segunda-feira, 10 de março de 2014

NÃO VERÁS PAÍS NENHUM

UMA VISÃO ASSUSTADORA DO FUTURO



Souza, um ex-professor de história, vive na São Paulo do futuro. As mudanças climáticas provocadas pelo desmatamento e pela poluição se refletiram dramaticamente sobre a gigantesca cidade, tornando a vida muito difícil. O calor sufoca, o mau cheiro está em toda parte. A água é racionada, os alimentos são factícios - produzidos em fábricas - pois já não há frutas, legumes e carnes de verdade. A superpopulação inviabiliza a circulação de carros e pessoas. A violência é tanta que os civiltares armados, a pé ou em helicópteros, patrulham constantemente as ruas em busca de ladrões e assaltantes. Sem trabalho, multidões vagam pelas ruas. 
Os governantes, que se mantém no poder década após década, vão tomando as medidas que consideram necessárias, protegidos por uma imprensa servil e pela propaganda oficial em que tudo está maravilhoso. Há murmúrios, meros boatos, de que uma pequeníssima parte dos moradores vive em condomínios de luxo, protegidos por muros altíssimos, onde há água e comida de sobra. Mas ninguém conseguem provar. E nem tem vontade - na comida produzida nas fábricas governamentais são adicionados calmantes que tornam as pessoas indiferentes a tudo. 

 A  maior estiagem já enfrentada pela região Sudeste do Brasil  trouxe para o presente o futuro imaginado por Ignácio de Loyola Brandão em "Não Verás País Nenhum", que em 2015 completa 35 anos de publicação.
 É só ligar a tevê: o calor batendo recordes, a água rareando no sistema de barragens que abastece a capital paulista, a violência chegando a índices absurdos. 
Se quando foi escrito o livro de Loyola parecia ficção cientifica, o ritmo das mudanças no clima e na sociedade tornam as cenas imaginadas por ele há mais de trinta anos assustadoramente atuais, e não apenas em São Paulo.  
Para quem não leu o livro, é hora de conferir. Para quem leu, a releitura terá um sabor especial. 



2 comentários:

Rekern disse...

"Não Verás País Nenhum como Este" é um romance, com uma temática futurista catastrófica que é uma das vertentes da ficção científica. Nada do que esta temática fala se realiza nos futuros alardeados. As ruas estão limpas, existe água em abundância, cada vez tem mais carros nas ruas e eles continuam circulando democraticamente. Existe trabalho para todos em São Paulo e no resto do Brasil. A classe média aumenta, os governantes mudam de década em década e são diariamente atacados pela imprensa furiosa. As mudanças climáticas são absolutamente normais, variando de tempos em tempos, as vezes muito quente, as vezes muito frio, mas na média temperaturas agradáveis.
Este meu contraponto é apenas para dizer que o livro do Inácio de Loyola Brandão continua sendo ficção científica da boa, mas apenas um escapismo maravilhoso.

Clovis Heberle disse...

Acorda, Reckern...
Abraços