terça-feira, 28 de julho de 2009

MALANDRO OU MANÉ?

Os malandros - aqueles caras que levam a vida numa boa, ganham grana sem muito esforço, aprontam e se dão bem, casam com loiras lindas, não levam nada a sério, nunca perdem a pose - são vistos com admiração e até inveja pelos manés - caras tímidos, inseguros, feios, que casam com a namorada do bairro e ganham a vida ralando em empregos meia-boca.
No Rio de Janeiro, malandragem é religião. Todo carioca é ou se acha malandro, mesmo que more no Grajaú e venha à praia de Copacabana de busão.
Romário é um dos símbolos mais perfeitos do malandro: carioca, jogador talentoso, bonitão, gozador, se deu super bem fazendo o que gostava, sem abrir mão das farras, do futevôlei na Barra, do pagode regado a cerveja na companhia dos incontáveis amigos. Comprou carrões, apartamentões, namorou e casou com loiras, e durante décadas tem sido paparicado pelos jornalistas esportivos de todo o mundo.
Até aí, tudo ótimo. Seria natural que um dos melhores atacantes da história do futebol tivesse aprendido a lidar com a fama e a fortuna.
Mas desde que parou de jogar, Romário tem se mostrado um verdadeiro mané. Qual é o malandro que, em fim de carreira, torra 500 mil reais num Hummer, tanque de guerra transformado em camionete, quando até os bilionários norte-americanos estão se desfazendo dessas máquinas mastodônticas? Como é que deixa de pagar impostos, taxas e dívidas de uma cobertura de nove milhões e acaba perdendo o imóvel para os credores? E que vai para a cadeia por problemas com a pensão alimentícia dos filhos? Agora Romário sonha em sair do buraco com a venda de um livro sobre a sua vida. Ninguém disse a ele que no Brasil apenas Paulo Coelho ganha dinheiro com suas obras?
Romário é uma vergonha para a "classe" dos malandros.
Por ironia, o tenista Guga Kürten, o mais conhecido mané do país, encerrou sua carreira com brilho e agora, rico, se dedica a curtir a vida.
Guga, o mané da ilha dos manés, é, sim, o verdadeiro malandro.


2 comentários:

Emanuel disse...

Pô, Clovis! Sem comentários.
Ou melhor, à moda do Fraga: clap, clap, clap!
Abração.

Clovis Heberle disse...

Meu amigo,
uma plauso teu soa para mim como o de um Maracanã lotado!!!!

Abraços