Um casal de obesos passa suas compras na caixa do supermercado. Observo com o canto do olho, enquanto espero a minha vez. Garrafas de dois litros de refrigerante, pizza congelada, pães, bolos, chocolates, salgadinhos. Tudo que devia evitar.
Ver pessoas, mesmo jovens, caminhando com dificuldade pelo excesso de peso, se tornou parte do cotidiano. Nos programas de gastronomia os chefs ensinam a preparar pratos gordurosos, os ingredientes fritando em frigideiras cheias de óleo, e tortas e doces delicioooooooosos. E engordantes, claro.
No sábado vi numa tevê um festival do grostoli, a velha cueca virada, numa cidade da Serra, com nonnas ensinando a fazer a massa doce, fritar com muito azeite e depois cobrir com açúcar, Irresistível, exclamou a apresentadora diante de uma mesa coberta de bolinhos que engordam só de olhar.
A obesidade se tornou normal, mas deveria ser exceção. A lista de consequências do sobrepeso na saúde humana é enorme: risco de diabete, alteração na pressão, problemas digestivos, nas articulações. Praticar esportes ou os exercícios físicos mais simples como caminhar se torna difícil ou impossível.
Os especialistas apontam como principais causas do aumento de peso o desequilíbrio na dieta, com carboidratos, açúcares e gorduras ocupando o lugar das proteínas e vitaminas proporcionadas pelas carnes, frutas e verduras, os alimentos ultraprocessados, que induzem a pessoa a comer mais do que deveriam, e ansiedade destes tempos em que vivemos, cada vez mais difíceis. Comer é uma forma de compensar.
A obesidade se tornou um problema de saúde pública, mas não vejo nenhuma iniciativa dos governos federal, estadual e municipais para combatê-lo. A mídia está mais interessada no faturamento com propaganda dos fabricantes de refrigerantes, doces, hambúrgueres e outros "alimentos". Só de vez em quando aparece alguma reportagem sobre vida saudável. O que deveria ser regra é exceção.
E dê-lhe a comer comida de buteco, devorar aqueles gigantescos hambúrgueres com fritas e beber refri pra digerir a gororoba.