Os molhes da Barra, em Rio Grande, avançam quatro quilômetros mar adentro. Neles os moradores da cidade pescam e os turistas passeiam de vagonetas movidas a vela. Também servem de cenário para casais de namorados.
Dos molhes da barra de Rio Grande até o arroio Chuí, na fronteira com o Uruguai, são 240 quilômetros de praia, sem qualquer interrupção. É a maior do mundo, confirmada pelo Guiness.
É só olhar as placas: Alegrete, Uruguaiana, Dom Pedrito, Jaguarão, Pelotas e, claro, Rio Grande. Na praia do quase todos os frequentadores são do sul do Estado. Nos domingos de sol o cheiro do churrasco na beira da praia é dominante. As famílias chegam, abrem os guarda-sóis, estendem as barracas e passam o dia dia desfrutando o mar, enquanto a chaleira chia (para o chimarrão) e a carne fica no ponto para ser saboreada.
As festas de Nossa Senhora dos Navegantes fazem parte dos meus aniversários. Por ter nascido no dia 2 de fevereiro, me sinto protegido por ela.
Neste ano participei, junto com os moradores e veranistas, da procissão que começou na igreja Nossa Senhora de Fátima, no Imbé, e foi até a beira do rio Tramandaí. De lá, a imagem foi levada numa procissão de barcos até a outra margem, de onde continuou, nos ombros dos fiéis, até a igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, em Tramandaí.
É comovente estar no meio do povo e compartilhar com suas manifestações de fé e gratidão.
Afinal, somos todos navegantes em busca de apoio e conforto nesses mares tão cheios de intempéries.
Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalhei em quase todas as redações de rádio, tevê e jornais de Porto Alegre até me aposentar, em 2005.
Nos blogs CORRECAMINOS e UMA BANDA PELOS ANDES compartilho com os leitores as minhas viagens, geográficas e interiores, e tudo que acho interessante. Escrevo sobre personagens, livros que li e fatos pitorescos, sempre que possível com fotos minhas. .
O título CORRECAMINOS é tirado de um poema exibido por um tocador de realejo da Calle Florida, em Buenos Aires, na década de 1970. Era assim:
"Somos bohemios,
correcaminos,
donde la gente nos mira pasar
brotan sonrisas,
si hubo tristezas,
brotan recuerdos
de tiempos de paz."
A foto dele ilustra o post REALEJOS, uma homenagem a estes cada vez mais raros artistas de rua ainda em atividade no mundo.