Tramandaí/Imbé - RS
Começa com um lapso de memória, um leve tremor, uma fraqueza nas pernas. Alguns meses depois os problemas se agravam e começam os exames em busca do diagnóstico. O resultado é como uma sentença de morte: mal de Alzheimer, doença de Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou Atrofia Muscular de Múltiplos Sistemas (AMMS). Não há, ainda, cura para estas doenças degenerativas, que afetam o cérebro e os músculos, e a expectativa de vida é de alguns anos. A cada dia, a cada semana, estes doentes ficam cada vez mais dependentes dos familiares, dos cuidadores, dos enfermeiros, dos médicos. Já não conseguem sair de casa, executar as mais básicas rotinas como arrumar a cama, fritar um ovo, escovar os dentes, se vestir, fazer a higiene pessoal. Nem assinar o próprio nome.
Para quem sofre de ELA ou AMMS, doenças autoimunes sem causa definida, os médicos recomendam fisioterapia, fonoaudiologia e internação em geriatrias. Não há nada a fazer a não se atenuar o sofrimento de quem está indo lentamente para o fim. Os músculos se atrofiam, já não obedecem as ordens emitidas pelo cérebro. Conscientes de sua situação, os doentes vertem lágrimas de dor e desespero. Mais perto do fim, já não conseguem falar, engolir os alimentos. Têm que ser alimentados por sondas. O penúltimo dos órgãos a entrar em pane é o pulmão. As infecções pulmonares se sucedem, assim como as internações em hospitais. Passam a respirar com o auxílio de oxigênio. Por fim, o coração para. Só então o pesadelo acaba.
Atender a um paciente com uma dessas doenças exige dos maridos, esposas e familiares uma dedicação extenuante, afora os gastos com geriatria, médicos, medicamentos, fraldas geriátricas. Nos Estados Unidos o empresário Eric Weinbrenner,, de 40 anos, dois filhos pequenos, diagnosticado com ELA em 2019, criou uma associação para recolher doações e distribuir entre os familiares das vítimas da doença.
Também naquele país foi criado um fundo que capta recursos para financiar pesquisas na busca da cura para a AMMS.
No Brasil existem pelo menos 35 mil vítimas de doenças degenerativas. Não há para elas ou para seus familiares nenhuma política pública de apoio, médico, hospitalar ou financeiro.
Em memória de Lizete Orsini Lobato, cunhada e amiga, falecida em 7/1/2021, aos 64 anos, depois de seis anos de sofrimento, vítima de AMMS.
Dos sete pecados capitais, há alguns até simpáticos, como o preguiça, o da gula e o da luxúria - afinal, os pecadores estão curtindo. Mas tem um insuportável: o da avareza.
O avarento é um egoísta que só pensa em si, só quer acumular. Um infeliz, que sempre acaba só, desprezado, agarrado ao vil metal.
Molière (1622-1673) estreou a comédia "O Avarento" em Paris, em 1668. É uma sátira sobre um sujeito tão, mas tão pão-duro que cobra juros extorsivos dos empréstimos que faz ao próprio filho, e negocia o casamento da filha com qualquer um que a aceite sem o pagamento de dote. Acabou vítima da própria avareza...
A peça de teatro fez um sucesso enorme na época. e é, até hoje, a mais encenada no mundo inteiro.
No Brasil foi popularizada pelo ator Procópio Ferreira, que a encenou centenas de vezes.
Vale a pena ler o roteiro, publicado pela LPM.
Para se divertir e refletir.
Numa manhã de março de 1996 o diretor de redação de Zero Hora, Marcelo Rech, me deu uma missão: coordenar a produção de uma série de cadernos que mostrariam o que cada um - sem exceção -dos 563 municípios gaúchos planejavam para o seu futuro.
Uma cena comum na barra do rio Tramandaí: os botos empurram os cardumes de peixes para a beira da água, onde os pescadores esperam com suas tarrafas.
Até onde uma mãe pode ir para acabar com o casamento de seu filho com uma nora indesejada?
Em geral as mães recebem como filhas as esposas de seus filhos. Mas há muitos casos, que não chegam às redes sociais, em que elas, por antipatia, racismo ou simplesmente porque não admitem ceder o filhinho a outra mulher, infernizam a vida do casal até conseguirem a sua separação.
Psiquiatras explicam esta obsessão das mães pelos filhos, mesmo que isto vá causar a sua infelicidade, com traumas que levarão pelo resto de suas vidas. Há mães manipuladoras, psicopatas, dominadoras, castradoras, dementes. Mas vamos a um caso real, de dois jovens que se apaixonam, começam a namorar e decidem casar. Trabalhavam e ainda não haviam terminado os seus cursos, foram comprando seus móveis aos poucos e moravam num apartamento emprestado pelos pais dela.
Com o passar do tempo, a rotina do casal começou a ser invadida pela mãe do marido, que morava perto e aparecia quase todas as noites para se intrometer em suas vidas. A situação se tornou insuportável, mas o rapaz não conseguia enfrentar a "mãezinha". Não entendia como era possível tamanha maldade. A solução foi uma mudança para outro bairro da cidade, onde as visitas se tornaram mais difíceis. O afastamento teve um revide silencioso: ela comentava com amigos e parentes que a nora (que nunca havia dito ou feito nada a ela) era "louca, desequilibrada", e o "meu filho" não iria mais suportar e iria se separar... Aqui e ali ouviam maledicências sem sentido e dali para a frente os irmãos cortaram os contatos com ele, sem nenhuma explicação.
Marido e mulher tiveram que passar por terapia para se manterem juntos, mas ficaram sequelas incuráveis. A mãe, a "boa velhinha," morreu com quase 100 anos, sem jamais ter qualquer gesto de arrependimento ou reconciliação. Repetia para a família que havia sido abandonada. Para o filho, a morte da mãe dela foi uma libertação.
Nêmesis, deusa da vingança na mitologia grega, é o título do livro de Peter Evans sobre as tramas repletas de intrigas, traições, paixões e ódio que marcaram as relações de Aristóteles Onassis, Robert Kennedy e Jacqueline Lee Bouvier, depois Kennedy e finalmente Onassis, ou simplesmente Jackie O.
Resultado de mais de dez anos de pesquisas e centenas de entrevistas na Europa e nos Estados Unidos, o livro de Evans, que além de escritor é repórter investigativo, acaba de vez com a imagem angelical de esposa dedicada e mãe amorosa, e expõe com crueza a verdadeira personalidade da ex-primeira dama norte-americana: uma mulher ambiciosa, promíscua, fria e calculista, que se movia apenas pelo dinheiro.
Jackie teria casado com John Kennedy porque ele era senador, rico, de uma família poderosa. Depois, cansada das inúmeras traições do marido - uma das suas amantes era a atriz Marilyn Monroe - ela resolveu dar o troco, e engravidou de um ator com quem se envolveu. O bebê nasceu morto. O casamento chegou a um limite insuportável e ela foi morar em Londres, onde, em companhia de sua irmã Lee Radziwill, uma alpinista social, passava o tempo em festas onde rolava tudo aquilo que você pode imaginar. Joseph, pai de John, convenceu-a voltar para o marido, então em campanha para a presidência, mesmo sendo apenas para manter as aparências, pagando a ela em torno de um milhão de dólares.
As traições dos dois continuaram, e apesar de ser a primeira-dama, Jackie aceitou um convite de Onassis e passou com ele e a irmã, então amante do empresário grego, uma semana a bordo do iate Christina. O cruzeiro rendeu a ela um bracelete de ouro com rubis, com o qual ela se exibiu na volta a Washington. Os dois se tornaram amantes, e anos depois do assassinato do presidente eles acabaram casando, mediante um contrato milionário que garantiria a ela um futuro de luxo.
Antes de publicar Nêmesis, Peter Evans escreveu a biografia de Aristóteles Onassis. Além de tê-lo conhecido profundamente, em longas conversas, teve acesso à sua família e aos auxiliares mais próximos. Pode, assim, entender o caráter ambicioso, encantador, vingativo, rancoroso e inclemente de seu biografado. Um psicopata charmoso e sexualmente insaciável, que comprava a tudo e a todos com seu dinheiro. Odiava profundamente o armador grego Stavros Niachos, seu maior rival nos negócios, casado com Eugenie, irmã de Tina, sua esposa. Niarchos foi amante da cunhada e acabou casando com ela depois da morte da irmã, em condições nunca bem explicadas.
Odiava mais ainda Robert Kennedy, que como Procurador de Justiça dos Estados Unidos e depois senador colocava toda a espécie de obstáculos às suas atividades empresariais naquele país. Nunca ficou provado, mas os mais de um milhão de dólares em dinheiro que entregou ao grupo guerrilheiro palestino Al Fatah para que os aviões de sua empresa não fossem sabotados teria sido usado para a preparação e execução de Bobby, que estava em plena campanha para a presidência da república. Bobby e Jackie tinham um caso antigo, e ela só casou com Onassis depois do assassinato deste em 1968 por um fanático palestino em Los Angeles.
Entre os personagens secundários desta história que durou mais de 20 anos está Marilyn Monroe, oficialmente morta por overdose de barbitúricos, numa bem articulada ação do governo norte-americano para encobrir os motivos de sua morte, a mando de - ou por - Robert Kennedy. Abandonada por John, ela ameaçava revelar seu caso com o presidente e teria sido silenciada. Outra vítima foi Maria Callas, que se separou do marido e encerrou a carreira de cantora lírica para ficar com Onassis mas foi trocada por Jackie.
O príncipe Rainier, de Mônaco, o ditador do Haiti Jean Claude Duvalier, o rei da Arábia Saudita e muitos outros nomes do noticiário internacional também têm uma participação importante nos negócios, negociatas e trapaças que se sucedem no livro.
Para ler Nêmesis é preciso calma: são muitas informações e revelações, nomes que se cruzam e reaparecem. É como comer uma feijoada completa em pleno calor de 40 graus sem ar condicionado.
Mas vale a pena, ah vale.
Neste anúncio de maio de 1943, publicado na revista Seleções, a Coca Cola se apresentava aos brasileiros: saudável, saborosa, refrescante. As gerações seguintes adotaram o refrigerante, assim como os alimentos que a acompanharam, como o cachorro quente e mais tarde o cheesburger.
São quase 80 anos de malefícios à saúde: obesidade, artrose, diabete, doenças cardiovasculares.
Sabe aquela peça de teatro em que você paga para ver uma comédia, os atores se divertem muito mas a plateia fica apática, sem entender qual é a graça?
Construído pela Varig na década de 1970 junto ao rio Negro, a oeste de Manaus, o Tropical, assim como o Tambaú de João Pessoa e o Cataratas de Foz do Iguaçu, fazia parte de uma estratégia da empresa para levar passageiros de alto padrão aquisitivo até estes pontos turísticos que até então não contavam com hotéis de luxo.
Por três décadas o Tropical, com 611 quartos, foi considerado o melhor hotel da Amazônia. Além de atrair turistas brasileiros e estrangeiros que queriam conhecer a sem abrir mão do conforto, era um dos mais procurados centros de eventos de empresas e entidades.
As dificuldades financeiras e por fim a falência da Varig afetaram a operação do hotel, que acabou fechando em maio de 2019 por não poder mais pagar dívidas trabalhistas e a conta de energia elétrica, que pesava extraordinariamente num prédio refrigerado 24 horas por dia devido ao calor intenso.
Desde o fechamento foram realizados leilões para a sua venda. Nos dois primeiros os vencedores não pagaram o valor estabelecido. Só no terceiro, realizado neste ano, o hotel foi arrematado por R$ 91 milhões por um grupo que promete reabri-lo em julho de 2022, depois de uma reforma completa.
Na longa marcha depois da fuga do Egito, Deus prometeu a Moisés dar ao povo de Israel uma terra onde jorrava leite e mel, que ia do rio Jordão até o mar Mediterrâneo, do Líbano, ao norte, até o monte Halaque, ao sul.
Era um dia de folga naquela viagem a convite para jornalistas até a Dinamarca. Depois de caminhar pelo centro de Copenhagen, ocupamos uma mesa de calçada de um bar para descansar e beber alguma coisa naquela tarde ensolarada de fim de verão.
Impressionados com a beleza das dinamarquesas que desfilavam com seus corpos esguios e rostinhos loiros perfeitos, só tínhamos exclamações elogiosas para cada uma que passava.Sexta-feira santa, 1961. O silêncio só não é total porque de algumas casas se ouvia música clássica transmitida pela rádio de Três Passos. Na igreja lotada, uma fila para beijar o corpo de Cristo.
Os cômoros ou dunas são formados pela ação do vento e pela ação das ondas.
Fiquei preocupado, assustado, ao ver tanta gente chegando para passar o final do ano no Litoral. Supermercados e farmácias lotados, praia cheia, quatro ou mais carros estacionados na frente de cada casa.
O que vai ser de nós daqui a duas semanas? Explosão de contaminados,
hospitais sem vagas, gente chorando a morte de familiares diante das câmeras da
tevês.
Hoje de manhã, no meu passeio de bike, vi as pessoas tão felizes por
mais um belo dia, indo para a praia com suas cadeiras e guarda-sóis, que
relaxei. Lembrei que existe o livre arbítrio.
Em vez de estarem em quarentena, lá em Canoas, Porto Alegre ou
Tucunduva, elas decidiram vir para a praia, tomar banho de mar, comer churrasco
com a familia e amigos, passar o reveillon bebendo nos bares.
O risco é delas. Tomara que possam voltar para suas casas com saúde.
Imbé, 10 horas de domingo, 3 de janeiro de 2021 |