Eu tenho uma casinha lá na Marambaia
fica na beira da praia só vendo que beleza
tem uma trepadeira que na primavera
fica toda florescida de brincos de princesa
quando chega o verão eu sento na varanda
pego o meu violão e começo a cantar
e minha morena fica sempre bem disposta
senta ao meu lado e começa a cantar
Quando chega a tarde um bando de andorinhas
voa em revoada fazendo verão
e lá na mata o sabiá gorjeia
linda melodia pra alegrar meu coração
às seis horas o sino da capela
toca as badaladas da Ave-Maria
a lua nasce por detrás da serra
anunciando que acabou o dia.
Ter uma "casinha lá na Marambaia" já foi o sonho de consumo da classe média, que nos meses de verão encarava horas de viagem, muitas vezes em estradas de chão, para usufruir do privilégio de passar as férias à beira-mar. Geralmente de madeira, grandes o suficiente para acomodar as famílias, os parentes e amigos, todas tinham grandes varandas e redes para embalar os fins de tarde.
A partir da década de 1980, as casas de veraneio se tornaram mais sofisticadas, mas não perderam o encanto dos antigos chalés, com suas varandas e gramados.
E, nestes tempos de aquecimento global, em que cada verão se torna mais quente, as casas viraram caixotes de cimento e vidro. Verdadeiros fornos.
A tendência arquitetônica atual, com casas de linhas limpas, já não dá prioridade para a iluminação, a aeração e a circulação interna. Quadradas, têm aberturas pequenas e pouco espaço externo.
"A deficiência de ventilação e a excessiva insolação das fachadas têm que ser compensadas com o uso de aparelhos de refrigeração", define a arquiteta Diomery Bobsin, .
E, por mais absurdo que pareça, muros de vidro temperado agora estão substituindo as cercas de tela. São barreiras à passagem da brisa marinha - um contrassenso para quem vai ao litoral fugindo do calorão das cidades.
Nada a ver com o espírito lúdico e o conforto ambiental das antigas casas de praia.
Acabaram a privacidade, a liberdade, o charme e a tranquilidade.
Como nas grandes cidades...
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