quinta-feira, 26 de março de 2009

RUBIROSA, O ÚLTIMO PLAYBOY


A trajetória do filho de um líder político do interior da República Dominicana no início do século XX que se torna milionário, com palacete em Paris e namoradas ricas e famosas pela Europa e Estados Unidos, é fascinante.
Mas em "O Último Playboy", de Shawn Lewy, publicado pela editora Record, acompanhar mais de três décadas da ditadura de Rafael Trujillo acaba sendo tão interessante quanto a biografia de Porfírio Rubirosa.

Rubi, como se tornou conhecido, não gostava de estudar, e menos ainda de trabalhar. Conquistou e casou com Flor de Oro, filha de Trujillo, e assim conseguiu um posto de oficial do Exército. Mesmo depois de divorciado continuou prestando serviços ao regime como diplomata. Se tornou uma espécie de public relations da República Dominicana. Saiu de seu país na década de 30, para voltar apenas esporadicamente. Vivia em Paris, com temporadas em Nova Iorque e cidades de outros países para onde o "benfeitor da pátria" o mandasse, como Berlim, Roma, Buenos Aires e Havana.
Seu segundo casamento, com a atriz francesa Danielle Darrieux, famosíssima nas décadas de 30 e 40, durou cinco anos e teve como cenário a Segunda Guerra Mundial.

O terceiro e o quarto casamentos foram com bilionárias americanas, de quem ganhou mansão em Paris, aviões e milhões de dólares.
Namorou mulheres lindas, ricas e famosas, como Eva Perón e Zsa Zsa Gabor.
Seu círculo de amigos incluía playboys como os brasileiros Baby Pignatari e Jorginho Guinle , o príncipe Ali Kahn, o rei Farouk, e já na década de 60 os cantores Frank Sinatra, Dean Martin e Sammy Davis Jr., o milionário alemão Gunther Sachs e o presidente John Keneddy.
Hedonista assumido, levava a vida na farra - beber, comer, viajar, dirigir em alta velocidade, jogar pólo e transar, transar, transar. Traía suas mulheres descaradamente e não dava a mínima para princípios éticos ou morais. Só levava a sério seus compromissos sociais e os encontros amorosos. Mesmo assim era muito bem recebido onde quer que fosse - afora alguma reação de maridos ciumentos, transtornados pela atração que ele exercia sobre esposas insatisfeitas.
Qual o segredo de Rubirosa? Ele era simpático, sedutor, generoso com os amigos, de hábitos refinados e raramente perdia o bom humor, mesmo diante de situações complicadas.
Se especializou em agradar as mulheres - da forma de beijar as suas mãos até a hora do ataque sexual. O assédio incluía rosas vermelhas e jóias cravejadas com rubis. Segundo várias ex-namoradas, era super bem dotado - e usava como poucos o seu, digamos, dote.

A decadência dele como playboy coincidiu com o ocaso da ditadura Trujillo. Depois de 30 anos no poder, baseado na intimidação, tortura e morte dos adversários políticos e com o apoio irrestrito dos Estados Unidos, Rafael Trujillo enfrentava o cerco de simpatizantes do novo regime de Fidel Castro em Cuba e da hostilidade de países vizinhos que pressionavam por um regime democrático. Trujillo, cujo culto à personalidade chegava ao ponto de mudar o nome da capital, de Santo Domingo para Ciudad Trujillo, e dar o nome da montanha mais alta do país para "Pequena Trujillo" (porque maior era ele, Rafael...), acabou assassinado em 1962. Seu filho Ramfis, amigo de Rubi, não conseguiu controlar a situação e acabou fugindo do país com a familia e tudo que conseguiu carregar.
Sem uma fonte de renda, casado com Odile Rodin, uma mulher com a metade de sua idade que dependia economicamente dele, Rubirosa já estava vendendo obras de arte de sua mansão parisiense para manter o alto padrão de vida.
Aos 56 anos, em julho 1965, depois de uma comemoração que durou toda a noite pela vitória do seu time de pólo, jogou sua Ferrari conversível em alta velocidade sobre uma castanheira, no Bois de Bologne, e morreu pouco depois.
Sua morte - provavelmente um suicídio - foi manchete em dezenas de jornais europeus e norte-americanos, e capa das revistas Time e Newsweek.
Com ele, acabou também a era dos grandes playboys internacionais.






3 comentários:

Fernando Lima Sanchotene disse...

Narrativas como essa fazem a gente caminhar um pouco mais para compreender a verdadeira alma humana. Obrigado, amigo, por tais digressões, alegres, objetivas e absolutamente oportunas. Fernando Sanchotene

Clovis Heberle disse...

Fernando, amigo,

fico feliz com o teu elogio.
A história de Rubirosa é tão densa que estas poucas linhas são apenas uma isca para estimular os leitores a ler o livro. O autor é roteirista de filmes e crítico de cinema num jornal de Oregon. }Escreve muito bem e fez uma pesquisa extensa. Cada página é uma aventura.
Um abraço

Anônimo disse...

That's life!!!
(Frank Sinatra(