sábado, 16 de julho de 2016

SEDA, O MAIS NOBRE DOS TECIDOS








Casaco e colete de seda, bordados, confeccionados na França no século XVIII. 
Em exposição no Museu Metropolitano de Arte
 de Nova York















Há quatro mil anos a seda é a rainha dos tecidos. Naturalíssima, delicada, forte, discretamente brilhante, suave, belíssima, enfim. Trajou reis e rainhas, esteve presente em todas as festas chiques ao longo dos séculos. Viu surgirem, decaírem e desaparecerem gerações de nobres, de burgueses, comerciantes, industriais. Sempre foi um símbolo de poder, de riqueza, de bom gosto.
O segredo da produção do tecido foi mantido em segredo pelos chineses até o período final do Império Romano, quando monges enviados pelo imperador Justiniano até os centros produtores da China trouxeram bichos da seda para Roma. Mesmo assim, por muitos anos a única forma dos europeus  conseguirem seda era trazê-la da China, uma aventura arriscada, cara e muito difícil.
Com a Revolução Industrial, no final do século 19, os tecidos de algodão e lã se popularizaram. 
No século 20 todos os lares de famílias de classe média tinham máquinas de costura, e havia  lojas de tecidos em todas as cidades brasileiras - pelo menos uma filial das Casas Pernambucanas.... 
A revista Burda, especializada em modelos de vestidos com as instruções de como costurar, era leitura obrigatória entre as costureiras e as donas de casa, muitas das quais faziam suas próprias roupas - os cursos de corte e costura faziam parte da educação das moças.
Esta realidade foi mudando com a facilidade de comprar roupas prontas. Mudou a forma de vestir da população. Alfaiates e costureiras tornaram-se cada vez mais raros e caros. Os tecidos sintéticos tornaram os preços ainda mais acessíveis, mas a seda natural mantinha o seu lugar como a preferida para vestidos de luxo. 
Nos últimos anos, as lojas especializadas em tecidos finos, têm fechado suas portas, mesmo em algumas capitais de estados.
 Em maio de 2014, a loja Phoenix, encerrou suas atividades. 
Uma pena: esta fênix não renascerá das cinzas.  Resta agora, em Porto Alegre, o Empório das Sedas, localizada na avenida São Pedro, 1098.



"Trabalhar com tecido de seda é como cultivar flores", dizia o costureiro parisiense Hubert de Givenchy. Nesta foto de 1982, publicada na revista National Geographic, Givenchy ajusta  a manga do vestido de uma modelo. 
Naquela época, pelo menos a metade dos vestidos de alta costura de Paris eram feitos de seda. 


A ROTA DA SEDA



Caravanas de mercadores transportavam os fardos de seda em caminhos difíceis e perigosos do interior da China até os países da Europa (traços em vermelho).  Apenas depois do século VII navegadores europeus descobriram rotas seguras para chegar pelo sul até onde hoje é o canal de Suez (traços em azul). 

O mapa é da revista National Geographic. 
Clique sobre ele para ampliá-lo.



*** Marco Polo (1254-1324) percorreu a rota da seda e, depois de viver 16 anos na corte do imperador mongol Cublai Cã (ou Khan), voltou para Veneza e narrou suas peripécias em
 O Livro das Maravilhas.   








E tudo começou com uma larva. Ela se desenvolve em amoreiras e escreta mais de um quilômetro de gosma que ao contato com o ar se torna um fio ultra-resistente, destinado a proteger a borboleta em seu casulo....
 O fio, trabalhado por tecelões, se torna o mais nobre dos tecidos. 



Algumas etapas da produção da seda já são feitas por máquinas, mas na essência a transformação dos fios em tecido não mudou muito desde que a imperatriz chinesa Si Ling Shi se deu conta de que podia tecer o filamento de um casulo de bicho-da-seda que havia caído de uma amoreira dentro da sua xícara de chá,
 2.700 anos a.C. 
  Metade da seda produzida no mundo ainda é exportada pela China. Uma das maiores distribuidoras de seda do mundo é a Liberty, de Londres, Inglaterra. O site:  www.liberty.com.uk




A SEDA NO BRASIL


O Brasil também produz seda. Quase toda vem de 29 municípios do noroeste do Paraná, onde mais de quatro mil agricultores plantam amoreiras e recolhem os casulos em pequenas propriedades rurais com área média de 2,5 hectares.  
Uma tecelagem de Londrina  recebe boa parte da produção. 
O restante é mandado para fábricas de São Paulo ou exportado, com o apoio do Instituto Vale da Seda, criado em 2009 em Maringá.   







A loja Phoenix, filial de Curitiba, 


 e a Kotzias, de Florianópolis, são das poucas lojas especializadas em tecidos finos ainda em atividade no Brasil.
 Uma festa para os olhos e a sensibilidade.    

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