Mesmo sem ser badalada pelas tevês e cadernos de turismo dos jornais, Guarujá merece uma visita. Situada na ilha de Santo Amaro, ganhou o título de Pérola do Atlântico pela beleza de suas 29 praias. Mas evite fazer isto durante o verão e nos feriadões, quando milhares de carros descem - e congestionam - as rodovias Anchieta e Imigrantes rumo ao litoral paulista.
Um dos mais antigos balneários brasileiros, o Guarujá foi urbanizado em 1893 para acolher a aristocracia paulistana. Ao ser inaugurado, já tinha água encanada, luz elétrica e esgotos, algo raríssimo nas cidades daquela época. Era uma vila de chalés, um hotel-cassino de luxo e uma igreja, todos em madeira pré-moldada importada dos Estados Unidos. Os veranistas vinham de trem até o porto de Santos e lá embarcavam em barcos a vapor para chegar a um cais na ilha, de onde seguiam em trens Maria- Fumaça até a praia de Pitangueiras (para entender melhor, veja o mapa no final deste post).
Durante a primeira metade do século XX, o Guarujá cresceu, mas manteve o seu charme. Rodovias substituíram as ferrovias, e tornou-se cada vez mais fácil vir de carro até as suas praias, atravessando de balsa o canal entre a Ponta da Praia, em Santos, até o bairro de Santa Rosa, no Guarujá. Só que a facilidade de acesso significou também a ocupação descontrolada de toda a costa leste da ilha. A partir da década de 70 edifícios passaram a cobrir as praias de Pintagueiras e Astúrias, no centro da cidade. Nem os morros e a beira-mar foram poupados, com a conivência de sucessivos administradores municipais. Alguns prédios acabaram embargados e terão de ser demolidos pelas agressões ambientais. Surgiram problemas de poluição por falta de tratamento de esgoto.
Só a partir de 1985, com a inauguração da rodovia Rio-Santos, lugares antes inacessíveis e igualmente belos como Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e Bertioga passaram a ser descobertos, com novas opções de veraneio para os paulistas. Aliviada da sobrecarga de veranistas e da especulação imobiliária selvagem, Guarujá começou a receber mais investimentos em saneamento, urbanização de suas praias e habitação para os moradores fixos, atraídos para a ilha pela perspectiva de empregos na construção civil e nos serviços. Hoje conta com uma excelente infraestrutura e hotéis, pousadas e restaurantes de qualidade.