Numa noite de inverno, há alguns anos, encontrei num bar do Arraial da Ajuda, Bahia, um grupo de nativos. Bebiam conhaque com mel (para aquecer) e reclamavam da "baixa": frio, poucos turistas, trabalho e dinheiro escassos. Soou estranho a quem escolhe os meses de menos calor e preços mais baixos para ir em férias para o nordeste.
Para aqueles que moram nas praias quase desertas do sul do país, a baixa temporada são oito meses de solidão, vento, frio e chuva. Pedreiros, eletricistas, pequenos comerciantes e outros trabalhadores que durante o verão trabalham sem descanso para atender a tantos clientes são obrigados a fazer malabarismos para sobreviver. Bares, lojas e outros estabelecimentos comerciais fecham. É preciso ter cabeça fria e um orçamento rígido para resistir até a chegada do verão seguinte. É a baixa.
Repórteres de jornais, rádios e tevês só aparecem caso ocorra algum assassinato escabroso ou acidente que mereça destaque. O alcoolismo e as drogas rondam as famílias.
Como disse uma moradora: "aqui na praia, no inverno, todo mundo toma calmante."
2 comentários:
Voltem pra civilização, mas vão pra um apto, nada de casa! No fundo, no fundo, não ser assaltado é uma questão de sorte. E não pode ostentar riqueza de nenhum tipo. Meu carro continua todo arranhado e lavo ele duas vezes por ano. Sempre manter um "low-profile" Vivemos numa selva, temos que fingir que somos rinocerontes para não atrair os leões.
Tá certo, mas não acho que viver acuado, como dizes, na selva, é estar na civilização. Melhor, então, seria emigrar para uma cidade civilizada - Montevidéu, por exemplo - onde há um mínimo de respeito pelo ser humano. Um abraço
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