Nos almoços de domingo lá em casa era assim: a criançada (mesmo que as crianças tivessem mais de 20 anos) não falava. Depois da oração (um Pai Nosso) nos dedicávamos a degustar a galinhada, o churrasco. E escutar as histórias do pai.
Ele adorava descrever as pescarias, as caçadas, as peripécias de sua vida de comerciante e representante comercial. E contar piadas - que sempre acabavam em gargalhadas.
"Na nossa casa de comércio quase todos os dias chegava uma senhora idosa, que percorria as prateleiras examinando os produtos. Perguntava os preços e exclamava: 'que baraaaato! que baraaaato! '
E saía sem comprar nada."
"Tinha um colono gostava de comer ovos crus. Batia na casca, abria e jogava goela abaixo. Um dia ele não se deu conta de que o ovo estava com um pinto dentro, e acabou enfiando na boca. O pinto mal teve tempo de piar. Ele engoliu e disse, baixinho: 'tarde piaste'.
Num fim de tarde, pouco depois do movimento pela Legalidade, que garantiu a posse de João Goulart na presidência da República, os fregueses comentavam a bravura do governador Leonel Brizola, que entrincheirado no Palácio Piratini enfrentou o movimento que pretendia impedir o cunhado de tomar posse. Um gringo, depois de um gole de pinga, sentenciou:
- Xe nom foxe o Brijola, ixto aqui ia virar numa dentadura desgraxada.
In memoriam de Vilibaldo Heberle, o seu Vili, precocemente falecido aos 63 anos, em 1974.
Jeito durão, coração de manteiga.
Saudades, querido pai.
Foto: Vilibaldo na sua casa de Ipanema, com o nosso cachorro policial, o liebe Mutli.
Um comentário:
Boa tarde Clovis
Cheguei ao teu blog
Havia lido e apreciado o que redigistes sobre nosso avô Theobaldo.
Agora li do tio Vily. Vieram lembranças.....e boas
Abraço
Ricardo Weiler
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