domingo, 18 de agosto de 2019

A GUERRA DO PESCADO




De 1961 a 1963 o Brasil e a França estiveram em guerra. Foi a chamada Guerra da Lagosta, causada pela pesca do crustáceo na costa do nordeste brasileiro por barcos franceses. O governo brasileiro reagiu com energia. O presidente Jânio Quadros chegou a ordenar a invasão e a anexação da Guiana francesa, a França mandou navios de guerra para proteger eu território, mas Jânio renunciou antes disso e o assunto foi resolvido sem que nenhum tiro ser disparado. Cinco décadas e meia depois, Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão numa guerra pelo pescado gaúcho. 
No final de 2018, uma lei estadual determinou que os barcos pesqueiros só podem atuar a 12 milhas náuticas (cerca de 22 quilômetros) do litoral gaúcho, com o objetivo de impedir a pesca de arrasto - navegando perto da costa os barcos arrastam redes no fundo do mar, retirando peixes de todo tamanho e jogando fora, mortos, aqueles que não têm valor comercial. É um método predatório, que vinha reduzindo a quantidade e a variedade de peixes.
A indústria pesqueira catarinense quer derrubar a lei na Justiça, e apela por apoio do governo federal, alegando que ela fere de morte o setor pesqueiro do estado. Não é para menos: Santa Catarina produz a metade do peixe industrializado no Brasil. Foram 64 toneladas só no primeiro semestre do ano passado. Deste total, 58% foram pescados por barcos saídos de portos localizados em toda a costa catarinense, de São Francisco do Sul a Passo de Torres, para lançar suas redes em boa parte do litoral brasileiro e também no Uruguai.  Cerca de 25 mil pessoas trabalham na pesca artesanal, nos barcos e nas fábricas.
Os catarinenses não costumam respeitar as normas legais de proteção à fauna marítima. Mesmo quando o limite para pesca era de três milhas da costa, os barcos faziam arrastos junto à costa gaúcha, e as apreensões eram raras devido à falta de fiscalização. Pescadores artesanais e os donos dos poucos barcos de pesca que restaram na colônia de Pesca de Tramandaí relatam que nestes poucos meses de vigência da lei já é possível notar um aumento nos cardumes da região. Mas seja qual for o limite imposto, o importante é que haja um controle permanente da atividade pesqueira.




Nenhum comentário: