terça-feira, 29 de novembro de 2011

MERGULHADORES DO TEDUT, NO IMBÉ

ONDE O TÉDIO NÃO TEM VEZ



Petroleiros ancorados ao largo de Tramandaí e Imbé fazem parte do cenário de quem olha para o mar. Às vezes são seis, até oito navios, descarregando suas cargas, carregando ou esperando a vez de serem conectados a uma das duas monobóias, localizadas a quatro e a seis quilômetros da praia. Os navios - em média 22 por mês -  trazem petróleo para a Refinaria Alberto Pasqualini, em Esteio, ou nafta para a Brasken, no Pólo Petroquímico de Triunfo. Os produtos, bombeados pelos petroleiros, são  levados por oleodutos até enormes tanques do Terminal Almirante Soares Dutra, o Tedut, localizados em Osório, e depois até a refinaria. Às vezes os navios são carregados de gasolina e óleo diesel para a exportação. Aí o fluxo é inverso. A monobóia mais próxima da costa é usada para nafta e a mais distante para óleo.




Oitenta por cento dos petroleiros vêm do exterior. Os tripulantes são filipinos, indianos, coreanos, muitas vezes há semanas no mar. Ávidos por terra firme, são transportados até o trapiche da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em Imbé, por quatro lanchas, duas da Transpetro e duas terceirizadas  da empresa Mundial. De lá, confiando no seu inglês geralmente precário, os marinheiros vão às compras. Além de medicamentos, compram comida nos supermercados locais. "Fico impressionado com a quantidade de bolachas que levam a bordo, mas me chama a atenção como eles gostam de patas e asas de frango", conta Wanderlei Castanheira, Coordenador de Operações Marítimas do terminal.
As lanchas também transportam os funcionários da manutenção e os mergulhadores encarregados de verificar se as monobóias estão em boas condições para a amarração dos navios. A operação é feita cada vez que um navio chega para descarregar - quase um por dia. São 14 mergulhadores, para quem a rotina diária é enfrentar as águas geladas e quase sempre escuras do Atlântico Sul. Para eles, o tédio não existe.
O tédio também não faz parte da rotina dos mestres das embarcações que, todos os dias, saem da barra do rio Tramandaí e vão até as monobóias. O maior problema - além das ondas deste mar muitas vezes bravio, que ultrapassam os dois metros e meio, obrigando a paralisação das navegação - é o canal. Por falta de molhes, cuja construção foi embargada depois de estudos do Instituto de Pesquisas Hidráulicas sobre os efeitos danosos que traria à praia do Imbé, a barra é móvel, mudando de curso de acordo com o vento e a força da água das lagoas ou do mar. Por falta de dragagem, o calado também varia, chegando às vezes a menos de um metro de profundidade. O mestre observa os ventos, a direção das ondas, e escolhe o melhor caminho para sair da barra. Na volta, sempre há momentos de tensão até a lancha ultrapassar a rebentação e chegar ao trapiche.


Lancha da Petrobras entra na barra do rio Tramandaí para atracar




O trapiche onde ancoram as lanchas do Terminal Soares Dutra, da Transpetro


Na margem esquerda do rio, Imbé. Na direita, Tramandaí, no Rio Grande do Sul.

2 comentários:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Meu caro editor essa empresa que custou até mesmo período na prisão ao grande brasileiro Monteiro Lobato é um exemplo da competência de nosso povo e só não foi entregue por aquela gente por lhes ter faltado tempo. Irmãos tenho alguns milhares e dentre estes alguns realmente fraternos. Consangüíneo tive somente o Henrique que faleceu ano passado em agosto. Foi ainda muito jovem levado à Refinaria do Paraná. Era especialista em tratamento de água e inclusive dava aulas de vapor a alunos da USP sem ser engenheiro. Lá processam gasolina mesmo através de um processo denominado craqueamento catalítico. Destilam a gasolina injetando em tubulações o óleo bruto e vapor de água a 800°. Essa água do seu emprego passa por um processo em que é desmineralizada (retirados todos os minerais). Para que não haja acidentes toda a tubulação e caldeiras são construídas em aço inox e sem emendas. Se houver corrosão e havendo ruptura em algum ponto explode tudo. Tão logo começou seu trabalho descobriu que havia um vegetal microscópico daqueles que nos provocam frieiras. Esse vegetal precisava ser eliminado das águas do Rio Verde. Seu relatório foi contestado por sabidos dentro da empresa no Rio de Janeiro. Diante de sua insistência trouxeram um gringo e este não só endossou o relatório como receitou o tratamento para eliminar tal intruso. Por isto digo que o aço inox não está livre de corrosão, embora tal seja consenso à maioria. O próprio aço inox foi um desejo dos americanos e durante a guerra numa das siderúrgicas na região dos Grandes Lagos, ao manipularem um monte de chapas uma estava brilhando. Houvera um erro. Acidental, pois a descoberta do mesmo. O problema foi fazer o autor recordar o mesmo. Houve outros fatos com o Henrique que deixo de narrar aqui devido a extensão dos mesmos.
Eu dentro de minhas limitações que não são poucas e disto tenho conhecimento e consciência, mesmo assim sou um apreciador dessa empresa e defensor incondicional da mesma.

Anônimo disse...

Que explicação maravilhosa,pois não sabia nada disso, obrigada...