particulares para que ele tivesse uma educação esmerada sem precisar ir à escola.  Herdeiro milionário,  foi morar em Paris aos 24 anos, e não poupou recursos para dar vazão à sua imaginação em sucessivos inventos, até chegar ao 14-bis, aeroplano que o consagrou como o Pai da Aviação. Se tornou celebridade na Europa e no Brasil. Dava festas inesquecíveis para a aristocracia européia, frequentava o Maxim's,  era conhecido por sua elegância, vivia cercado de belas mulheres,  mas não se sabe se teve algum relacionamento duradouro.
Veio a Primeira Guerra Mundial, e suas invenções já não chamavam mais atenção dos jornalistas. Tornou-se mais melancólico, adoentado. Voltou para o Brasil, onde construiu, em Petrópolis,  uma casa  tão excêntrica quanto ele, atualmente transformada em museu aberto à visitação.
Depois, já não conseguia morar muito tempo em algum lugar. Rodou solitário pela Europa,  até que, em 1931, seu sobrinho Jorge Dumont Vilares foi buscá-lo numa clínica de Biarritz, na França, onde estava internado. 
Passou temporadas em Araxá (Minas Gerais), Rio de Janeiro e São Paulo. Em maio de 1932, hospedou-se com Jorge no hotel La Plage, na cidade de Guarujá, litoral paulista. Dois meses depois, no dia 23 de julho, sozinho no hotel - o sobrinho havia saído -, suicidou-se, aos 59 anos. O enterro foi no cemitério São João Batista, no Rio. O carro fúnebre que levou o seu corpo do Guarujá até São Paulo  está exposto,   bem conservado, no Espaço Santos Dumont, uma sala envidraçada na esquina das avenidas Leomil e Puglisi, no centro do balneário.






A criação do Parque Nacional do Iguaçu, uma área de 1.700 
quilômetros quadrados onde a fauna e a flora são preservadas, teve a influência de Santos Dumont. Em visita às Cataratas do Iguaçu, em 1916, extasiado diante de tanta beleza, Dumont usou o seu prestígio para convencer o governador do Paraná, Afonso Camargo, para que desapropriasse a área, então de propriedade particular. Declarada de interesse público naquele mesmo ano, tornou-se Parque Nacional por decreto do governo federal em 1930. 
Uma estátua em bronze colocada junto às cataratas homenageia Santos Dumont.


  






Quem se interessa pela vida e a obra de Santos Dumont deve ler
Asas da Loucura, do norte-americano Paul Hoffman. A biografia é resultado de muitos anos de pesquisa, na Europa e no Brasil, e dá uma dimensão precisa de um dos mais fascinantes personagens do século XX. 

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