Se minha vida amor amanhã
soçobrar
nos escaninhos da escuridão sem volta
não fiques triste dentro de casa
a chorar pelos cantos
não deixes que o abandono
da solidão sem remédio se adone
de teu espírito livre
de teu corpo não te descuides
não durmas tanto que me olvides
expiradas minhas exéquias
desperta e levanta
repara que lá fora
novo dia abriu para ti
suas cores vivazes
repara como tudo se move
na luz desse dia
como tudo nesse movimento
é inquietante e seduz
tira do teu rosto a crepe do pesar
e o peso da angústia que acompanha o pensar
não penses não lembres não me lastimes
põe o teu melhor mais lindo vestido e sai
o que morreu morto está
real é a coisa sonhada
Pedro Port, em "Deus não conversa"
Capa de Rodrigo de Haro
Nenhum comentário:
Postar um comentário