A VEZ DE OSÓRIO

 

Os primeiros condomínios fechados de Osório surgiram há uns 30 anos, junto à lagoa do Marcelino. Atraíram principalmente empresários, profissionais liberais e funcionários públicos aposentados, que buscavam um lugar tranquilo e seguro, junto a uma cidade com toda a infraestrutura, a 100 quilômetros de Porto Alegre e a 30 do litoral. 

Aos poucos novos condomínios foram surgindo, e hoje as construtoras e incorporadoras consideram que Osório é "a bola da vez" para este tipo de empreendimento. Há vários em implantação e outros projetados, com áreas compradas junto à lagoa.

O prefeito Romildo Bolzan Júnior já está preocupado em melhorar o atendimento pelo SUS e vai negociar com os empresários a realização de obras de infraestrutura em troca de benefícios fiscais. 

Ambientalistas se preocupam com o impacto das construções na poluição da lagoa.

Osório e as lagoas vistas da plataforma de asa delta do morro da Borússia

O TEMPERO DA VIDA

 

O que move estas pessoas que escalam montanhas, embarcam de balões com outras 20 pessoas e cometem tantas outras imprudências que às vezes lhes custam as vidas?

Certamente não pensam na possibilidade da aventura não dar certo. Apenas nas selfies que farão, nas histórias que contarão aos amigos, aos familiares, aos filhos, os netos. "Baaaah, escalaste esta montanha? Que massa!".

A maioria das pessoas com que convivi preferiram não se arriscar. Foram bons alunos, profissionais corretos. Não pisaram na bola, não fizeram besteiras. Não encheram a cara e disseram ( e fizeram) o que não deviam. Não escalaram montanhas nem voaram de balão. E, à moda delas, são felizes assim.

Eu escalei uma montanha, voei de balão e fiz um monte de besteiras. Agora, aos 75, sou um cara prá lá de cuidadoso. Não posso mais dar chance ao azar. Mas não me arrependo de nada.

Correr riscos é o tempero da vida.

Aos 22 anos, dando uma banda (de oito meses) nos Andes...

NA ESTRADA

 

BR 290 - free way Porto Alegre-Osório/RS

GRATIDÃO, PALAVRA VÃ

 Há alguns anos, o Lord, nosso cachorrinho, comeu algo que lhe fez mal, muito mal. A veterinária de Imbé disse que nada poderia fazer por ele, e insistiu para o levarmos para uma clínica de Porto Alegre, com maiores recursos. Foi o que fizemos.

Ele foi medicado e se recuperou. Liguei para a dra. Marília para manifestar a minha gratidão por ter salvo a vida do cusquinho.

Surpresa, ela disse: "Tu acredita que foi a primeira vez, em tantos anos de clínica, que me acontece isto?"

Este é apenas um em tantos casos que vejo por aí. A falta de cordialidade, respeito, de consideração, se tornou um comportamento normal. Infelizmente.

Agradecer, pedir desculpas e até mesmo cumprimentar alguém são gestos cada vez mais raros. 

"Gratidão", palavra tão usada nas redes sociais, tem pouco significado nas relações humanas. Especialmente entre os jovens. 

ARARIPE - NOVA PETRÓPOLIS

 

ELES NÃO OUVEM BEETHOVEN

O  que será que faz um funcionário público graduado - policial, Procurador, juiz, desembargador - a aceitar propinas para favorecer bandidos, correndo o risco de jogar na lata de lixo a sua carreira, a sua honra, o respeito que tinha de sua família, de seus amigos? É difícil de entender. 

Al Pacino, em sua autobiografia, dá uma pista. Contratado para fazer o papel de Serpico, filme dirigido por Sidney Lumet sobre a história do policial Frank Serpico, que denunciou um esquema de corrupção na polícia de Nova York, Al entrevistou o seu personagem e perguntou:

 - Frank, por que você não aceitou aqueles subornos?

-  Ah, se eu fizesse isso... quem eu seria quando ouço Beethoven?

UM JANTAR INESQUECÍVEL*

 Chegamos a Pasto, uma pequena cidade sombria e gelada (2.500 metros de altitude) do sul da Colômbia no meio da tarde. Não ganhei nada cantando na praça, mas um grupo de suecos que morava lá nos convidou para ir até a casa deles. Queriam ouvir mais música brasileira e conversar sobre o Brasil. Acabamos dormindo lá.

No dia seguinte passei o dia cantando, e nada. Os colombianos até paravam para ouvir, mas não deixavam nem uma moedinha na caixa do violão, apesar dos apelos do Pedro para que nos ajudassem a chegar a Bogotá.

Voltamos para a casa dos suecos (quatro rapazes e duas moças, que faziam lá um trabalho social) cansados e famintos. Ficamos batendo papo e lá pelas tantas ouvi movimento na cozinha. Era a Birgitta pícando cebola e alho poró, enquanto o macarrão fervia. Não demorou a chegar o jantar: macarrão misturado  com atum e cebola crua. A primeira refeição em dois dias. Uma delícia!

Tempos depois, já de volta a Otavalo, no Equador, onde morávamos, apareceu a Birgitta. Havia se encantado pelo Pedro, e namoraram alguns dias até ela seguir viagem de volta para a Suécia. 

* Em memória de Pedro Port, grande amigo, parceiro desta e tantas outras aventuras, falecido em Florianópolis no dia 10 de março deste ano, aos 85 anos 

A OBESIDADE NÃO É NORMAL

 Um casal de obesos passa suas compras na caixa do supermercado. Observo com o canto do olho, enquanto espero a minha vez. Garrafas de dois litros de refrigerante, pizza congelada, pães, bolos, chocolates, salgadinhos. Tudo que devia evitar.

Ver pessoas, mesmo jovens,  caminhando com dificuldade pelo excesso de peso, se tornou parte do cotidiano. Nos programas de gastronomia os chefs ensinam a preparar pratos gordurosos, os ingredientes fritando em frigideiras cheias de óleo, e tortas e doces delicioooooooosos. E engordantes, claro. 

No sábado vi numa tevê um festival do grostoli, a velha cueca virada, numa cidade da Serra, com nonnas ensinando a fazer a massa doce, fritar com muito azeite e depois cobrir com açúcar, Irresistível, exclamou a apresentadora diante de uma mesa coberta de bolinhos que engordam só de olhar. 

A obesidade se tornou normal, mas deveria ser exceção. A lista de consequências do sobrepeso na saúde humana  é enorme: risco de diabete, alteração na pressão, problemas digestivos, nas articulações. Praticar esportes ou os exercícios físicos mais simples como caminhar se torna difícil ou impossível. 

Os especialistas apontam como principais causas do aumento de peso o desequilíbrio na dieta, com carboidratos, açúcares e gorduras ocupando o lugar das proteínas e vitaminas proporcionadas pelas carnes, frutas e verduras, os alimentos ultraprocessados, que induzem a pessoa a comer mais do que deveriam, e ansiedade destes tempos em que vivemos, cada vez mais difíceis. Comer é uma forma de compensar.

A obesidade se tornou um problema de saúde pública, mas não vejo nenhuma iniciativa dos governos federal, estadual e municipais para combatê-lo. A mídia está mais interessada no faturamento com propaganda dos fabricantes de refrigerantes, doces, hambúrgueres e outros "alimentos". Só de vez em quando aparece alguma reportagem sobre vida saudável. O que deveria ser regra é exceção. 

E dê-lhe a comer comida de buteco, devorar aqueles gigantescos hambúrgueres com fritas e beber refri pra digerir a gororoba. 

ENTARDECER - IMBÉ/RS

 

IMBÉ & IMBITUBA

 A Festa do Butiá, na praça central de Imbituba, tinha licor e geleia da fruta, e bolsas, chapéus e outros artigos feitos com a palha seca da planta. Mas o que fez mais sucesso foi uma cerveja artesanal produzida na cidade, da marca IMBÉ. Havia fila no estande que vendia chope ou a bebida engarrafada. Imbé tem tudo a ver com Imbituba: etimologicamente o nome da cidade provém da palavra indígena embetuba, que significa uma grande quantidade de imbé, espécie de cipó muito abundante na região. Imbituba, portanto, é a cidade do imbé. 

IMBITUBA/SC

 

                                                            Praia da Vila 

                                                      Barra da lagoa de Ibiraquera

                                                         Calçadão da praia da Vila 

                                            Igreja de Nossa Senhora da Conceição

AS CAPIVARAS DO RIO MAMPITUBA

 

No início do ano passado um grupo de capivaras foi visto na margem norte do rio Mampituba,  em Passo de Torres, SC. Provavelmente migrou do sul do estado - nas margens do rio Tubarão há uma grande quantidade delas, inclusive no centro d cidade. 

Hostilizadas por cães de rua - volta e meia tinham que se refugiar no rio - vieram para a outra margem, em Torres, perto da ponte, onde encontraram segurança e alimento. 

Motoristas que passam pela avenida que margeia o rio devem ficar atentos, pois as capivaras e seus filhotes atravessam a pista sem preocupação. 

TORTURA BRANCA NAS DUNAS

A tortura branca (white torture) tem sido usada como método de tortura das polícias políticas de inúmeros países totalitários há décadas. Os presos são colocados em salas sem janelas, pintadas de branco e iluminadas com luzes brancas, permanentemente ligadas. O efeito é devastador. Mentalmente confusos por não terem noção do dia e da noite, acabam confessando o que seus algozes querem.

As corujas, as lagartixas, os tuco-tuco e outras espécies que habitam as dunas de Imbé estão sendo submetidas a este tipo de tortura: de hábitos noturnos - dormem de dia e à noite se alimentam e procriam - não têm mais a escuridão da noite.

A prefeitura instalou um sistema de iluminação por lâmpadas led que emitem luz branco azulada, iluminando tanto as ruas como o calçadão, as dunas e a praia. 

Dunas ao longo do calçadão de Imbé: quando escurece, sensores ligam as lâmpadas dos postes.

Holofotes clareiam as dunas e a praia.

RIO TRAMANDAÍ E LAGOAS

 

PESCADORES NO RIO TRAMANDAÍ

 

KITESURFER

 

Imbé/RS

IBISCOS

 

LA NAVE VA

Imbé/RS

O LITORAL E A MÍDIA

 

Esquecido pela mídia de Porto Alegre de março a dezembro - com exceção dos casos de polícia ou acidentes - , é no verão que o litoral gaúcho consegue espaço para mostrar suas atrações, novidades e, por que não, seus problemas.

Na década de 1980 os jornais, rádios e tevês instalavam equipes em Tramandaí, Capão ou Torres e faziam uma cobertura satisfatória, à altura da multidão que a cada verão se muda por dias ou semanas para uma das praias.

Os custos, o baixo retorno comercial, as equipes de reportagem cada vez mais reduzidas e o desinteresse dos editores fizeram com que hoje as matérias fiquem reduzidas a "abobrinhas".

Neste verão o grande assunto é a ameaça de contaminação das águas das lagoas da bacia dom rio Tramandaí. Não há outra fonte de água potável na região. A Corsan-Egea está concluindo, ou já concluiu, uma tubulação de oito quilômetros para despejar os efluentes de sua estação de tratamento de Xangrilá num ponto do rio Tramandaí próximo a Imbé, alegando, inocentemente, que são limpos, limpíssimos. Só não explica por que, nesse caso, não despeja os efluentes lá mesmo, de preferência no mar.

A Justiça ainda não decidiu se acata os pedidos das prefeituras de Imbé e Tramandaí para que o projeto seja barrado, como exige a população dos 18 municípios abastecidos pelas águas das lagoas.

Com o apoio da mídia, certamente os defensores do meio ambiente teriam mais chances de encarar a poderosa multinacional que comprou a Corsan e, até agora, está tranquila na parada.

O BOTO, SÍMBOLO DE IMBÉ

 

O boto, mamífero aquático que frequenta a barra do rio Tramandaí, foi escolhido como símbolo do município de Imbé, quando este se emancipou, em 1988. Em 1990 foi inaugurada uma escultura que simbolizava o novo município, colocada junto à barra do rio: uma obra de arte em três dimensões, de três metros de altura e cinco de largura, criação da consagrada artista plástica Cláudia Stern, antiga veranista em Imbé. Passou a fazer parte do patrimônio histórico da cidade (foto acima). 

Na manhã de 27 de dezembro de 2022, a escultura foi demolida pela prefeitura. Virou entulho. Deu lugar a mais uma vaga de estacionamento dos carros.

Em dezembro de 2024, uma placa anunciava que uma nova escultura substituiria a que foi demolida, na praça Lourdes Rodrigues, a 100 metros da original.  A obra, que custou R$ 56 mil,  foi concluída no início de janeiro. Mesmo deslocada da foz do rio e separada do mar por uma avenida, pode ser novamente apreciada.

DUNAS

 

IMBÉ/RS