quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

DO TRIGO RICO À FARINHA POBRE


A maioria das pessoas que eu conheço não entendem - e nem se interessam muito em entender - a importância de comer pão de farinha integral e evitar embustes nutricionais como a margarina, o arroz branco e o açúcar refinado. O texto abaixo, retirado de um livro publicado na década de 70 chamado "A Vida Secreta das Plantas", de Peter Tompkins e Christopher Bird , resume de forma clara e definitiva a triste história da transformação de um alimento rico e importantíssimo na história do homem num composto estéril, que apenas torna as pessoas gordas e desnutridas.
Vale a pena ler.

" Desde muito antes do chamado despertar da história, o pão é um alimento básico para o homem. Em ruínas perto dos lagos suíços foram encontrados vestígios de pão datáveis de pelo menos 10 mil anos. Um grão de trigo é em síntese uma concreção com uma extremidade chamada germe, do qual o embrião da futura planta se nutre antes de emitir suas primeiras raízes, e uma casca de três camadas chamada rolão. Enzimas, vitaminas e minerais essenciais, inclusive o ferro, o cobalto, o cobre, o manganês e o molibdênio, encontram-se no germe e na casca.  
O germe do trigo é uma das poucas fontes naturais o se encontra na íntegra o complexo vitamínico B o que justifica o pão já ter sido chamado de 'o alimento da vida'.  O trigo integral contém ainda vestígios de bário, cuja deficiência no corpo humano pode causar distúrbios cardíacos, e de vanádio, também essencial para a saúde do coração. 
Desde os tempos imemoriais, os grãos de trigo foram triturados entre duas pedras circulares. Até o advento da mas máquinas a vapor, os moinhos eram acionados à mão: o primeiro a vapor surgiu em 1784, em Londres. Nas pedras dos moinhos, ou mós, o grão todo era reduzido a farinha. No processo entrava também parte da casca, que é o que dá à farinha integral a sua coloração.
O desenvolvimentodos cilindros de ferro, feito por um francês no início do século XIX, acarretou a separação do rolão e do germe. Foi o conde húngaro Szechenyl, em 1840, quem primeiro os usou, em lugar de mós, no seu moinho em Pest. Em 1877, um satisfatório moinho de cilindros de ferro era importado de Viena para a Inglaterra. Em breve eles entrariam em uso no Canadá. O governador Washburn, do Minnesota, ele mesmo um moleiro,  introduziu o processo húngaro em Mineapolis e começou a desvitalizar a farinha americana. Por volta de 1880 o uso do processo era universal.
Do ponto de vista comercial, o moinho de cilindros de ferro tinha três vantagens sobre as velhas mós. Separando a casca e o germe da farinha amilácea, o moleiro obtinha dois produtos para a venda, em vez de um só. A casca e o germe eram vendidos como "farelo", ou forragem animal. A remoção do germe tornava possível manter a farinha em boas condições por um tempo mais longo, o que também aumentava os lucros do moleiro. Por fim, a introdução dos cilindros de ferro permitiu adulterar o trigo com um acréscimo de 6% de água: era isso que impunha a remoção do germe, pois caso contrário a farinha não se conservaria.
No chamado pão branco "enriquecido", do qual estão ausentes as vitaminas e os minerais, resta apenas o amido bruto, cujo valor nutritivo é tão escasso que a maioria das matérias não o come. Nesse insípido pão sintético são arbitrariamente injetadas substâncias químicas que constituem apenas parte do seu complexo vitamínico B e não correspondem às necessidades reais do ser humano por não estarem em proporções equilibradas. Entre as substâncias químicas usadas para "melhorar" a farinha estão o dióxido de cloro, o peróxido de benzoílo, o bromato de potássio, o persulfato de amônio e mesmo a aloxana. O dióxido de cloro destrói o que resta de vitamina E na farinha e faz com que o amido inche, o que para o padeiro é uma dádiva.
Para compor o quadro, outra invenção de um francês, a margarina, destituída das vitaminas A e D, foi introduzida na Inglaterra como um substituto mais barato para a manteiga, ao mesmo tempo que a farinha alvejada. A saúde do país se deteriorou.  Os próximos vilões neste melodrama da vida são açúcar refinado, a glicose e os adoçantes. "





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