terça-feira, 17 de novembro de 2020

A VINGANÇA DAS DONINHAS

 


Pequenos carnívoros de 15 a 35 centímetros de comprimento, as doninhas, furões e visons, da familia dos ustelídeos, são comuns no hemisfério norte. Excelentes caçadores, se alimentam de ratos e outros bichinhos, e se defendem bem dos predadores, às vezes maiores que eles. Mas com os homens, se dão mal.

Sempre foram caçados por seus pelos macios para a confecção de agasalhos, mas com a moda dos caríssimos casacos de vison, passaram a ser criados em fazendas.
Em vez de correr atrás de suas presas, vivem confinados em pequenas jaulas até o momento do abate. De nada adiantaram os protestos de defensores dos direitos dos animais, que na década de 1970 começaram a invadir desfiles de moda e vaiar os casacos de pele.
Não são os únicos animais a serem criados em cubículos e depois abatidos, mas os únicos cujo sacrifício serve apenas para satisfazer a vaidade humana.
A revanche deles chegou com a pandemia. Em abril deste ano, o coronavírus transmitido por doninhas infectou dois funcionários de fazendas da Holanda. Para evitar a propagação do vírus, 500 mil animais já foram mortos nos Países Baixos. Outros casos ocorreram na Dinamarca, maior exportador de peles do mundo. Lá, todos os 17 milhões de animais em cativeiro serão sacrificados. Surtos já foram detectados nos Estados Unidos, na Itália e na Espanha.
Em vários países, como a Alemanha, a criação de doninhas em "fazendas" já foi proibida. A própria Holanda havia aprovado uma lei para acabar com a prática até 2024.
O coronavírus pode apressar o fim desta crueldade.
Será - que ironia - a vingança das doninhas.

domingo, 8 de novembro de 2020

STAIRWAY TO...

 


 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O DIA EM QUE CONHECI O ROBERTO

 Lidar com repórter - um bom repórter - é difícil. Ele contesta tudo, se acha o máximo, não quer perder tempo em assuntos que não vão render manchete. É turrão, marrento.Lidar com repórter à distância é mais difícil ainda. Ele pode inventar qualquer desculpa para furar uma pauta e ir a um bar beber com alguma gata que conheceu.

Em 1978 não havia celulares, muito menos smart phones. A comunicação era por telefone ou telex, aquelas engenhocas que transmitiam textos. O diretor da sucursal de São Paulo da Cia. Caldas Júnior, José Damas, contratou o Roberto como repórter. Eu era responsável pelo setor nacional da Central do Interior (estranho, né?), e articulava as relações entre as redações dos jornais da empresa - Correio do Povo, Folha da Tarde e Folha da Manhã - com as sucursais de Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Roberto se revelou um repórter responsável, com texto final, que encarava todas as pautas, de uma entrevista com o presidente da Fiesp a acompanhar a recuperação de um cavalo do dr. Breno Caldas que havia fraturado uma perna e estava sendo tratado numa clínica paulista. Conversávamos diariamente por telefone, trocávamos ideias, nos tornamos amigos. Mas eu só conhecia a sua voz - e ele a minha.
Aos 28 anos, eu tinha cabelos compridos e usava calças jeans e tênis, como era usual na época. E era assim que eu estava quando fui apresentado a ele, em São Paulo. Nos abraçamos e
explodimos numa gargalhada que durou longos minutos.
"Clovis, eu pensava que você era velho, barbudo, daqueles que fuma cachimbo e pensam cada palavra que dizem", disse ele.
E eu: "Pô, Roberto, eu tinha certeza de que tu era um garotão cabeludo, barba por fazer, vestindo macacão e camiseta colorida." Acontece que o Roberto estava impecavelmente vestido, barba feita, cabelos cortados e... negro, negro retinto.
Quinze anos depois nos reencontramos num voo para a Espanha, com um grupo de jornalistas convidados para o lançamento de um automóvel. E demos mais gargalhadas, ao recordar aquele dia em
que nos conhecemos.