O mapa do litoral do Rio Grande do Sul é pontilhado por lagoas. São a maior, e praticamente a única fonte de água potável de toda a região, pois do subsolo arenoso só sai um líquido salobra, impróprio para o consumo. É das lagoas que sai a água para beber, dar aos animais, irrigar as plantações. Um tesouro.
As lagoas de Tramandaí até Torres são interligadas,e pertencem à bacia hidrográfica do rio Tramandaí, a única ligação dessas águas com o mar. Nelas deságuam os rios Maquiné, Três Forquilhas e Cardoso, que descem das montanhas da Serra Geral por vales belíssimos.
Este sistema lagunar, vital para a sobrevivência das milhares de moradores dos municípios de Tramandaí, Osório, Imbé, Xangri-lá, Capão da Canoa, Arroio Teixeira e Arroio do Sal ( Torres se abastece no rio Mampituba) , é extremamente frágil. Uma fonte poluidora em qualquer uma das lagoas contamina a todas.
Os dois maiores perigos são os esgotos domésticos e industriais e os agrotóxicos usados nas lavouras - a abundância de água favorece o cultivo de arroz.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do rilo Tramandaí foi criado para fiscalizar abusos e sugerir medidas para a preservação desse manancial, pois a Lei das Águas, que instituiu a Política Nacional dos Recursos Hídricos de 1997, e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, definiu que a água é um bem público, que não pode ser privatizado. Diz a lei: "a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades".
Fazem parte do comitê representantes da Corsan, de entidades de atividades econômicas, de pesca e de turismo, das prefeituras da região, de órgãos ambientais do governo de Estado, de órgãos de fiscalização, do Ceclimar (Centro de Estudos Limnológicos e Costeiros) da Ufrgs, do Ibama e de entidades de classe como a Associação Riograndense de Imprensa (ARI).
A representante das associações comunitárias é a Associação Comunitária de Imbé-Braço Morto, que além de participar das reuniões mensais está trabalhando na articulação com as demais associações comunitárias do Litoral.
A bacia hidrográfica do rio Tramandaí tem uma área de 3.144 quilômetros quadrados.
Está demarcada, no mapa, com a linha vermelha. A região tem 220 mil moradores fixos. No verão, quando os veranistas chegam às praias, a população pula para 580 mil pessoas.
Um comentário:
Parabéns Clóvis por este lindo trabalho!
Após a leitura, sentimos que chegou o momento de se "Repensar o Crescimento".
Quando começamos a ouvir o alarde sobre possível fim de alguns recursos naturais fundamentais para a economia moderna, devemos passar a NOS PREOCUPAR com a nossa quase única fonte de água do litoral.
Tornou-se hoje em dia uma prática corrente a construção de edifícios de quinze ou vinte andares á beira do mar. Assim teremos intensos impactos ambientais, desde a retirada de vegetação, desmonte de dunas, posteriormente aterros, etc., sem que fossem realizados estudos de impacto ambiental, impacto de vizinhança, adensamento populacional, ...
Em muitos municípios constroem loteamento sobre as dunas ou edifícios sobre áreas que deveriam ser de preservação, conforme determina o "Estatutos da Cidade"!
"Repensar o Crescimento", é que existem limites a serem observados e quando ultrapassados certamente teremos a degradação ambiental, pois o meio ambiente é um bem comum, de uso coletivo e não de poucos que somente visam o lucro!
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