quarta-feira, 2 de maio de 2018

LEÔNCIO LOBATO NETO (1944 - 2018)






Meu cunhado Leôncio Lobato Neto, irmão mais velho de suas seis irmãs, era um garoto que amava os Beatles,  Elvis, os Platters, Los Cinco Latinos, carrões americanos dos anos 60, o Inter, o Santos,  Fluminense.
Viveu a vida como se tivesse sempre 16 anos - los dulces dieciseis.
Faleceu aos 73 anos, no dia 29 de abril de 2018, de insuficiência renal aguda, no Hospital Tramandaí. Foi sepultado no Cemitério Municipal de Imbé. 
Deixa saudades, e uma bela coleção de discos.
De vinil claro.




Renato e seus Blue Caps, Sarita Montiel, Ray Conniff, Platters. Mais de 300 discos que marcaram uma época.






Dodge Dart 1973, o dojão,  paixão que o acompanhou até que o carrão não podia mais rodar 






Uma excentricidade do Leôncio: adotou o codinome de Telmo Haroldo Lima






Um passeio: com a Lais na ponte pênsil de Torres ...



no restaurante do hotel Farol,



na sede do clube União da ilha do Pavão, em Porto Alegre, com a irmã Lais e a sobrinha Tatiana,




e num passeio de catamarã no rio Tramandaí, em Imbé.



Amigos para sempre: Robson Martelet e Solange Berto, na praia do Quintão (ao fundo,  sua irmã Lais).  Desde que sua mãe foi para uma geriatria e o Leoncio ficou morando sozinho,  Robson vinha pelo menos uma vez por semana até o Imbé para cuidar dele. 



Dario Júnior, um amigo que nunca deixou de telefonar ou 
visitá-lo.  






Um vôo: a bordo de um avião  DC3 do Aeroclube do Rio Grande do Sul. Decolou do aeródromo de Belém Novo e sobrevoou Porto Alegre. As aeromoças estavam vestidas como nos tempos da Varig dos anos 60. 
Antes da decolagem, um brinde com espumante. 





Chegando para uma visita na nossa casa, na rua Santos Neto, em Porto Alegre. 



Em sua casa, na rua Bom Jesus, Imbé




Rodrigo Lobato Duarte, sobrinho do Leôncio (e meu) definiu muito bem quem era ele. O post é do facebook do Rodrigo:



Então você se foi,...
Não tem nem uma semana da perda da Laila (a cachorrinha), agora quem vai é você, que do seu jeito malukinho de ser me ajudou a crescer. Toda vez que eu chegava botava umas 15 camisas de times diferentes por nunca lembrar qual era o meu depois tirar uma por uma até eu falar é esse que eu torço,....
Sempre preocupado que eu era magro fazia batida de banana, me "Zoava" por ainda mijar na cama, era o único em quem eu confiava para tirar meus "bixos de pé ", inventou um carrinho no fundo do quintal que fazia pipoca, cachorro quente e outras coisas antes do food-truck existir, quintal esse que quando anoitecia a gente tinha medo de ir para não levar bronca ao lhe acordar. Porém você acordava a gente cedo 6 da manha ou com seu vozeirão ou com o som dos discos  de vinis - Los Hermanos, The Platters, Elvis Presley  - não é pra qualquer um.
Com você aprendi a gostar de carros antigos antes de virar moda em sobrenatural, eu já curtia o Impala ... e como esquecer do Dodge Dart que andava até com óleo de cozinha ?
 Muitas historias boas suas ficam para contar, boa sorte no lado de lá.
Hoje eu perco um Tio porem o céu ganha um grande homem ! 
Sad !



Além da música e dos carrões, Leoncio adorava jogar snooker. Fazia suas próprias mesas. 
Nesta foto, de 1974,  no quintal da casa da família na rua Faria Santos, com as irmãs Elaine e Lais e o pai, Leoncio Lobato Júnior.



Leoncinho com a vó Dilina (Adelina) na rua da Praia


Nesses 50 dias em que estive todos os dias no Posto de Saúde do Imbé e, depois,  no hospital Tramandaí acompanhando o Leoncio, aumentou meu respeito e admiração pelo profissionalismo e dedicação dos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. 
Um exemplo: a Duda, técnica de enfermagem encarregada da hemodiálise na UTI do hospital Tramandaí,  notou que ele estava muito tenso. Perguntou para mim se gostava de música e que tipo de música. Falei nos Platters, e ela buscou no seu smartphone. Em segundos achou a música "Only You". Ele  sorriu e relaxou.
Mesmo estando no isolamento da UTI, pode continuar ouvindo suas músicas, que gravei num pen drive, com a autorização dos médicos.
Naquele ambiente branco e silencioso onde o limite entre a vida e a morte é muito tênue, os médicos e as equipes de enfermagem foram sempre cordiais com os parentes e amigos dos doentes, dando informações sobre o estado de saúde deles. E ao Leoncio, que passou mais de um mês na UTI, dedicaram atenção especial. Foi tratado com respeito e carinho.
Obrigado, muito obrigado, pelo que fizeram por ele. 



                        "A flor que depositais sobre o meu túmulo murcha;  

                         a lágrima que derramais com minha lembrança se evapora;  

                        porém, a oração que por mim elevais a Deus penetra nos céus 

                          e se converte em abundantes graças..."                            

                            



7 comentários:

Anônimo disse...

Muito bonita homenagem querido cunhado!! Com Leocninho, meu irmão mais velho, aprendi a curtir músicas dos anos 50, quem não fica enlevado escutando Only you, na voz de Tha Platters? Ou apaixonado ao ouvir a música Sabor a mí, com Trio de los Panchos? Ou feliz ao sentir o embalo de dímelo tu,com cinco latinos? Tinha muito bom gosto musical, afora as orquestras a música de Renato e seus Blue Caps, etc. É,.... deixa saudades... A seu modo penso que foi feliz, como todos teve seus altos e baixos, vai estar voando pelas ruas lá do céu com seu Impala flamejante,ouvindo suas músicas prediletas, junto com outros entes queridos que já se foram. abraços Isabel

Clovis Heberle disse...

Pois é, Isabel,
Agora que ele se foi só nos resta lembrar os bons momentos e as coisas legais que ele nos trouxe.
Abraços
Clovis

estepeprotegido disse...

Hoje (01/06/2018) soube através do Fernando Lobato da morte do meu velho amigo de tantas jornadas de futebol nos fundos da sua casa na Faria Santos. Fiquei profundamente consternado, até porque em março deste ano consegui falar com ele após uns 30 anos que não o via por telefone que achei na Internet, da sua casa em Imbé. Tinha programado uma visita mas acabei não indo, deixando para o próximo veraneio quando eu voltasse para Capão. Ficam na lembrança as incontáveis jornadas de futebol à tarde, onde as confusões engraçadas aconteciam quase todos os dias, protagonizadas pelo "Leoncinho", que corria atrás da gurizada quando perdia a partida. Bons tempos que não voltam mais. Parabéns ao Clóvis pelas crônicas que já li sobre essa família. Que deus o tenha...

Clovis Heberle disse...

Comentário da enfermeira Duda Marculan, responsável pela hemodiálise no Hospital Tramandaí:
"

Oi Clóvis, é a Duda, em nome de toda equipe, venho te agradecer e dizer q me sinto feliz por de alguma forma ter ajudado no tratamento do seu Leôncio... lamento pela perda dele, e por ter presenciado junto com a lais os últimos minutos de vida dele, parece q ele só esperou ela chegar e rezar uma ave Maria... Eu infelizmente nada podia fazer, vim embora mto triste naquela noite, preocupada com vcs. Tenho sentido muita falta de vcs la... abre a vizita e tenho a sensação q vcs vão entrar. Um grande abraço a vcs, e parabéns por terem dedicado todos aqueles dias de cuidados, tanto amor e carinho deram ao seu Leôncio, ele ficava mto feliz e se sentindo amado...
Fiquem com Deus, saúde, paz..."

Clovis Heberle disse...

Prezado Jorge
Obrigado pelas palavras amáveis. Realmente foi uma pena não teres vindo visitá-lo - ele passou mal pouco depois, no dia 9 de março. E falava muito em ti. Mas a vida é assim mesmo. Posso te dizer que ele recebeu um tratamento respeitoso e até carinhoso das equipes de médicos e enfermeiros de Imbé e Tramandaí, e a Lais e eu fizemos, nesses 50 dias, todo o possível para que ele se sentisse confortado e amparado.
Um forte abraço
clovis

estepeprotegido disse...

Pois é Clóvis. Lembro bem de ti, há quase meio século atrás, quando tu ainda namoravas a Laís e curtia "Beatles Again"...Eu tinha 13 anos de idade em 1970 quando fui morar no edifício frente à casa do Leoncinho. A gurizada adorava jogar bola na quadra dele. Foi um grande amigo que tive, apesar da diferença considerável de idade entre nós (ele tinha 25 !)...mas é que ele gostava de muitos tipos de jogos, como damas, preguinho, sinuca, escova...foram anos nos divertindo aos montes. É claro que a gente ficava na espreita só esperando que o pai dele (Sr. Leôncio) saísse depois do almoço para começar as partidas de futebol...ele tinha bronca da bagunça que a gente fazia e com uma cara de "invocado" falava grosso com o Leoncinho. A turma tinha medo dele kkkkkkk. A coleção de bolas numeradas, os discos de orquestras, como o Lafayette, Billy Vougan, Paul Maureat, Frank Pourcel e evidentemente os sucessos do Renato e seus Blue Caps, tocados por ele na eletrola "Batuka" (da Telefunken) sonorizavam a cancha antes das partidas. Cara, eu era feliz e não sabia. Grande abraço Clóvis !

Unknown disse...

conheci o leoncio qdo estuava medicina na ufrgs no inicio decada de 90 - morava na faria santos e jogavamos sinuca com ele nos fundos de sua casa . um grande figura - procurei seu nome na internet - descobri q faleceu - uma lastima