domingo, 3 de fevereiro de 2019

UM ANIVERSÁRIO FELIZ





Entardecer na Pedra Redonda (foto de Gilmara Gil)



Não costumo fazer festas nos meus aniversários. A única exceção foi aos 21 anos. Minha família morava no bairro Pedra Redonda, numa casa do tio Ivo Weiler com um terreno que ia da avenida Coronel Marcos até a beira da praia, no rio Guaíba.
Comprei muito salsichão, pãezinhos e garrafões de vinho e convidei os amigos e colegas a aparecerem, no fim da tarde. A churrasqueira ficava perto da praia, e ficamos ali, assando e comendo salsichões, com pão e vinho, conversando, e cantando ao som do meu violão. A noite avançava e a festa ficava cada vez mais animada. 
Sei de alguns namoros que começaram ali. O lugar convidava para beijos e abraços. 
Lá pelas tantas, alguém notou a falta do Arturzinho - Artur Borba, já falecido. Começamos a procurar, a gritar."Artur, Artuuuur". Num momento de silêncio, ouvimos a voz dele, vinda do rio, no escuro, cantando "navegar é preciso, viver não é preciso", um sucesso de Caetano Velloso da época. 
Artur havia pegado a minha canoa de alumínio e remado rio adentro. A chegada foi patética. Com todos nós reunidos na beira da praia, ele remou até a canoa encostar na beira. Bêbado, ele se desequilibrou a caiu de cara na areia.
Gargalhadas gerais. 
E a festa continuou até amanhecer.

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