No excelente filme "Meia Noite em Paris" há uma cena de um cãozinho à mesa de um restaurante, participando do jantar. Na capital francesa não é incomum os mascotes acompanharem seus donos nas refeições, um hábito, no mínimo, anti-higiênico.
Exageros à parte, nos últimos anos o aumento vertiginoso da população de animais de estimação tem forçado uma mudança de hábitos, especialmente nas cidades grandes e médias. O mercado voltado para os bichinhos cresce cada vez mais, e não falta trabalho para veterinários e proprietários de pet shops.
Nas famílias, os cachorros adotados ou comprados se tornam membros da família - têm pais, irmãos, priminhos, tios e padrinhos. São vacinados, comem rações específicas para a raça, o peso e a idade, tomam banho pelo menos a cada dez dias. O telefone do veterinário está sempre à mão, colado na geladeira. Quando um deles adoece todos sofrem, e a morte do Snoopy ou da Laila é motivo de dor e choro, especialmente das crianças.
Mas há um problema de difícil - ou impossível - solução: o que fazer com o totó quando a família vai viajar, nem que seja por um fim de semana?
Os lugares de hospedagem para animais de estimação quase sempre são improvisados - jaulinhas em peças sem ventilação ou climatização. Levá-los junto é mais complicado ainda. São raros, raríssimos, os hotéis e pousadas que aceitam cães. Não adianta argumentar que são dóceis e de pequeno porte.
A explicação dos recepcionistas é sempre a mesma: eles podem perturbar o sossego dos demais hóspedes, principalmente pelos latidos. Bobagem, pois os seus responsáveis são os mais interessados em mantê-los tranquilos. E há florais e tranquilizantes específicos para animais.
Os gerentes de estabelecimentos receptivos aos pets só têm depoimentos positivos: raramente ocorre alguma queixa, e a política de boa vontade acaba atraindo novos clientes.
Proibir cachorrinhos em hotéis é apenas preconceito. Mais um que deve acabar, o quanto antes.
Na foto, Lord, um york que adora viajar.