domingo, 13 de dezembro de 2009
A MELHOR PAELLA DO MUNDO
Marco Aurélio é um chargista dos mais talentosos, um profissional dedicado e um bom amigo. Como se isso fosse pouco, cozinha divinamente bem. A cada dezembro, nas festas de fim de ano, fazia questão de preparar uma paella para seus colegas. Comprava todos os ingredientes e chegava cedo com sua paellera espanhola para, quando a turma chegasse, já pudesse saborear o cheirinho da iguaria.
Em 2004 a confraternização do Departamento de Divulgação e da Central do Interior de Zero Hora e da Agência RBS de Notícias foi na sede do Grêmio Náutico União da ilha do Pavão. A festa começou na travessia de barco do cais do porto até o pier do clube, com paisagens de cartão postal do centro de Porto Alegre visto do rio. Antes do esperado almoço teve muito bate-papo e passeios pela ilha. Depois, troca de presentes, a eleição da Mala do Ano e a foto para a posteridade.
Foi uma festa inesquecível, como se pode ver na alegria estampada em cada rosto.
Valeu, Marco Aurélio!
Clique sobre a foto para ampliá-la
sábado, 12 de dezembro de 2009
CASA NA PRAIA
domingo, 6 de dezembro de 2009
MST X ZH
Mas uma delas me fez pagar um mico inesquecível.
Fui escalado pelo diretor da redação para ser o moderador de um debate entre João Pedro Stédile, líder do MST, e o superintendente do Incra no Rio Grande do Sul sobre reforma agrária. Ainda estávamos no governo de Fernando Henrique Cardoso, e o MST representava a luta contra a estrutura fundiária que privilegiava os grandes proprietários.
O palco foi o salão de atos da Ufrgs, em Porto Alegre, lotado de estudantes, obviamente a favor de Stédile e do MST. Obviamente também contra Zero Hora e a "imprensa burguesa".
Na apresentação, Stélile foi ovacionado com entusiasmo. O representante do Incra recebeu alguns aplausos frios. Mas quando o locutor anunciou o meu nome e a empresa onde eu trabalhava, o auditório explodiu em vaias. E eu alí, sem um buraco onde me meter. Esperei as vaias acabarem e, constrangido, tratei de fazer o meu trabalho da melhor forma possível.
Coordenei o debate, e depois passei a receber os papéis com as perguntas do auditório, e a repassá-las aos debatedores, para que respondessem.
Um dos bilhetes, assinado por uma mulher, tinha um PS depois da pergunta, assim:
"O moderador é um gato".
Esqueci as vaias, relaxei.
Saí de lá feliz...
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
CATAVENTOS
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
GUARDIÕES DO IMBÉ
Advogados, juristas, engenheiros, professores, funcionários públicos. Jovens, de meia idade ou aposentados, eles têm em comum a causa da defesa da praia do Imbé, no litoral norte do Rio Grande do Sul, da ação predadora dos administradores públicos e especuladores imobiliários.
Estão organizados desde 1986 na Associação Comunitária do Imbé - Braço Morto. Durante o verão se reúnem informalmente todas as semanas para tomar cafezinho e trocar idéias, e pelo menos uma vez na temporada são convocadas Assembleias Gerais, com a participação de associados e veranistas. No inverno se comunicam pela internet e em encontros em Porto Alegre ou no Imbé.
As vitórias que a associação já obteve são notáveis. Ainda em 1986 conseguiu barrar a construção de molhes da barra do rio Tramandaí, depois de comprovado que a obra causaria a invasão da parte norte da praia pelas águas do mar. Outra luta judicial, seguida de vitória, foi o embargo da retirada das dunas para a construção de um calçadão na beira mar. O prefeito da época teve que mudar o projeto, respeitando as dunas.
A associação também recorreu à Justiça para demolir um estaleiro particular, construído irregularmente, com a complacência da prefeitura, na margem do rio Tramandaí. Agora, a luta é para impedir que a prefeitura e a Câmara de Vereadores prossigam nos seus propósitos de liberar a construção de edifícios, deformando o projeto urbanístico que concebeu o Imbé como Cidade-Jardim, de residências unifamiliares. Um desafio formidável. Mas ninguém espere que estes guardiões do interesse público desistam.
No calçadão sem dunas, tratores têm que repor a areia deslocada
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
OS BARES DA MINHA VIDA
Há, claro, aqueles casos raros dos bares e restaurantes que atravessam as décadas sem perder o padrão de qualidade, conquistam novos clientes e mantém os antigos: Pedrini, Barranco, Gambrinus.
Depois, já na faculdade de Jornalismo, passei a freqüentar o bar Alaska. Ficava na Osvaldo Aranha, quase esquina com a Sarmento Leite. Estudantes de Filosofia, Jornalismo e Letras conviviam com os de Engenharia, Arquitetura, Economia e Biociências, todos vizinhos no campus central da Ufrgs até o início da década de 70. Comiam salsichões bock, bebiam cerveja e fumavam sem parar enquanto discutiam os problemas do país e do mundo. Passeatas de protesto contra o regime militar eram tramados naquelas mesas, em conversas cochichadas no meio da gritaria geral. Namoros começavam e acabavam todas as noites. Era uma bagunça, regida pelo maestro/garçom Isaac.
O Líder funcionava na esquina da Independência com Barros Cassal. Estava sempre lotado, mas ninguém se importava de esperar mesa encostado no balcão, bebendo um chôpe. Comíamos filé de peixe com chucrute e salada de batata, bolinhos diversos, e, para acompanhar, uma mostarda fortíssima, de fazer chorar... de felicidade. Quando o dono morreu, os garçons assumiram o negócio, sem perder o pique. Mas eles foram envelhecendo, o lugar perdeu o charme e, o que fazer, o Líder fechou.
O Doce Vida era bem mais que um restaurante. Comia-se bem, sim, mas ali também era o ponto de encontro de jornalistas, artistas plásticos, intelectuais e estudantes. Uma festa diária, que só acabava de madrugada.
O cardápio foi desenhado pelo cartunista Edgar Vasques, e sempre havia exposições de pinturas, esculturas e fotos no andar de cima do casarão da rua da República. No salão principal, uma TV passava vídeos interessantes (estávamos nos anos 80, na era do videocassete).
Um dos primeiros restaurantes da Cidade Baixa, hoje um dos mais efervescentes bairros da cidade, com um bar ao lado do outro, o Doce Vida foi uma criação dos jornalistas Gerson Schirmer e Ana Maria Barros Pinto. Criativos, carismáticos e bem humorados, contavam na cozinha com a mão firme da mãe da Ana. A história e as histórias do restaurante certamente dariam um livro.
O Lugar Comum, na Santo Antonio, também funcionava numa casa enorme, e tinha obras de arte nas paredes. Mas o forte era a cozinha, com um cardápio à base de culinária brasileira. Assim como o Doce Vida, tornou-se uma referência na cidade, e não deixou seguidores.
São raros os restaurantes com música ao vivo em que se pode jantar e conversar tranquilamente, desfrutando do show musical. Em geral, os músicos se tornam inconvenientes ao disputarem, com o volume alto das caixas de som, a atenção dos clientes. O Tivoli, da Protásio Alves perto do colégio Isarelita, era uma exceção. Apresentava cantores e bandas de música popular brasileira de bom nível, com um sistema de som adequado ao tamanho (pequeno) do restaurante. Os clientes iam lá pelo qualidade da comida e pelos shows. Valia o couvert artístico.
Já pensou, jantar à luz de velas num restaurante com vista para a cidade lá do alto do morro de Santa Teresa? Isto já foi possível. O restaurante Panorâmico, localizado junto ao mirante do morro, era o xodó dos casais. A iluminação fraca ressaltava o charme das velas nas mesas e as luzes de Porto Alegre, brilhando do outro lado das janelas enormes. Nunca houve um lugar tão apropriado para um jantar romântico.
A capital dos gaúchos tem centenas de churrascarias, mas é difícil um restaurante onde se pode comer um bom carreteiro de charque com quibebe e outras delícias campeiras. O Recanto do Tio Flor, que funcionou na avenida Getúlio Vargas, quase esquina com José de Alencar, era especializado na culinária da campanha. O carreteiro vinha para a mesa fumegando, numa panela de ferro.
Apesar do pouco espaço, tinha shows de dança folclórica, com o inconveniente de alguma poeira levantada pelas botas dos dançarinos pousar sobre as mesas. Mas ninguém ligava.
Não longe dali, na rua João Alfredo, o Galo Português proporcionava não apenas uma deliciosa imersão na culinária portuguesa como uma viagem ao país dos nossos colonizadores. Ao cruzar a porta de entrada, o cliente era envolvido pelos fados de Amália Rodrigues. A decoração típica, com imagens e pôsteres de cenários portugueses, dava o clima de um restaurante de Lisboa. Como complemento, havia as histórias do dono, um português que emigrou para Angola e fugiu de lá depois da independência para reiniciar a vida no sul do Brasil.
Estes foram alguns dos bares e restaurantes de Porto Alegre que me deixaram saudades. Tenho certeza de que também tens os teus. Vamos fazer juntos uma viagem sentimental aos lugares que nos encantaram?
domingo, 1 de novembro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
sábado, 17 de outubro de 2009
PEDRO PORT, UM POETA
BODAS DE VERÃO
EPIGRAMAS DO LIVRO
ANTIFACE
Baco hospitaleiro
Enchei vossas jarras com o rubro vinho da Piéria
provai amigos o sumo bom e generoso de nossas terras
aqui podeis dançar comer dormir peidar
O Eden de cima
que emana da luz da testa do Criador
o Eden de baixo por sua vez ilumina
Reza o Zohar que o paraíso celeste está protegido num lugar a que nenhum caminho
/ conduz
já ao Eden terreno conta o Livro trinta e duas vias de acesso mas reconhece
a ele ninguém sabe como chegar
Morro do Assopro
Com justo nome foi assinalado este lugar que antes fora ermo
tu que nele escutas como eu o ressôo do sopro batismal de um poema
hás de convir comigo que era poeta o povo que aqui viveu
Apolo dos ratos
Não mais quisemos esse de belvederes com louros de Dafne à cabeça
o nosso profundo desejo de morte levou-nos a desejar o outro
o divino do esgoto o que anuncia a peste
O mitógrafo
Sensível ao pormenor pagão da nudez do corpo do crucificado
e atento às variações barrocas da escultura no sincretismo com Dionísio
escreve ele estremecido o santo nome do Senhor:Jesus Calipígio
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
FERIADÃO
sábado, 10 de outubro de 2009
VENDEDORES DE ILUSÕES
Johnny - Cara, fechei um negócio da China. Vou emplacar meu segundo milhão (de dólares, hehehehe). Comprei baratinho mais uma área grande junto à Estrada do Mar para transformar em condomínio de luxo.
Johnny - Bobagem. Tou cercando a área com muros de três metros, e cavando lagos artificiais com retroescavadeiras. A areia que sai dali serve pra elevar o nível do terreno. Depois é só plantar grama e umas palmeiras pros otários imaginarem que estão em Palm Beach ou Jurerê Internacional.
Rudy - É, mas do outro lado da estrada tá cheio de malocas. Outro dia li num jornal uma reportagem sobre esta vizinhança. Os miseráveis vivem no meio do lixo, dos porcos e galinhas. Parece a Índia.
Johnny - Ora, deixa de ser ingênuo. Os meus clientes não tão nem aí para a maloqueirada, querem é poder acionar o controle remoto e abrir o portão para o seu refúgio. E não te preocupa com a mídia. Esta reportagenzinha que viste foi um acidente de percurso. Parece que a repórter quase foi pra rua por causa dela. Cada lançamento já prevê algumas páginas de anúncios coloridos, para, digamos, amortecer o espírito crítico dos jornalistas. Eles sabem que não devem se meter. Tem tanto outro assunto pra cobrir no veraneio. A moda de praia, por exemplo... gargalhadas...
Johnny - Golden Jail.
Rudy - Gostei! Vamos brindar ao teu segundo milhão.
Imaginei este papo enquanto esperava minha salada de frutas num café da Padre Chagas, a rua mais chique de Porto Alegre, observando dois caras sentados numa mesa próxima à minha. Haviam desembarcado de um New Beetle, fumavam charutos, pediram champanha importada e ficaram tentando, sem sucesso, chamar a atenção das mulheres que passavam mexendo nos seus um notebooks e celulares incrementados. Pareciam aqueles tipos que ganharam dinheiro fácil e depois tomam porres para comemorar os golpes de aplicaram nos trouxas. A cena dos dois me fez lembrar a paisagem do Litoral gaúcho onde brotam os condomínios "de luxo" - assim mesmo, entre aspas. Vender aqueles terrenos deve realmente ser um milagre da arte de marquetear/maquiar/enganar. Convencer alguém a pagar no mínimo 300 mil reais por um pedacinho de areia e depois gastar outros 200 mil (ou mais) para construir uma casa de veraneio longe do mar, cercada de muros e de vizinhos é algo admirável. Ou esta nossa classe média é mesmo otária????
domingo, 4 de outubro de 2009
ADIÓS, MERCEDES SOSA
Mercedes Sosa, junto com Atahualpa Yupanki, é a face mais conhecida da riquíssima música folclórica argentina, que floresce na paisagem árida da pré-cordilheira dos Andes.
Graças a ela, nós brasileiros pudemos tomar contato com algumas preciosidades do folclore argentino, chileno, boliviano, peruano. Com vigor, talento e coragem, Mercedes desbravou a selva da ignorância e do preconceito até hoje existentes no Brasil em relação à América hispânica. Com sua voz forte, ao som do inseparável bombo legüero, pregava com convicção religiosa um continente com "fronteras de flores y fuziles de mentira".
O primeiro contato com a zamba, a baguala, a chacarera e outros ritmos da Argentina criolla, de raízes indígenas, foi uma porrada na minha cultura musical, até então limitada à MPB, ao rock e aos clássicos.
Em dezembro de 1971, aos 21 anos, parti para uma viagem pela América do Sul, junto com alguns colegas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nunca havia atravessado o rio Uruguai.
A primeira parada foi em Salta, cidade do norte argentino, junto à Cordilheira. Nos hospedamos na casa de Manuel Castilla, um dos mais importantes poetas e compositores do país. Era o período das festas de fim de ano, e passávamos os dias e as noites bebendo vinho, mascando folhas de coca e ouvindo os grupos musicais da cidade. Um banho de ritmos, harmonias e instrumentos musicais criados pelos incas, como a quena e o charango.
Desde então a música folclórica argentina ganhou um lugar de honra na minha alma. Tive a felicidade de ouvir Mercedes Sosa em shows inesquecíveis em Porto Alegre e no Memorial da América Latina, em São Paulo, assim como Atauhalpa Yupanki e outros mestres. Uma das maiores emoções que já tive foi assistir a Misa Criolla interpretada por seu compositor, Ariel Ramírez, com um coral de crianças vindas da Argentina. Um dos meus discos prediletos é Cantata Sudamericana, outra obra de Ramírez em parceria com Felix Luna, na voz de Mercedes Sosa.
Buenos Aires é linda, cosmopolita, quase européia. Impossível não gostar da cidade. Mas se me perguntarem para que região da Argentina eu mais gostaria de ir, respondo: Santiago del Estero, Tucumán, Salta, Jujuy. Lá sim bate forte, ao ritmo do bombo legüero, o coração argentino.
"Si la muerte me lleva
no será para siempre
yo revivo en mis coplas
para ustedes, para ustedes"
Da música Alcen La Bandera, de Ariel Ramirez e Félix Luna
Álbum Cantata Sudamericana
terça-feira, 29 de setembro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
VARIG, VARIG, VARIG
Na década de 80, quando a Varig era a Varig e o Rio de Janeiro a Cidade Maravilhosa, o xodó dos gaúchos era ir para o Rio no vôo 100, que saía do aeroporto Salgado Filho às 11h direto para o Galeão. Aos sábados, todos os vôos 100 lotavam, e a Varig tirou um Boeing 747, conhecido como Jumbo (aquele com dois andares), usado apenas em linhas internacionais, para atender à demanda. Era uma festa. Tinha gente que ia ao Rio de Jumbo no sábado para passar o fim de semana no Rio e voltar segunda, no vôo 100. Ao meio dia estava de volta.
Naquele tempo (faz muuuuito tempo) as passagens de classe econômica em vôos nos horários de almoço e jantar davam direito a almoço ou jantar, acompanhados de aperitivos - uísques importados, acreditem - e as bebidas da preferência do passageiro - vinhos finos, inclusive. Na hora de comprar o bilhete, era oferecida uma opção de cardápio - filé de gado, frango, peixe, um prato vegetariano ou, para os judeus, kosher.
Entrei em férias num sábado de dezembro e embarquei num jumbo para passar uns dias no Rio e depois seguir para Porto Seguro. Meu lugar era lá no fundo do avião, e demorei a chegar, pois o vôo estava completamente lotado.
Me acomodei, apertei o cinto e acompanhei as instruções de praxe para emergências. As turbinas já zumbiam quando os alto-falantes clamaram:
- Senhor Clovis Heberle, senhor Clovis Heberle, queira se apresentar à comissária de bordo na porta dianteira da aeronave.
Vermelho como um pimentão, desafivelei o cinto, levantei e percorri o interminável corredor, sob os olhares de todos os passageiros. Até chegar lá na frente, fiquei imaginando de tudo, até a expulsão do avião por algum motivo kafkiano.
A comissária, linda e sorridente, me esperava com uma pergunta singela:
- Foi o senhor que pediu comida vegetariana?
***
Quando os alto-falantes do aeroporto do Galeão anunciaram a última chamada para o embarque eu estava no bar da ala internacional, fazendo um lanche. Paguei a conta e saí às pressas para não perder o vôo.
O avião taxiava para decolar quando me dei conta de que havia esquecido a bolsa (daquelas de usar a tiracolo, onde levava tudo, dos óculos escuros às contas a pagar).
Chamei a aeromoça e pedi que o avião voltasse para eu recuperar minha bolsa no bar. Educadamente, ela explicou que isto não seria possível, mas que faria contato com o pessoal do setor de achados e perdidos para relatar o fato e passar os meus dados pessoais.
Pouco antes da chegada em Porto Alegre, quando eu já havia feito e refeito a lista de tudo que havia perdido, a aeromoça veio me dizer que a bolsa fora achada por um turista suíço e seria enviada para o meu endereço. Três dias depois ela chegou, num envelope de plástico lacrado. Não faltava nada.
****
Já fazia muito calor quando embarquei às 7 horas da manhã em Fortaleza para um vôo até Porto Alegre com escalas em Recife, Salvador, Rio, São Paulo e Curitiba. Logo que as portas foram fechadas os comissários de bordo distribuíram toalhinhas quentes de algodão embebidas em água perfumada. Sentado na terceira fila, observei que meus companheiros dos bancos próximos olhavam para as toalhas fumegantes, enroladinhas em forma de charuto, sem saber o que fazer. Provavelmente era a primeira viagem de avião deles.
Peguei a minha, abri e passei pelo rosto, a nuca e o pescoço. Delícia!
Imediatamente todos passaram a fazer o mesmo, timidamente.
Na decolagem de Salvador meus vizinhos já estavam relaxados. Eram colegas em férias. Conversavam animadamente, e não desgrudavam das janelas. Quando passou o carrinho com as bebidas - já era mais de dez e meia - pediram uísque. Esvaziaram os copos e pediram mais uma dose, e mais uma. Beberam uísque sem parar, até desembarcarem, bêbados e felizes, no Rio de Janeiro.
Continuei viagem, e depois da decolagem em Curitiba, zonzo com tantas escalas, resolvi fazer o mesmo que os nordestinos: pedi uísque. Bebi várias doses, até desembarcar, às cinco da tarde. Bêbado e exausto.
O belo jingle de Natal da Varig:
https://www.youtube.com/watch?v=4RVQnYxhvKg
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
PORTO ALEGRE VISTA LÁ DO ALTO
VISTA LÁ DO ALTO
Aquela mancha verde no meio do mar de edifícios é o Parque da Redenção, ou Parque Farroupilha, o Ibirapuera de Porto Alegre, visto do 10º andar de um edifício da avenida Independência.
O local foi doado à cidade em 24 de outubro de 1807 pelo governador Paulo José da Silva Gama "para os utilíssimos e necessários fins de conservação de gados que matam nos açougues desta vila". Uma cláusula do contrato estabelecia que a área não poderia ser alienada sem expressa autorização de Sua Alteza Real, Dom João VI. Essa cláusula foi que salvou o atual Parque Farroupilha.
O campo se localizava próxima ao portão de entrada da cidade (à direita, na foto, onde hoje existe a Praça do Portão). Abrigava os carreteiros que comercializavam o gado da região. Era chamada de Campos da Várzea do Portão e, depois, Campo do Bom Fim face a proximidade da Igreja do Nosso Senhor do Bom Fim e das festas que ali se realizavam.
Em 1826 foi Dom Pedro I que impediu o loteamento e venda do da área, com o argumentode que se tratava de local para exercícios militares.
Algum tempo depois a área serviu de cenário ao movimento pela libertação do escravos, sendo denominada de Campo da Redenção. Em 7 de setembro de 1884 a Câmara propõe a denominação de Campos da Redenção em homenagem a libertação dos escravos do terceiro distrito da Capital, registrando vitória da luta abolucionista que resultou na redenção de centenas de escravos um ano antes da libertação dos sexagenários e quatro antes da libertação geral do país.
Esse nome permanece na memória dos Porto-alegrenses até hoje. O primeiro ajardinamento ocorreu por ocasião da Grande Exposição de 1901, no vértice próximo a atual Praça Argentina. Nesta época ja existiam na área do Parque a Escola Militar (1872) e a Escola de Engenharia (1896). A valorização do espaço proporcionou a instalação de equipamentos, tais como corrida de cavalos em círculo, circo para touradas e o velódromo da União Velocipédica.
No início da década de 1930, na administração do Prefeito Alberto Bins, foi contratado o arquiteto e urbanista Alfredo Agache para elaborar o anteprojeto de ajardinamento do Campo da Redenção. No dia 19 de setembro de 1935 o Campo da Redenção recebeu a denominação de Parque Farroupilha. São 37 hectares de gramados, árvores e um lago.
Informações do site
VISTA LÁ DO ALTO*
sábado, 12 de setembro de 2009
HOTÉIS CONFORTÁVEIS
De lá para cá, as pousadas foram se sofisticando, e oferecem tudo aquilo que existe nos melhores hotéis, com a vantagem de serem pequenas e darem atendimento personalizado. Algumas contam com cozinha completa, TV a cabo e acesso à internet sem fio, sem que isso pese no valor da diária. Vou indicar alguns dos melhores hotéis e pousadas onde me hospedei, e espero que você contribua com outras dicas. Quem sabe montamos um banco de dados sobre pousadas e hotéis maneiros e acessíveis?
Pousada Arraial Candeias, no Arraial da Ajuda
Hotel Atlantis, no Arpoador. Excelente localização, entre Copacabana e Ipanema, tem todos os serviços e é confortável. Da piscina, na cobertura, se tem uma vista da praia, de um lado, e das favelas nos morros, do outro.
Belo Horizonte
Hotel Ibis. A duas quadras da praça da Liberdade, foi construído junto a uma mansão dos anos 50, onde funciona a portaria e o restaurante. O ponto fraco é a falta de aquecimento nos quartos - no inverno faz frio à noite.
Hotel Savassi. O mais chique da belô dos anos 60, ainda conserva o seu charme - tem até pianista no restaurante, à noite.
Porto Seguro
Atravesse o rio Buranhém e se hospede numa pousada do Arraial da Ajuda (neste blog tem um post enorme sobre o vilarejo). Há diárias e opções para todos os bolsos e gostos. A minha dica é a pousada Arraial Candeias, linda, confortável e bem localizada. A piscina é excelente, os apartamentos são amplos e têm ar condicionado.
Florianópolis
Na praia do Campeche, o hotel-pousada São Sebastião da Praia. Localizado perto da praia, a dois quilômetros da avenida Pequeno Príncipe, entre árvores e flores, atrai micos das matas próximas, que às vezes dão shows para os hóspedes. Conta com uma boa piscina e quadra de tênis, e o restaurante funciona para café, almoço e jantar. Há uma academia ao lado, para quem quiser fazer esteira. Os apartamentos são enormes, com quarto e sala (antigamente tinha fogão e cozinha completa) e ar condicionado.
Porto Alegre
Todos os hotéis (até o Sheraton) dão bons descontos para quem se hospeda nos fins de semana (sexta-feira inclusive). Sugiro o flat Piazza Navona, localizado na avenida Independência, próximo à João Telles. A piscina aquecida na cobertura faz a diferença.